Escrito por: CUT/MG
A Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG) repudia, veementemente, os pronunciamentos dos deputados federais Emidinho Madeira (PL-MG) e Evair de Melo (PP-ES), que no Congresso Nacional, nos dias 18 e 19 de junho, um deles feito durante reunião da Comissão de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os dois defenderam abertamente a prática do trabalho escravo nas lavouras de café no Sul e Sudoeste de Minas Gerais. Os parlamentares atacaram as ações do Ministério do Trabalho que, juntamente com a Polícia Federal, vêm combatendo a exploração de trabalhadoras e trabalhadores nas colheitas, a quem não são oferecidas condições dignas de trabalho. Eles também reclamaram das autuações e das multas. Evair de Melo chegou ao cúmulo de sugerir que os agentes da fiscalização deveriam estar colhendo café, em vez de fiscalizar um crime previsto no artigo 149 do Código Penal.
Os deputados atacaram a NR 31 que, na opinião deles, deveria ser revogada por ser inaplicável, e ainda conceituaram a lei trabalhista como severa, como se direitos trabalhistas no campo não tivessem qualquer valor. Evair de Melo disse, também, que os apanhadores de café trabalham por prazer, debochando de uma situação absurda e desumana que há anos a Articulação dos Empregados Rurais de Minas Gerais (ADERE-MG) vem denunciando, na sua luta contra a disseminação do trabalho escravo em Minas Gerais.
É importante ressaltar que quem mais lucra com esta prática degradante na cafeicultura são Cooxupé, Nestlè, Starbucks, Jacobs Douwe Egberts (JDE), McDonalds, Illy, sendo essas grandes multinacionais que adquirem centenas de milhares de sacas de café na região e que deixa a responsabilidade pelo crime somente para o produtor
A CUT/MG, em consonância com as reivindicações da ADERE-MG, defende a imediata prisão dos flagrados na prática do trabalho escravo e a agilidade na realização de concursos para auditores fiscais, para que a fiscalização se intensifique no Sul de Minas, região em que notoriamente ocorrem casos de trabalho análogo à escravidão e onde impera a informalidade e violações dos direitos trabalhistas.