Escrito por: Rogério Hilário, com informações do MST
Dezenove trabalhadores e trabalhadoras rurais sem-terra foram brutalmente assassinados pela Polícia Militar do Pará, e centenas ficaram feridos. A tragédia ficou conhecida como o massacre de Eldorado do Carajás
Dia 17 de abril de 1996, 19 trabalhadores e trabalhadoras rurais sem-terra foram brutalmente assassinados pela Polícia Militar do Pará, e centenas ficaram feridos. A tragédia ficou conhecida como o massacre de Eldorado dos Carajás.
O massacre ficou tão conhecido que se tornou uma data símbolo da luta pelo direito à terra, por estruturas dignas de trabalho e moradia. Mesmo 27 anos depois, os conflitos no campo seguem intensamente. Por isso, neste dia 17 de abril, destacamos a luta do povo do campo e pela reforma agrária.
Pelo direito à terra, à moradia, ao trabalho e à vida com dignidade. Seguiremos na luta pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais e para o cumprimento da Constituição Federal: o estado precisa garantir que a terra cumpra a sua função social.
Jornada de Luta
Com o lema “Contra a fome e a escravidão: por Terra, Democracia e Meio Ambiente!”, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) iniciou nesta segunda-feira (17) a Jornada Nacional de Luta pela Terra e pela Reforma Agrária.
A Jornada acontece em todo o país, de 17 a 20 de abril, com ocupações de terras improdutivas, marchas, vigílias, ações de solidariedade e a realização de acampamentos pedagógicos de formação, envolvendo as famílias assentadas e acampadas nas cinco regiões do país. As ações têm como objetivo reafirmar o compromisso da luta contra a fome, a escravidão, todas as formas de opressão e violência, trazendo para o centro da luta política a questão do acesso à terra e da Reforma Agrária.
Ceres Hadich, da direção nacional do MST, afirma que a Jornada é uma ferramenta de pressão e denúncia contra as violências no campo e as grandes concentrações de terra no Brasil. “Fazemos a jornada para que não se esqueçam do massacre de Eldorado dos Carajás e que o Brasil é o país do latifúndio, com o maior índice de concentração de terras. A reforma agrária é uma dívida histórica com os povos do campo”, explica.
A desapropriação de terra é um tema central na Jornada. Hadich conta que um dos objetivos das lutas é que o governo dê uma sinalização de que vai atender a demanda das famílias acampadas e assentadas. “Queremos que o Ministério do Desenvolvimento Agrário [MD] apresente medidas concretas e um cronograma de ações para os quatro anos.”