Escrito por: Sindimetro/MG

Categoria metroviária de BH realiza a greve mais longa da história

Entenda os motivos que levaram trabalhadoras e trabalhadores a cumprir apenas escala mínima de funcionamento desde o dia 21 de março

Sindimetro/MG

A greve dos metroviários vai para completar um mês. Desde o dia 21 de março, deste ano, até o momento o governo nem sequer quis dialogar com a categoria. É uma greve longa como os trabalhadores já haviam previsto ou como o sindicato já havia alertado desde as primeiras assembleias para organizar a luta em defesa dos trabalhadores metroviários de Belo Horizonte.

O governo federal, por diversas ocasiões cogitou a privatização do nosso metrô, mas de fato não havia ainda tomado qualquer iniciativa concreta neste sentido, no entanto, agora, as medidas estão sendo tomadas pelo governo de Bolsonaro para privatizar o metrô. Na verdade, uma doação para a iniciativa privada.

Criaram uma empresa para fazer a transição de entrega da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), a Veículo de Desestatização MG (VDMG), ou seja, a empresa está sendo dividida em vários CNPJ para privatizar as partes que, do ponto de vista empresarial, poderão ser mais lucrativas. O Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro/MG) e a Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro) baseando-se em vários estudos e levantamentos vem provando que o metrô não tem condições de ser lucrativo e que também não foi construído para dar lucro, mas sim para cumprir a função social de mobilidade urbana.

Portanto, o metrô cumpre uma função social de levar e trazer as pessoas para elas poderem trabalhar, passear e fazer outras coisas. Mas, desde que o governo resolveu privatizar a empresa a passagem que era de R$1,80 foi para R$4,50, um aumento de 150% desde 2019, podendo chegar brevemente aos R$8,00 em breve a exemplo do aconteceu com as linhas privatizadas no Rio de Janeiro e São Paulo. Isso sim! É a maneira mais cruel de tirar o direito das pessoas mais pobres de irem e virem.

Nesta greve os metroviários e metroviárias decidiram por cumprir a escala mínima de funcionamento no período de 10 às 17 horas. Muitos usuários têm questionado por quê o metrô não poderia funcionar pelo menos nos horários de pico. No entanto, vejamos, no caso, de uma greve em que o metrô funcionasse de manhã e de tarde até à noite, a luta dos trabalhadores não teria nenhum efeito concreto, pois a própria empresa gostaria que o metrô funcionasse apenas nos horários de pico e durante o dia ficasse parado, ou seja, uma greve que parasse apenas nos horários em que as composições andam menos cheias iria de encontro justamente com os interesses da direção da empresa e do governo.

Infelizmente os metroviários e metroviárias tiveram que tomar uma decisão muito difícil que prejudica a população, mas sejamos honestos nem o governo e nem os empresários estão preocupados com o conforto de transporte para os trabalhadores e a população em geral, porque eles não usam o transporte coletivo e são eles quem decidem pelos aumentos abusivos nos preços das passagens tanto do metrô como dos ônibus.

Os empresários dos ônibus reduziram a frota justamente quando teve início a luta dos metroviários. Eles têm interesse em que todo o transporte público seja feito por empresas privadas. Assim não têm o menor pudor em descumprir qualquer lei ou até determinação da BHTRANS para reforçar a frota já que o número de passageiros nos ônibus aumentou.

Os empresários de ônibus estão interessados na privatização do metrô, pois eles compõem com os políticos privatistas uma casta que lucra sem dó nem piedade em cima daqueles que necessitam do transporte coletivo, ainda mais nestes tempos de crise em que o preço do petróleo está nas alturas porque foi indexado ao dólar e ao valor do produto no mercado Internacional sendo que o Brasil até exporta petróleo bruto deixando a suas refinarias sub utilizadas para beneficiar as grandes petrolíferas, principalmente as norte-americanas.

Os metroviários e metroviárias não fazem uma greve porque querem prejudicar a população, este foi o último recurso que os trabalhadores lançaram mão para serem ouvidos, no entanto, o prolongamento desta greve é de responsabilidade única e exclusiva do governo federal que não se senta à mesa sequer se quer para dialogar com os trabalhadores.

Infelizmente esta é uma realidade muito difícil e cruel tanto para os trabalhadores e trabalhadoras do metrô como para a população. Todos nós estamos sendo castigados pela ganância de lucros dos grandes empresários que querem privatizar tudo que é público no Brasil e, quando tudo for privatizado, a população será privada de diversos serviços que são prestados pelo setor público.

Essa luta não é só dos metroviários, é uma luta do povo trabalhador contra um Estado que só atende aos interesses de uma pequena minoria de empresários gananciosos. Por isso chamamos a população a se unir com os metroviários de Belo Horizonte para resolvermos essa situação da maneira mais rápida possível. Todos nós devemos cobrar responsabilidade do governo federal e estadual envolvidos nesta negociata para entregar o metrô outrora construído com o dinheiro público arrecadado por impostos pagos pelos trabalhadores.

É sempre necessário lembrar que os metroviários aprovaram esta greve porque está em risco seu próprio trabalho. Um emprego que foi conseguido com estudo, preparação e treinamento.

Nesta terça-feira, dia 19 de abril, a partir das 7h30, haverá uma concentração e ato na entrada da sede da empresa em Belo Horizonte, R. Januária, 181 - Colégio Batista, Belo Horizonte. Nosso convite está feito aos Sindicatos de outras categorias, movimentos sociais e políticos de toda a cidade que entendem que esta é uma luta justa.

Metroviárias e metroviários também têm a necessidade de combater ideia reverberada pela imprensa de que a greve é exclusivamente contra a privatização. Na verdade, a greve foi votada para que trabalhadoras e trabalhadores tenham garantia do seu emprego ou no mínimo possam ser realocados em outras unidades da CBTU em outros estados do Brasil. Os funcionários da empresa são todos concursados e boa parcela da categoria está prestes a se aposentar, apesar disso o governo com a privatização não garantirá a estabilidade do emprego para os trabalhadores, deixando na mão do novo patrão o que fazer.

Como todos sabem uma das primeiras medidas das empresas privatizadas é a demissão dos concursados e admissão de novos trabalhadores ganhando uma miséria e quase sempre sem a preparação suficiente para exercer as funções de forma eficiente. O maior exemplo é o que aconteceu com a Vale do Rio Doce, que além de mudar de nome, ficando apenas Vale, vem causando desastres criminosos contra a natureza e ao povo brasileiro.

A luta continua e estamos convictos de podemos vencer. A empresa entrou com ações para determinar que o trabalho volte ao normal, mas nem mesmo a Justiça vem dando razão ao governo.

Fiquem atentos porque a qualquer momento o Sindimetro/MG pode convocar nova assembleia e atos, a participação de todos os funcionários (as) é fundamental, bem como a participação e apoio da população apesar dos transtornos que uma greve provoca. Mas é melhor fazer um esforço agora do que, depois, não poder sequer pagar uma passagem a preços exorbitantes.