Escrito por: Fernando Dutra
Encerramento de atividades causa adoecimento e assédio moral de trabalhadores e trabalhadoras
A audiência pública realizada pela Câmara Municipal de Belo Horizonte, na terça-feira (29/7), que debateu o fechamento indiscriminado de agências do Banco Santander na capital mineira e Região Metropolitana (RMBH), demonstrou as práticas abusivas da terceirização e precarização das condições de trabalho, prejudicando os trabalhadores e trabalhadoras bancários e clientes.
A reunião foi uma solicitação do vereador Pedro Patrus (PT), dentro da Comissão de Direitos Humanos, Habitação, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor, e contou com a participação do presidente da CUT Minas, Jairo Nogueira.
“A precarização e a terceirização do trabalho criam uma gestão de adoecimento e assédio moral coletivo dos trabalhadores e trabalhadoras. Fazem a substituição de mão de obra, tirando quem tem direitos e conhecimento, e colocam mão de obra precarizada”, destacou Jairo.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, Ramon Peres, criticou a ausência de representantes do banco na reunião, a falta de diálogo e a retirada de direitos de funcionários do Santander. “São decisões que afetam dezenas e dezenas de pais e mães de família. É vexatório isso, Santander”, ressaltou.
Sebastião da Silva, diretor da Cut Minas e vinculado ao Sindicato dos Bancários de BH e Região reforçou o combate às fraudes cometidas pelo Santander. “Nossa luta é de combate às fraudes cometidas pelo banco Santander contra trabalhadores e contra direitos. Para que um espaço abrigue oito agências o Santander tem que apresentar uma estrutura adequada, contendo oito gerentes gerais, oito gerentes administrativos, além de uma média de doze trabalhadores por agência. O contrário disso é demissão em massa”.
Audiência
Requerente da audiência pública, o vereador Pedro Patrus (PT) ressaltou a urgência em dar voz aos trabalhadores e trabalhadoras impactados pelo fechamento de 37 agências do Banco Santander nos últimos anos. “Isso traz um transtorno para os cidadãos da cidade de Belo Horizonte. De deslocamento, de agências lotadas, de filas e traz um processo de adoecimento, um processo de fadiga dos trabalhadores desse banco. E ao mesmo tempo, o Santander registra um lucro de R$ 13,8 bilhões em 2024 e continua fechando agências na nossa cidade”.
A representante da Federação dos Bancários Cutistas de Minas Gerais (Fetrafi-MG), Paula Moreira, apresentou dados que demonstram divergências nas informações do Santander junto ao Banco Central. Segunda ela, constam 54 agências abertas em Belo Horizonte, sob supervisão do Bacen, mas apenas 22 estão em funcionamento efetivo. Ainda de acordo com Paula, na avenida Afonso Pena, uma única agência possui oito códigos diferentes de agências no mesmo endereço.
Os representantes do Banco Santander foram convidados, mas não enviaram representantes à audiência pública.
Participaram da audiência a vereadora Juhlia Santos (PSOL); a diretora executiva da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito de São Paulo (Fetec), Vanessa de Queiroz Paixão; o superintendente do Ministério do Trabalho em Minas Gerais, Carlos Calazans; o presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, Rodrigo Britto; a diretora da Fetec-CUT/CN, Eliza Espíndola; e o presidente do Sindicato dos Bancários de Patos de Minas, César Rodrigues.
A íntegra da audiência pode ser assistida aqui
https://www.youtube.com/watch?v=x_3eQIuC6WY&t=6713s
Confira imagens da audiência aqui
https://www.flickr.com/photos/camarabh/albums/72177720327954838/with/54687069031
*Com informações da Câmara Municipal de Belo Horizonte e do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região