Escrito por: Sindibel

Ato em homenagem ao técnico de enfermagem Gerônimo Batista Pires

Servidores levaram faixas e cartazes denunciando o descaso do poder público com a saúde dos trabalhadores e lembraram sobre a história do técnico de enfermagem no local

Sindibel

Trabalhadoras e trabalhadores da Saúde prestaram uma homenagem, nesta terça-feira, dia 28, ao técnico de enfermagem Gerônimo Batista Pires, primeiro servidor da Saúde vítima da Covid-19 na rede SUS BH. Além de Gerônimo, o ato lembrou os demais trabalhadores da linha de frente ao coronavírus e às vítimas que já morreram durante a pandemia.

Na UPA Barreiro, colegas de trabalho de Gerônimo e membros do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Belo Horizonte (Sindibel), em manifestação que contou com a presença do presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), Jairo Nogueira Filho, fizeram um minuto de silêncio em frente à unidade. Os servidores levaram faixas e cartazes denunciando o descaso do poder público com a saúde dos trabalhadores e lembraram sobre a história do técnico de enfermagem no local.

Dentre as faixas, uma carregava os dizeres "UPA Gerônimo Batista Pires". A proposta, que será encaminhada pelo Sindibel após sugestão de uma servidora da unidade, é que a UPA Barreiro passe a ter o nome de Gerônimo, em homenagem ao técnico de enfermagem.

Durante o ato, trabalhadores se emocionaram e fizeram orações em memória do técnico de enfermagem. Moradores e usuários da UPA Barreiro também participaram e relataram sua tristeza com a passagem de Gerônimo.

Em outras unidades de saúde, trabalhadores também fizeram o minuto de silêncio em homenagem a Gerônimo Batista Pires.

Gerônimo era técnico de enfermagem da UPA Barreiro e faleceu aos 53 anos no dia 26 de julho, após três semanas no CTI. Trata-se do primeiro profissional da Secretaria Municipal de Saúde de BH falecido pela Covid-19.

A morte trouxe indignação a trabalhadoras e trabalhadores do SUS-BH, pois Gerônimo estava no plantão caótico da UPA Barreiro no domingo, 28 de junho, quando oito pacientes com suspeita de Covid-19 aguardavam CTI por mais de 12 horas,  com apenas dois respiradores mecânicos e uma sala de emergência com seis leitos.

Nos últimos 27 dias houve um aumento de 121% de contaminação pelo coronavírus de trabalhadoras e trabalhadores da saúde. Estes profissionais que estão adoecendo e até morrendo com Covid-19 sofrem com baixos salários e recebem apenas R$ 71 por mês a título de adicional de insalubridade. Além disso, tiveram seus salários congelados pela lei federal que congela salários até 31/12/2021.

Contudo, em nenhum momento, trabalhadoras e trabalhadores deixaram de cumprir com sua responsabilidade para tentar salvar vidas. O Sindibel continuará cobrando da Prefeitura melhoria das condições de trabalho para servidoras e servidores da saúde, mas questiona, sobretudo, a falta de ação do governo do Estado, que implantou hospital de campanha sem leitos de CTI. O hospital só atende pacientes estabilizados e por isso continua vazio, enquanto as UPAs estão sobrecarregadas. O Sindibel cobra ainda a falta de coordenação de esforços de combate à Pandemia do Ministério da Saúde.

Nenhuma vida a menos. Na luta contra a Pandemia, a responsabilidade é de todos.