Escrito por: Rogério Hilário

Ato em Defesa da Democracia toma as ruas de Belo Horizonte

Protesto é uma resposta às ações terroristas de bolsonaristas golpistas em Brasília e une centrais sindicais, movimentos sociais, parlamentares e torcidas organizadas

Rogério Hilário

Centrais sindicais, movimentos sociais e representantes de partidos políticos se uniram na noite desta segunda-feira, 9 de janeiro, em Belo Horizonte, em Ato em Defesa da Democracia. A manifestação, realizada também em outras cidades do interior mineiro e em outras capitais, foi uma resposta e um protesto contra as ações de terrorismo e ações violentas que bolsonaristas golpistas, inconformados com a derrota na eleição presidencial de 2022, fizeram em Brasília no domingo (8), para instalar o caos e o pânico no país e forçar uma intervenção militar (golpe). Na verdade, pediam a ruptura do estado democrático de direito e o retorno de Jair Bolsonaro ao governo.

Os terroristas, com a convivência e a leniência do governo do Distrito Federal, cujas forças de segurança pouco fizeram para impedir as ações, invadiram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e setores do Palácio do Planalto, depredaram o patrimônio público, inclusive símbolos nacionais e obras de artes, e roubaram armas e presentes que parlamentares e presidentes receberam de chefes de Estado de outros países. Banditismo puro e simples, que precisa ser punido exemplarmente.

Além de repudiar a invasão e depredação das sedes do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto, as manifestações também reivindicam a punição dos responsáveis diretos e indiretos pelos atos e o respeito ao resultado das eleições que consagraram Lula (PT) presidente do país. Palavras de ordem contra o ataque terrorista foram entoadas pelos manifestantes, como "sem anistia, sem perdão. Bolsonaro e seus golpistas na prisão" e "sem terrorismo, não dá pra passar pano para o fascismo".

Apesar das chuvas, milhares de pessoas participaram do ato, marcado pela diversidade e que teve concentração na Praça Sete, com marcha até a Praça da Estação. O protesto, convocado na noite de domingo e organizado em debate pela manhã desta segunda-feira na sede da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), foi coordenado pelo presidente da CUT/MG, Jairo Nogueira Filho; secretária-geral da Central, Lourdes Aparecida de Jesus; e a presidenta da CTB, Valéria Volpato, presidenta da CTB, Valéria Volpato.

Estiveram presentes na manifestação a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) e a  artista visual Daru Tkuna, que foi à manifestação representando Célia Xakriabá (Psol), primeira deputada federal indígena eleita por Minas Gerais. Também estiveram no ato torcidas organizadas Corinthians de Belo Horizonte, a Resistência Alvinegra, do Atlético, a Resistência Azul Popular do Cruzeiro e a torcida organizada do América.

“Parabéns à galera que organizou de ontem para hoje para fazer este ato maravilhoso. Demos uma resposta ao que aconteceu em Brasília. E deixamos claro que a gente não vai sair das ruas. As ruas nos pertencem e vamos continuar as nossas atividades. E é preciso lembrar que isso não para aqui hoje. A partir de amanhã, procure sua associação, seu sindicato, fortaleça o seu coletivo. Só assim o povo vai vencer a barbárie, o fascismo. Estaremos em todos os lugares, nas periferias, nos locais de trabalho. Vamos remontar as tendas da democracia”, afirmou Jairo Nogueira Filho.

“Em menos de um dia nós, as centrais, os movimentos sociais e partidos políticos, construímos atos em todo o país para dar uma resposta imediata ao terrorismo, aos bolsonaristas golpistas, cuja barbárie ficou escancarada domingo em Brasília. Estamos em um ato maravilhoso, apesar da chuva. Não permitiremos que estes fascistas joguem no lixo a vontade do povo brasileiro, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva, e destruam a democracia. Seguiremos mobilizados, nas ruas, unidos em defesa do estado democrático de direito, uma conquista que custou a vida de milhares de brasileiros durante a ditadura militar, e de um governo legitimado pelas urnas. Vamos acumular ainda mais forças para combater os antidemocratas. Exigimos que todos sejam punidos, os terroristas e seus financiadores. Sem anistia. Democracia sempre”, disse Lourdes Aparecida de Jesus.

A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) afirmou que serão entregues representações e denúncias contra "parlamentares que estiveram incitando, participando e que estão ao lado do golpismo.  É inconcebível ter um mandato do povo, eleito democraticamente, e achar que o fascismo e a barbárie de ontem têm legitimidade."

O diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Carlos Motta Dias, presente no protesto, lembrou que, em 24 horas, nove profissionais da imprensa foram agredidos por bolsonaristas. Os ataques aconteceram no acampamento que ocupou durante mais de dois meses a Avenida Raja Gabaglia, em frente à 4ª Companhia do Exército, em Belo Horizonte, e durante as ações terroristas em Brasília. “Não estamos parados e iremos à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ao Ministério Público (MPMG). Em nome dos que morreram durante a ditadura militar, somos contra qualquer tipo de anistia”, disse o jornalista.

Outros atos serão organizados em Belo Horizonte e no interior do Estado, porque, no entendimento dos presentes na reunião na sede da CUT/MG, a luta será permanente e será preciso manifestações de rua constantes para o enfrentamento e isolar os bolsonaristas da sociedade brasileira. Para isso, foi sugerida e aprovada a criação de uma frente permanente de defesa da democracia.