Escrito por: CUT/MG

Basta de racismo no trabalho e na vida. Seguiremos lutando pela igualdade

No dia 21 de março de 1960, na África do Sul, 20 mil negros protestavam contra uma lei que limitava os lugares por onde eles podiam circular. A manifestação era pacífica, mas tropas do Exército atiraram contra a multidão. Como resultado 69 pessoas morreram e outras 186 ficaram feridas. Esse episódio ficou conhecido como massacre de Shaperville.

Em memória à tragédia, a Organização das Nações Unidas instituiu o 21 de março como o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial.

O Brasil não passou pelo Apartheid, mas na sociedade, o racismo estrutural se mostra na correlação entre a discriminação, a criminalização e o percentual de pessoas negras no sistema prisional do país. O Apartheid à brasileira é assim: no discurso, democracia racial; na prática, a violência disfarçada de lei e ordem.

A Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), por intermédio da Secretaria de Combate ao Racismo, reforça a necessidade da luta constante pela eliminação da discriminação racial. E reitera que no Brasil ainda temos que avançar muito. A luta antirracismo é permanente, pois a desigualdade e a exclusão persistem e são mais evidentes a cada dia, mesmo após mais de um século do fim da escravidão.

No pós-abolição, em 1888, pessoas negras não tiveram acesso à terra, indenização ou reparo por quase três séculos de escravidão. Muitos permaneceram nas fazendas em que trabalhavam e serviço pesado e informal. A partir daí se instalou a exclusão de pessoas negras dentro das instituições, na política e em todos os espaços de poder, que se define como racismo estrutural, uma das formas de preconceito que persistem neste país. Um conjunto de práticas discriminatórias, institucionais, históricas e culturais dentro de uma sociedade que frequentemente privilegia algumas raças em detrimento de outras.

O termo é usado para reforçar o fato de que há sociedades estruturadas no racismo, o que favorece pessoas brancas e desfavorece negros e indígenas. O racismo estrutural mantém um processo longo de desigualdade entre brancos e negros, que se desdobra no genocídio de pessoas negras, no encarceramento em massa, em pobreza e violência contra as mulheres.

De acordo com pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a desigualdade persiste entre pessoas negras e não negras no mercado de trabalho. De acordo com a pesquisa, as mulheres negras vivenciavam taxa de desocupação de 13,9%. Para os homens negros, a taxa era de 8,7%; para as não negras, de 8,9%; e para os não negros, a taxa foi menor, de 6,1%.

Seguiremos lutando por igualdade no mundo do trabalho, através dos acordos coletivos, na conscientização dos trabalhadores e das trabalhadoras, na busca por cotas raciais no serviço público e nas empresas, igualdade salarial entre negros e não negros. Basta de Racismo no Trabalho e na Vida!