Escrito por: Por Carla Cruz - Sindsep-MG
Diretor do Sindsep-MG afirma ainda que não há qualquer risco de desabastecimento nem no entreposto de Contagem, nem nos demais entrepostos
O presidente Jair Bolsonaro voltou a espalhar mais uma mentira hoje, 1º de abril, curiosamente considerado o Dia da Mentira. E foi desmascarado na própria mentira que criou.
Para embasar seu posicionamento de que o isolamento social, como medida de enfrentamento ao novo coronavírus, vai afetar as atividades econômicas no país, o presidente Bolsonaro, compartilhou um vídeo, supostamente gravado por um de seus apoiadores, na Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (CeasaMinas), em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O vídeo, mostra o local esvaziado, o que contribui para que Bolsonaro deposite a culpa nos governadores que se colocam contra a posição do presidente, mantendo as medidas de isolamento social em seus estados. Vale lembrar que o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), é um dos poucos governadores que tem evitado se indispor diretamente com Bolsonaro.
Bolsonaro compartilhou o vídeo com os seguintes dizeres: “Não é um desentendimento entre o Presidente e alguns governadores e alguns prefeitos. São fatos e realidades que devem ser mostradas. Depois da destruição não interessa mostrar culpados”.
O trabalhador da CeasaMinas (entreposto de Uberlândia) e diretor do Sindicato dos Trabalhadores Ativos, Aposentados e Pensionistas do Serviço Público Federal de Minas Gerais (Sindisep-MG), Josias Peres de Macedo acredita que a gravação tenha sido feita no dia 31 de março, uma terça-feira, dia em que o movimento no Mercado Livre do Produtor (MLP) é um pouco menor. No entreposto de Contagem, local onde foi gravado o vídeo, o MLP funciona todos os dias.
Josias afirma ainda que não há qualquer risco de desabastecimento nem no entreposto de Contagem, nem nos demais entrepostos da CeasaMinas, no Estado de Minas Gerais. Vários relatos de produtores que atuam na central de abastecimento é de que os negócios inclusive melhoraram nos últimos dias. E que tudo está funcionando normalmente, com todos, seguindo as normas do Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde (OMS) no que diz respeito à prevenção ao novo coronavírus.
Essa é mais uma atitude irresponsável do presidente Bolsonaro, aliás, de um governo que se baseia em mentiras, que tenta enganar a população e faze-la acreditar que é seguro voltar ao trabalho para assim garantir o lucro dos patrões.
Não podemos cair em mais essa cilada que esse governo tenta nos impor. O momento é de cautela e de ficar em casa e respeitar as medidas de prevenção sugeridas pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
A pessoa que grava o vídeo diz que “Fome também mata. Fome, desemprego, caos também matam. E pra você que está com a continha no banco, que tem dinheiro no banco, que acha que está tudo bem porque você tem reserva financeira, não esqueça: quem não tem dinheiro passa fome, mas quem tem dinheiro e não tem o que comprar, também passa fome”, diz o rapaz, ressaltando que: “E não vamos esquecer, não. A culpa disso aqui é dos governadores, porque o presidente da República tá brigando incesantemente para que haja uma paralisação responsável, não paralisar todos os setores, quem não é do grupo de risco voltar a trabalhar…”, diz o homem, que faz elogios a Bolsonaro e ataca governadores.
Realmente, a fome mata, Sr. Presidente! A fome não pode esperar. O dinheiro precisa chegar às pessoas imediatamente. Ao invés de espalhar mentiras, o governo deveria liberar o imediato pagamento do seguro-quarentena, que garante R$ 600 a trabalhadores informais, beneficiários do Bolsa Família e pessoas inscritas no Cadastro Único social até o fim da pandemia.
Mas o que mata também é um presidente irresponsável que coloca em risco a vida de seu povo, que negocia vidas de trabalhadores em prol da manutenção da economia. Ora, Sr. Presidente, quem mantém a economia girando são os trabalhadores!
Por que privatizar a Ceasaminas?
Segundo Sânia Barcelos Reis, diretora do Sindsep-MG e também trabalhadora da CeasaMinas, no entreposto de Contagem, “em um momento de pandemia, em que o Presidente se preocupa tanto com uma ´possível´ falta de alimentos, a pergunta que nos vem a mente é: Se a Ceasaminas é tão importante e responsável pela segurança alimentar da população, por que, então, privatizar a Ceasaminas?”, questiona.
Arbece divulga carta de repúdio às declarações de Bolsonaro
“A Associação Recreativa e Beneficente dos Empregados da CeasaMinas - Arbece - repudia veementemente publicações em redes sociais que denunciam suposto desabastecimento alimentar na Ceasaminas.
Nós, empregados públicos federais, mesmo diante da pandemia de Coronavírus declarada pela OMS, estamos trabalhando todos os dias incansavelmente para que o alimento chegue à casa de cada um dos Brasileiros, especialmente à mesa do povo mineiro.
A CeasaMinas possui enorme importância institucional e, em momentos como o que estamos atravessando, consolida ainda mais sua função pública de abastecimento alimentar seguro, essencial e indispensável à vida da população.
Assim como os profissionais da saúde, da segurança pública, do transporte e tantos outros considerados essenciais, nós, profissionais responsáveis pelo abastecimento e segurança a alimentar, continuaremos exercendo nossas atividades para garantir que os volumes comercializados nos entrepostos da CeasaMinas permaneçam dentro da normalidade, como tem ocorrido desde a declaração da pandemia.
Publicações com conteúdo falso retratam um desrespeito à toda a população brasileira e em especial àqueles profissionais que, como nós, arriscam sua saúde diariamente para manter os serviços essenciais com a máxima regularidade.
Maria Aparecida M. de Carvalho
Diretora Presidente da Arbece