Escrito por: Rogério Hilário

Bancárias e bancários lutam por direitos e denunciam a ganância dos patrões

Categoria realiza ato de protesto em frente ao Bradesco, em Belo Horizonte, um dia antes de nova rodada de negociação da Campanha Salarial de 2018

Rogério Hilário
Bancárias e bancários durante ato de protesto em frente a agência do Bradesco, no Centro de BH

 

Trabalhadoras e trabalhadores, organizados pelo Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, participaram, na manhã desta quarta-feira (18), de Ato público de protesto contra a ganância dos banqueiros e para defender a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e todos os direitos da categoria. A manifestação aconteceu em frente à agência do Bradesco, na Praça Alberto Deodato, entre as ruas da Bahia, Goitacazes e Goiás, no Centro da capital mineira, e fez parte da Campanha Salarial 2018, realizada nacionalmente e antecipada para julho.

A mobilização antecede mais uma rodada de negociação, que terá em pauta saúde e condições de trabalho, programada para esta quinta-feira (19), na Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), em São Paulo. Bancárias e bancários  realizarão outras manifestações na próxima semana, antes de mais uma reunião com os patrões, agendada para o dia 27. De acordo com a agenda de negociações, no dia 1° de agosto os banqueiros se comprometeram a apresentar uma proposta, que incluirá todos os itens. Depois disso, vão ser convocadas assembleias para avaliação da resposta às reivindicações. No ato desta quarta-feira (18), os dirigentes do Sindicato dos Bancários de BH e Região também dialogaram com os belo-horizontinos e denunciaram que os banqueiros foram um dos maiores financiadores do golpe, que atualmente castiga a classe trabalhadora e a população.

Diante das graves ameaças em consequência da reforma trabalhista, é fundamental que todos estejam mobilizados para pressionar os bancos e cobrar que atendam às reivindicações da categoria. “Todos os direitos que temos hoje são fruto de muita luta, resistência e unidade. Nossa campanha nacional unificada e a mesa única de negociação garantiram importantes avanços e a construção da Convenção Coletiva de Trabalho válida para todos os bancários do Brasil. Temos que ocupar as ruas em defesa de nossos direitos. Essa luta é de todos nós”, afirmou a presidenta do Sindicato dos Bancários de BH e Região, Eliana Brasil.

Apesar de acumular lucro superior a R$ 77 bilhões em 2017, os cinco maiores bancos do país fecharam 17.905 postos de trabalho no ano passado. Desta forma, o atendimento aos clientes torna-se a cada dia mais precário e a redução do quadro de pessoal provoca sobrecarga de trabalho para bancárias e bancários, com estresse, adoecimento e, mesmo, suicídios. As demissões ainda contribuem para o aumento da taxa de desemprego no país. As tarifas bancárias foram reajustadas em mais de 25%, acima da inflação, e os juros são exorbitantes – ultrapassam 600%, o que leva a um crescimento do endividamento da população, que está nas mãos dos bancos. Como, em função da obtenção de maior lucratividade, os patrões investem pouco em segurança, clientes e funcionários são ameaçados, constantemente, pela violência.

“Os bancos vêm lucrando à custa da exploração dos clientes e dos funcionários. Até expulsam os clientes das agências, mandando-os para as casas lotéricas. Financiaram o golpe e são os articuladores da reforma trabalhista, pois querem retirar os direitos históricos da categoria. A ganância dos banqueiros está destruindo o país. O Itaú teve uma dívida de R$ 27 bilhões perdoada.  Nossa campanha diz o que queremos e exigimos: todos por tudo. Nenhum direito a menos”, disse Rogério Tavares, da Diretoria Executiva da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Minas Gerais (Fetrafi-MG).

“Antecipamos a campanha porque a reforma, na verdade, deforma trabalhista acabou com a ultratividade. O que garantia a manutenção das cláusulas do acordo coletivo anterior e dos direitos dos trabalhadores foi destruído pelos golpistas. Hoje, precisamos estar atentos a estas questões, e lutarmos não apenas para avanças, mas para manter direitos e conquistas. Temos mais uma negociação amanhã com a Fenaban. Desta vez estão na pauta saúde e condições de trabalho. Segundo estudos e pesquisas, a categoria é uma das que mais adoece no país. Em primeiro lugar estão os motoristas de ônibus. Mas eles não trabalham sob o efeito de remédios tarja preta. Bancárias e bancários estão estressados, enfartando e cometendo suicídio. E tudo isso entra nas estatísticas como acidentes naturais. Chamamos a classe bancária e a população para engrossar a nossa luta contra as reformas do governo golpista, que ameaçam a todos. É o Sindicato dando o seu recado na rua, conscientizando trabalhadores bancários e toda a população sobre a importância desta luta”, afirmou Luciana Duarte, diretora de Saúde do Sindicato dos Bancários de BH e Região.

Carlos Augusto (Mosca), diretor regional, reiterou as perdas que as reformas do governo golpista e ilegítimo podem provocar. “A reforma trabalhista nos fará morrer de trabalhar e, da Previdência, trabalhar até morrer. O governo golpista e ilegítimo aprovou a PEC 95, que congela investimentos em saúde e educação. Mas, o absurdo, é que não congela os juros. O país tem 14 milhões de desempregados. O governo Temer anunciou que, com a reforma trabalhista, o emprego aumentaria. Mentira. Nós estamos retrocedendo. As políticas sociais estão sendo extintas. O Brasil está na bancarrota, sem perspectiva. Os paneleiros, que diziam que lutavam contra a corrupção, onde estão? Temos um dos governos mais corruptos da história. Enganaram o povo brasileiro.”