Escrito por: Rogério Hilário

Aposentadas e aposentados se unem em dia de luta por direitos e conquistas em BH

Manifestação do Dia Nacional dos Aposentados de várias categorias tem como temas revogação das reformas trabalhistas e da Previdência e direito a paridade e integralidade para servidoras e servidores públicos

Rogério Hilário

Aposentadoria é um direito social; pela manutenção da paridade e integralidade para servidoras e servidores públicos; pela revogação das reformas trabalhista e da Previdência; direito à saúde. Estas foram as pautas defendidas no Ato do Dia Nacional de Aposentadas e Aposentados realizado na tarde de terça-feira, 24 de janeiro, na Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte. A manifestação, organizada pelas centrais CUT/MG, CTB, CSP Conlutas, contou com participação de diversas entidades de diversas entidades no dia em que a Previdência Social universal completou 100 anos.

Para os manifestantes, a Reforma da Previdência precisa ser revista para que trabalhadoras e trabalhadores recuperem direitos perdidos. E denunciaram que, sem a revogação da Reforma Trabalhista, os jovens não vão se inserir no mercado de trabalho e nem conseguirão se aposentar. E também protestaram contra o descumprimento da lei de paridade entre ativos e a lei do piso salarial pelo governador Romeu Zema e pelo prefeito de BH, Fuad Noman. Eles cobraram, também, respeito àqueles que ajudaram a construir as riquezas do país, melhorias dos benefícios das aposentadorias do INSS, da prefeitura e do governo estadual.

“Estamos aqui neste ato e em mais um dia de luta da classe trabalhadora. Num dia em que a Previdência Social completa 100 anos. Tivemos uma vitória com a revogação da privatização dos Correios e da Petrobras. Temos, no entanto, muitas lutas pela frente. E uma delas é pela revogação das reformas trabalhista e da Previdência. Depois de sofrermos seis anos, desde o golpe e com a desastrosa gestão anterior, temos a oportunidade de diálogo com o novo governo e de revogar as reformas e de conquistarmos leis que possam ajudar as pessoas que estão no mercado de trabalho, para que tenham uma aposentadoria digna. Que deem a trabalhadoras de aplicativos ou desempregados uma cobertura previdenciária. Com Lula no governo, o momento é propício e precisamos dialogar e negociar para recuperarmos o que perdemos e, também, lutar por mais conquistas”, afirmou Jairo Nogueira Filho, presidente da CUT/MG.

“Faço uma saudação a aposentadas e aposentados do Estado, da Prefeitura de BH, dos Correios, da Petrobras, dos jornalistas, de muitos setores. E temos aqui também os que não se aposentaram. Da luta o aposentado não se retira. Venho dizer que temos um problema também dos aposentados com relação ao governo de Minas Gerais. O governador Zema ingressou na Justiça com um pedido de inconstitucionalidade da lei 21.710, que garante o direito a reajustes do piso para quem se aposentou com paridade na rede estadual. Ele quer retirar os direitos de aposentadas e aposentados da rede estadual de ensino aos reajustes do piso salarial profissional nacional. Os profissionais que dedicaram sua vida ao Estado, toda sua vida profissional à sala de aula, estão sendo prejudicados pelo governo”, protestou Denise de Paula Romano, coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação (Sind-UTE/MG).

“O governo não prejudica apenas os inativos. Zema penaliza também os que estão na ativa. Não investe os 25% da receita do Estado em educação, não cumpre a lei 21.710, não fez o rateio do Fundeb. A aposentadas e aposentados o nosso abraço e o compromisso de luta para garantir que nossos direitos não sejam retirados. Para garantir que a vida dedicada à educação, à escola pública aqui em Minas Gerais não seja jogada na lata do lixo como quer o governador Romeu Zema”, afirmou Denise Romano.

“Quero parabenizar vocês pela luta histórica, porque se hoje em tenho direitos e posso usufruir deles, eu tenho que agradecer a cada aposentado e aposentada que lutou no passado para conseguir o que eu desfruto hoje. Quero dizer que nós estamos ombro a ombro com a luta de aposentadas e aposentadas deste país. É um crime o que fizeram com a reforma da Previdência. E nós temos que lutar, como disse o companheiro Jairo, agora da eleição do companheiro Luta, nós temos que exigir a revogação da reforma da Previdência. Nós trabalhamos muito para poder discutir, para derrotar o fascismo. E nós derrotamos nas ruas. Agora, precisamos nos organizar e levar ao governo todas as nossas reivindicações. Lula vai precisar da força de trabalhadoras e trabalhadores da ativa e aposentados nas ruas, para poder a pressão e mudar a correlação de forças. Vai ser como sempre a classe trabalhadora fez. Vai ser lutando, vai ser nas ruas. E precisamos de aposentados, aposentadas, pessoas da ativa, trabalhadores de aplicativos, os sem direitos, terceirizados, quarteirizados para formar um grande bloco e lutar pelos direitos da classe trabalhadora”, disse Robson Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios e Telégrafos e Similares de Minas Gerais (Sintect/MG).

“Uma faceta do racismo estrutural, uma das mais cruéis, é a aposentadoria dos negros. Sindicatos e outras entidades não podem deixar de incluir em suas pautas a situação dos aposentados no mundo do trabalho. Desde 1988, com a famigerada ‘libertação’, de lá pra cá nós negros estamos pagando a conta. Na realidade, temos as menores remunerações, não estamos nos melhores cargos e não recebemos salários que nos proporcionem uma aposentadoria digna. O racismo estrutural nos exclui das melhores oportunidades no mundo do trabalho. E é isso que precisamos lutar para mudar”, disse José Carlos Souza, do Movimento Negro Unificado (MNU).

“Estamos aqui, especialmente, para conversar com os mais jovens. Muitos deles não acreditam que vão, um dia se aposentar. Isso hoje, infelizmente, é uma realidade. Trabalhei 41 anos, a maior parte deles na Cemig. Dificilmente os mais jovens conseguiram uma carreira como a minha. Os eletricitários já têm uma comissão de aposentados. Eu proponho que chamemos outras entidades e as centrais para criar uma ampla comissão de aposentados. Poucas foram as vezes, nos últimos governos, que se valorizaram os aposentados. As reformas, em sua maioria, foram instituídas para retirar direitos. Apenas a Constituição de 1988 propôs o reajuste anual. É importante fortalecer nossa luta, trazer mais gente para ela. As centrais poderiam se unir em um encontro de aposentados para dialogar com o governo sobre esta pauta tão importante”, afirmou Arcângelo Eustáquio Torres Queiroz, presidente da Associação dos Beneficiários da Cemig Saúde e Forluz (ABCF).

Antonieta Shirlene Mateus, representante da CTB, defendeu que para a classe trabalhadora, ativa e inativa, é fundamental continuar nas ruas para lutar pelos seus direitos. “Nós, trabalhadoras e trabalhadores, aposentadas e aposentados, temos que estar sempre nas ruas para que o governo Lula tenha força política para revogar as leis trabalhistas e previdenciárias que prejudicam tanto a classe trabalhadora. Só com este apoio popular o governo poderá fazer o revogaço que reivindicamos. A CTB e o Sinpro Minas estão há muito tempo nesta luta de trabalhadoras e trabalhadores, aposentadas e aposentados. Lutamos sempre pela valorização do trabalho e da renda. E por uma aposentadoria digna para todas e todos.”

“CUT, CTB e CSP Conlutas e outras entidades construíram este ato. Mas temos que ampliar a representatividade com outras centrais e entidades, para levarmos as pautas de aposentadas e aposentados e dar continuidade a esta luta. Sind-Rede e Sind-UTE têm coletivos de aposentados. E avisamos ao Fuad (Noman, prefeito de Belo Horizonte) e ao Zema: nos aguarde. Que da luta ninguém se aposenta”, afirmou Mônica Maria dos Santos, filiada e militante do Sind-Rede/BH e do Sind-UTE.