Escrito por: Rogério Hilário, com informações de Estado de Minas e Mídia Ninja
Com suas cores vibrantes, muita criatividade, mensagens de diversidade e pela luta pelos direitos civis, o evento destacou a importância das pautas
A alegria, a resistência, a luta por inclusão, igualdade de oportunidades, respeito e contra o preconceito tomaram conta das ruas neste sabado, 25 de maio, no Centro de Belo Horizonte, no Dia Mundial da África. Gente linda celebrando e fazendo a luta contra o racismo e a LGBTfobia. Foi a 1ª Parada Negra da capital mineira, organizada pela Rede Afro LGBT de Minas Gerais. Com suas cores vibrantes e mensagens de diversidade e pela luta pelos direitos civis, o evento destacou a importância das pautas para a comunidade LGBTQIAPN+.”
O evento histórico homenageou figuras importantes como Soraya Menezes e Carlos Magno, que contribuíram para a luta pelos direitos LGBTQIAPN+, além de procurar divulgar e discutir as políticas públicas do município voltadas para este grupo.
Com o tema “Do Erê ao Ancestral – Pela Vida das Juventudes Negras”, a parada também discutiu questões como saneamento básico, educação e saúde mental para a juventude negra.
“Eu tenho muito orgulho de fazer parte dessa luta, como parceira dos movimentos. É luta pelo direito de ser e existir. É luta por respeito e inclusão. É luta por reparação histórica. É luta por liberdade. Que a Parada seja a primeira de muitas, na capital mineira e em outras cidades de Minas Gerais, disse a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), uma das apoiadoras da celebração.
Também participaram do ato a vereadora Iza Lourença (Psol), o vereador Bruno Pedralva (PT), a deputada estadual Macaé Evaristo (PT) e a deputada federal Célia Xacriabá (Psol)
O protesto, que se transformou em festa, marcou um importante avanço em pautas interseccionais na cidade. “É um evento de grande glória e alegria para nós, porque mostra que está na hora de celebrarmos a nossa ancestralidade, a nossa diversidade e a nossa luta por uma sociedade mais justa e igualitária. Nunca estive em um evento como esse, que representasse tanto pessoas como eu, negras e LGBTQIAPN+, e que pluralizasse tantas outras pessoas a partir das questões da identidade e do sentimento”, conta Marcos Andrógino, de 23 anos, artista nas plataformas digitais.
Os organizadores do evento, Vanessa Alecrim e Thiago Santos, compartilham a empolgação para o evento. "Estamos entusiasmados em trazer a Parada Negra LGBTQIA+ para a cidade e em contribuir para a visibilidade e representatividade da comunidade negra e LGBT na cidade". Eles acreditam que a iniciativa é fundamental para promover o diálogo e a inclusão, além de fortalecer a luta pelos direitos civis de todas as pessoas.
O ato também contou com apresentações de blocos de carnaval Afoxé Bandarerê, Angola Janga, Samba da Meia Noite, Abalô-caxi e Magia Negra, grupos de dança, drag queens, DJs, além de discursos pautados na comunidade LGBTQIA+ de forma racializada.
Aruanã de Oliveira, coordenador da Rede Afro LGBT e do Movimento Brasil Popular, conta que esta não é a primeira vez em que uma parada negra na capital mineira foi idealizada, mas edições anteriores não tiveram êxito, mas destaca a importância de personalidades negras LGBTQIA+ na cidade. “A história do movimento LGBT também foi construída por mãos negras”, reforça ele.
A Parada é inspirada no movimento "Black Pride" (Orgulho Negro), que teve início em 25 de maio de 1991, nos Estados Unidos. Apesar de ser a primeira edição realizada na capital mineira, a Parada Negra já está no calendário da população LGBT de outras cidades do Brasil, como São Paulo e João Pessoa.
A iniciativa não tem apoio de nenhum edital ou emenda para sua realização, no entanto, a Rede Afro LGBT mineira conta com apoio institucional do Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual e Identidade de Gênero de Minas Gerais (Cellos-MG), Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG) e a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE).