Escrito por: Rogério Hilário

Ato Simbólico em BH denuncia genocídio que vitimou quase 100 mil pelo Covid-19

Manifestação na Praça da Estação fez parte do Dia Nacional de Lutas em Defesa da Vida e dos Empregos

Rogério Hilário

Em Ato Simbólico realizado na manhã desta sexta-feira (7), movimentos sindical, sociais, populares e lideranças políticas disseram não ao genocídio em curso em Minas Gerais e no Brasil que provocou, até o momento, quase 100 mil mortes por Covid-19. Organizado e coordenado pela Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), o Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Belo Horizonte (Sindibel), o protesto aconteceu na Praça da Estação, Região Central da capital mineira. Os manifestantes homenagearam as quase 100 mil pessoas que morreram pelo Covid-19 e denunciaram o descaso do governador Romeu Zema e do governo de Jair Bolsonaro com a saúde pública e com os trabalhadores da saúde e, por isso, o dia foi de luto, pela vida de milhares de brasileiros, e de luta.  Na atividade, que fez parte do Dia Nacional de Lutas em Defesa da Vida e dos Empregos, foram respeitadas todas as normas sanitárias, para evitar a contaminação, observando o distanciamento e usando máscaras, de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Além de faixas com “Fora Zema”, “Fora Bolsonaro” e outros temas, mil cruzes foram colocadas na Praça para lembrar as vítimas da Pandemia de Coronavírus em todo o Brasil. O Sindibel levou ao ato o lema “Nenhuma vida a menos”.

Além da ineficácia no combate à doença por Romeu Zema e Jair Bolsonaro, que adotam políticas genocidas, trabalhadores os trabalhadores chamaram a atenção para o descaso com os servidores da Saúde, que ficam na linha de frente de enfrentamento. No último dia 30 de julho, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou que apenas um em cada três profissionais de Saúde foram testados pela doença no Brasil, e que apenas 32% dos agentes comunitários de saúde receberam equipamentos de proteção individual de forma adequada.

Os números afetam ainda mais os servidores, que têm relatado um medo cada vez maior à realidade da doença. Segundo a FGV, 89% dos agentes comunitários de saúde estão com medo da Covid-19. Entre os profissionais da enfermagem, 83% relataram medo. O índice de temor é de 79% entre os médicos e 86% nos demais profissionais da área.

No Brasil, há um apagão de dados de trabalhadores da Saúde que morreram pela Covid-19. Em junho, dado mais atualizado pelo Ministério da Saúde, 169 trabalhadores já tinham morrido pelo Sars-Cov-2 no Brasil, e o país já era o líder nesta triste estatística. De lá para cá, o governo federal sequer atualizou os dados. Em Belo Horizonte, já são 403 profissionais infectados e uma morte, do técnico de enfermagem Gerônimo Batista Pires, que morreu no dia 26 de julho. Ele era lotado na UPA Barreiro. Gerônimo foi homenageado no ato desta sexta-feira (7).

“O ato simbolizou, infelizmente, o número de pessoas que perderam a vida por conta deste vírus e pela irresponsabilidade, tanto pelo governo federal, representado por Bolsonaro, tanto pelo governo do Estado, representado por Zema, que não fizeram nenhuma ação efetiva desde março, quando a Pandemia chegou ao Brasil. Estamos aqui no nosso protesto, entendendo que a única solução para esta Pandemia é o isolamento social, o distanciamento social. Somos contrários à abertura do comércio feita em Belo Horizonte, por entender que isso pode trazer uma sensação de normalidade, que não é real. Estamos na crescente da doença e o momento não é de abrir o comércio. O momento seria dos governos estadual e federal darem auxílio aos micro e pequeno empresários para que ele tenha condições de manter seu comércio fechado enquanto durar a Pandemia. Estamos aqui, da CUT Minas, contra a abertura do comércio e em memória ás vítimas da Covid-19 no Brasil”, declarou o presidente da CUT/MG, Jairo Nogueira.

“Na semana em que está chegando ao absurdo de 100 mil brasileiros mortos. E entre os 100 mil, mais de 500 profissionais da saúde, o Sindibel, junto com a CUT e outras entidades, promovemos um ato de homenagem a todas as vítimas deste genocídio. E,  ao mesmo tempo, um ato de protesto, pelas condições de trabalho dos profissionais de saúde. E também contra o Ministério da Saúde que, há dois meses, oficialmente deixou de atualizar os dados dos profissionais que estão perdendo a vida. Ato de homenagem e de luta. Nosso lema é ‘Nenhum direito a menos, nenhuma vida a menos’”, afirmou o presidente do Sindibel, Israel Arimar.

“Lamentamos as mortes de cerca de 100 mil pessoas. E o governo federal é o maior responsável por tantas mortes. Pobres, negros e mulheres são as maiores vítimas da Pandemia. Não são apenas números, têm famílias, pais, familiares, amigos. É uma vergonha o que vem acontecendo no Brasil e em Minas Gerais. Não há compromisso com a saúde pública, com a população. Continuaremos na luta por todos e todas e nos solidarizamos com as famílias das vítimas e lutaremos pela manutenção do isolamento social e pelas vidas de todas as pessoas”, disse Denise Romano, coordenadora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG).

“Nos unimos aqui hoje contra o genocídio que está em curso no país e tem representante em Minas Gerais. O governo de Romeu Zema não fez os testes necessários e o número oficial de casos deixa claro de que não há transparência na divulgação do número real de contaminados e de mortes. Além disso, não aparelhou adequadamente o Sistema Único de Saúde (SUS). O governo fica do lado da Fiemg, não tem compromisso com a proteção da população e tem contribuído para o genocídio. Não é um governo a serviço da vida e, sim, da morte. E usa a Pandemia para tentar aprovar outra política de morte, que é a reforma da Previdência”, afirmou a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT).

“Assim como Beatriz falou, os governos estadual e federal não estão comprometidos com políticas públicas para defender a vida. O governo se evidencia como genocida quando quase 100 mil pessoas morrem. E o governo não tem planejamento, metas ou orçamento. É um desprezo total com as vidas das pessoas. Nós, do Sindicato dos Bancários, lutamos desde o início da Pandemia pelos direitos e as garantias da categoria. Parabenizamos a CUT e todos as entidades pela organização desta manifestação, que é muito importante para dialogar com a população e denunciar estas políticas de morte”, disse Ramon Peres, presidente do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região.

“Hoje, infelizmente, é um dia de luto. Mas, também, de luta. Precisamos denunciar que esta doença tem lado. E este lado é a periferia, os mais pobres, a classe trabalhadora. Ela afeta, e muito, a quem não pode ficar em casa. São os lixeiros, os profissionais da saúde, os motoristas de ônibus. E os petroleiros. No Espírito Santo, foram registradas 54 contaminações. A gerência da Petrobras, em Minas Gerais, se recusa a revelar o número de contaminados. Não estão preocupados com vidas, mas com a economia. A doença tem lado. E somos nós. A saúde tem que estar em primeiro lugar. Nossos mortos não vão voltar. Nós manteremos o país funcionando, mas com dignidade, respeito, segurança. Chegamos aonde não deveríamos se houvesse respeito e dignidade: 100 mil mortes. Nós recuperamos a economia, mas não podemos recuperar vidas”, declarou Alexandre Finamori, coordenador do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG).

“O capitalismo impõe a desigualdade até mesmo no isolamento social. Na favela, são dez ou mais pessoas dentro de uma moradia. Não tem como fazer o isolamento. Quem tem dinheiro vai sobreviver. Quem não tem vai morrer. Esta é a política genocida de Zema e Bolsonaro. E os dois ainda se aproveitam da Pandemia para passar um trator sobre servidoras e servidores públicos. E nós, dos Correios, entraremos em greve no dia 17. E contamos com o apoio das demais categorias em defesa dos serviços públicos e contra as privatizações. A empresa quer retirar todas as cláusulas da nossa convenção. Tem deputados do PSL dizendo que somos privilegiados. Precisamos nos unir para defender o serviço público como representante do povo brasileiro. Só com a unidade vamos barrar os retrocessos”, afirmou Robson Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios, Telégrafos e Similares de Minas Gerais (Sintect-MG).

“Além do Dia de Luto e de Luta de hoje, nos preparando para mais um Grito dos Excluídos, no dia 7 de setembro. Zema e Bolsonaro têm responsabilidade pelos 100 mil mortos. Acreditamos que os números sejam ainda maiores, por causa da subnotificação e porque muitos não foram testados. Defender a vida é a melhor herança que nós podemos deixar”, afirmou Soniamara Maranho, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e da Frente Brasil Popular Minas Gerais.

“Infelizmente, hoje é um dia de luto. Nós mulheres somos as mais afetadas pela Pandamia. Somos a maioria na força de trabalho que está na linha de frente do tratamento da Covid-19. Somos maioria na enfermagem. É preciso construir um projeto de lutas para derrotar estes governos. Fora Zema. Fora Bolsonaro”, disse Bernadete Monteiro, da Marcha Mundial de Mulheres.

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