Escrito por: Rogério Hilário, com informações da CUT, Sindicato dos Bancários de BH e Região e Contraf-CUT

Ato em BH da “Jornada de mobilização contra a política monetária do Banco Central"

CUT/MG, centrais, sindicatos, movimentos sociais e populares se unem na capital mineira em manifestação com a alta de juros, com concentração em frente à sede do BH e marcha até a Praça Sete

Rogério Hilário

Centrais sindicais, sindicatos e movimentos populares se uniram à Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT) para a  “Jornada de mobilização contra a política monetária do Banco Central”, deflagrada na última sexta-feira, 16 de junho. Nesta terça-feira, 20 de junho, a Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), o Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, entidades sindicais e movimentos sociais promoverão ato, com concentração em frente à sede do Banco Central em Belo Horizonte - na avenida Álvares Cabral, 1.605 - a partir das 10 horas. Já às 11 horas terá início uma caminhada até a Praça Sete.

O movimento, que teve início nesta sexta-feira, 16 de junho, visa mostrar à sociedade que a manutenção da taxa de juros (Selic) nas alturas prejudica a economia e a criação de empregos, além de aumentar o endividamento da população. Nos dias 20 e 21, o Copom volta a se reunir para definir a taxa de juros para o próximo período.

Um tuitaço com as hashtags #jurosbaixosja e #ForaCamposNeto já ocorreu nesta sexta-feira (16), às 8 horas, e outro está programado para o mesmo horário no dia 19. Participe com as hashtags #JurosBaixosJá e #ForaCamposNeto

Banco Central insiste em juros altos

Mesmo com a inflação em baixa e a economia prometendo crescer mais que as previsões, o BC persiste na política de juros altos e estrangulamento da economia. Durante a gestão do atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, a taxa passou de 2% (janeiro de 2021) para 13,75% ao ano (agosto de 2022), o que se mantém até agora.

“Não se sustenta o argumento que parte do princípio de que a maior parte da inflação no país é composta porque a população está gastando muito, ou seja, pela demanda. O consumo vem caindo entre a população e empresas. Na verdade, o que tem aumentado para esses grupos são os gastos com contratos de empréstimos e com cartões de crédito, que têm os juros cada vez maiores por causa da elevada Selic”, explicou a economista da subseção do Dieese na Contraf-CUT, Vivian Machado.

Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e, portanto, herança maldita deixada pelo governo anterior, Roberto Campos Neto ignora todo o esforço e trabalho exitoso que vem sendo feito pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que tem mês a mês, conseguido reduzir os índices inflacionários. O IPCA, que mede a inflação oficial, no mês de maio ficou em 0,23%, índice menor que os 0,61% de abril e que soma 3,94 % em 12 meses. É o menor em três anos.

O resultado desta política nefasta é diretamente sentido pela população brasileira. Em três pontos fundamentais, pode-se desenhar qual é o tamanho do estrago causado à classe trabalhadora – e também a empresas – por aquilo que o movimento sindical e movimentos populares consideram um boicote ao governo Lula.

1 – Aumentam as dívidas dos brasileiros

Quem tem dívidas a pagar é penalizado com o abuso de cobrança de juros, já que a Selic é taxa de referência para o sistema financeiro. Ou seja, quanto mais alta a taxa definida pelo Banco Central, mais as instituições financeiras aumentarão os juros praticados em linhas de crédito, como financiamentos, empréstimos, cartão de crédito, até mesmo as prestações da casa própria.

Com isso o nível de endividamento, que já bateu recorde em 2022, tende a aumentar ainda mais. Os brasileiros não estão conseguindo pagar suas contas e continuarão tendo dificuldades caso a taxa não baixe. Para a economia, a consequência é menos dinheiro para o consumo, menos produção e menos empregos.

2 – Renegociações impraticáveis

O parcelamento de dívidas, com jutos altos, se torna inviável aos brasileiros e brasileiras, cuja renda já é apertada para o orçamento doméstico e as necessidades básicas, como a saúde, por exemplo. Se o brasileiro tem uma dívida e tenta renegociar, quitar suas dívidas e sair da inadimplência, acaba se deparando com taxas exorbitantes. Os juros acabam ficando tão caros como se fosse uma promoção às avessas – “compre um e pague dois”.

Em muitos casos, apenas os juros cobrados podem chegar a mais de 50% do valor do bem comprado ou do valor renegociado. E, neste caso, se torna uma bola de neve, uma dívida sem fim em que a solução são parcelas em um ‘sem número’ de vezes.

3 – Desemprego

Como já citado, se não há emprego, não há renda e sem renda, o trabalhador deixa de comprar. Com a produção encalhada, a solução que empresas encontram é deixar de produzir, demitir trabalhadores e muitas até mesmo fecham as portas. Desta forma a economia não roda e o país acaba caminhando para a recessão.

Recentemente, uma das mais conceituadas empresárias do país, a presidente do Magalu, Luiza Trajano, fez um apelo a Campos Neto para baixar a taxa de juros, lembrando a ele que muitas empresas já foram extintas e que o setor não ‘suporta mais’ essa política monetária. 

Banco Central independente

O Banco Central se tornou independente do governo federal por causa de uma decisão de Bolsonaro, com aval e aprovação do Congresso Nacional em 2021. Por isso, o atual governo, não tem gerência sobre as decisões da instituição.

Roberto Campos Neto se mantém intransigente e sem atentar para a nova realidade do país e para as ações positivas do governo Lula que têm baixado a inflação. Portanto, para a CUT, centrais e para os movimentos populares, não há nenhuma justificativa para penalizar o Brasil mantendo a taxa em 13,75%.