Escrito por: Sindicato dos Bancários de BH e Região eRede Brasil Atual
O Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região (SEEB-BH) promoveu um ato em frente à agência Carmo Sion da Caixa, na avenida do Contorno, 5.809, no bairro Funcionários
Bancárias e bancários de todo o Brasil realizaram, nesta terça-feira, 5 de julho, um Dia Nacional de Luta contra o Assédio Moral e Sexual. O Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região (SEEB-BH) promoveu um ato em frente à agência Carmo Sion da Caixa, na avenida do Contorno, 5.809, no bairro Funcionários.
Além do Sindicato, o protesto contou a participação de representantes de outras entidades representativas das bancárias, como a Fetrafi-MG, a CUT/MG, a APCEF/MG e a Fenae. Durante a manifestação, as bancárias chamaram atenção da população para a gravidade das denúncias e dos casos de assédio no ambiente de trabalho, que levam inclusive ao adoecimento dos trabalhadores.
Ao mesmo tempo, a partir das 11h30, foi promovido um tuitaço, que ficou entre os assuntos mais comentados do país, com a hashtag #BastaDeAssedio
A mobilização, idealizada pelo Comando Nacional dos Bancários, teve o objetivo de intensificar as denúncias e cobrar a devida apuração dos casos de assédio, especialmente após os relatos de empregadas da Caixa em relação ao ex-presidente do banco, Pedro Guimarães. Nos atos em todo o país, o foco foi o respeito às mulheres, a equidade de condições no trabalho, a exigência de respeito e acolhimento às colegas denunciantes dos casos ocorridos.
Denuncie!
O Sindicato está pronto para apoiar bancárias e bancários que estejam sofrendo algum assédio no ambiente de trabalho. Você pode utilizar nosso Fale Conosco (clique aqui) ou o canal específico para denúncias de Assédio Moral (clique aqui). O sigilo é garantido.
Rodada de negociações
Os protestos marcaram também rodada de negociações entre bancários e Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), marcada para a tarde desta terça-feira. O tema da reunião é igualdade de oportunidades. Entre as reivindicações dos bancários estão, inclusive, cláusula específica sobre assédio sexual na categoria. Pela proposta, as denúncias seriam apuradas por meio de comissão formada por representantes dos sindicatos e das empresas, garantido o sigilo das vítimas. O tema vem sendo fortemente discutido em todo o país, após o episódio envolvendo Guimarães.
A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, afirma que as entidades sindicais bancárias têm repercutido os fatos cobrando apuração na Caixa. “Não vamos parar enquanto todos os casos não forem investigados e os culpados, punidos”, disse. Segundo Juvandia, o foco dos protestos e das negociações será o “respeito às mulheres, a equidade de condições no trabalho, a exigência de respeito e acolhimento às colegas denunciantes”.
Cultura de assédio
“Esse ato é para pedir essa apuração rigorosa e para que a categoria se manifeste contra qualquer tipo de assédio, pois sabemos que o ambiente de trabalho bancário, com cobrança excessiva de metas, é um campo fértil para esse problema”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva. “Os bancários estão entre os que mais adoecem em consequência da violência institucionalizada nas instituições financeiras. Basta de assédio moral e sexual”, diz Ivone que, como Juvandia, é coordenadora do Comando Nacional.
Em entrevista ao programa Fantástico, no último domingo, 3 de julho, o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto, falou sobre a cultura de assédio como forma de gestão implantada por Guimarães. “Tentamos discutir com a gestão de Pedro Guimarães, mas infelizmente era uma gestão que não respeitava os trabalhadores, não tinha diálogo com os empregados”, disse.
A reportagem também destacou pesquisa encomendada pela Fenae, realizada no final de 2021, sobre as condições de saúde dos trabalhadores da Caixa. “Pesquisa da Fenae, feita com 3.034 funcionários, mostra que seis em cada 10 sofreram assédio moral em 2021. E quase 70% já testemunharam esse tipo de assédio no trabalho”, diz a pesquisa.
“Queremos com esse ato que a Caixa apure essas denúncias e que responsabilize os culpados. Assédio sexual é crime. E se é crime, os dirigentes da Caixa têm que pagar por isso”, diz Clotário Cardoso, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa e diretor da Fenae.
Ampliar investigações e proteger denunciantes
Na semana passada, em entrevista à RBA, a representante dos empregados da Caixa no Conselho de Administração, Maria Rita Serrano, havia antecipado que solicitaria contratação de auditoria independente para aprofundar as investigações internas da cultura de assédio. Alertava ainda que seria preciso identificar outras pessoas com posição de poder, além do presidente, que pudesse atuar em cumplicidade ou conivência com a prática.
“É fundamental garantir proteção às funcionárias e funcionários para que possam se sentir seguros para denunciar abusos e desmandos como esses. Além disso, é preciso ampliar os canais de acesso dos empregados aos órgãos de controle. Para que tenham autonomia e garantias de que suas denúncias não serão em vão, nem sua integridade ameaçada”, diz a conselheira.
Na segunda, a recém-nomeada presidenta da Caixa, Daniella Marques, confirmou que será selecionada uma entidade independente para apuração das denúncias. Afirmou ainda que o vice-presidente de logística, Antonio Carlos Ferreira, e seis funcionários vinculados à presidência do banco sob Guimarães foram afastados dos cargos. Desse modo, justificou, não pretende fazer pré-julgamentos, mas reformular a equipe de comando sob novas diretrizes.