Escrito por: Rogério Hilário, com informações do Sinpro Minas
Instituições e lideranças políticas declararam solidariedade à luta pela preservação da vida dos professores durante pandemia e criticaram ataques feitos por donos de escolas e pelo sindicato patronal
Representantes de entidades sindicais, estudantis, do setor educacional e parlamentares se uniram nesta quarta-feira, 3 de março de 2021, de um ato virtual em apoio ao Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas). As instituições e lideranças políticas declararam solidariedade à luta do sindicato pela preservação da saúde e da vida dos professores durante a pandemia e criticaram os ataques feitos por donos de escolas e pelo sindicato patronal. A luta de trabalhadoras e trabalhadoras da educação é de todas e todos, enfatizaram os apoiadores. E que as escolas só podem voltar a ter aulas presenciais com vacinas, pois todos têm filhos nas escolas, sejam elas públicas ou privadas.
O ato foi coordenado por Lourdes Aparecida de Jesus, secretária-geral da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), entidade que organizou a atividade desta quarta-feira. O presidente da CUT/MG, Jairo Nogueira Filho, fez o encerramento da plenária. “Plenária foi de grande valor, simbólica, no sentido de combater as atitudes do sindicato patronal e de colocar a vida acima do lucro”, disse. Para a secretária-geral da CUT/MG, “a vida vale mais do que o lucro. As aulas nós recuperamos, mas vidas não. O governo Zema é muito responsável por essas atitudes dos patrões. Ele disse no início da pandemia que o vírus tinha que viajar. Defende que as escolas deveriam estar abertas. Foi uma plenária muito importante para somar e dar as mãos às trabalhadoras e trabalhadores da educação da rede privada. Para dizer a eles que não estão sozinhos”, afirmou Lourdes Aparecida de Jesus.
As entidades participantes vão organizar outras ações para promover o debate sobre a importância de manter o distanciamento social e as aulas remotas neste atual momento da pandemia. “O conteúdo a gente recupera, a vida não. Escolas fechadas, vidas preservadas”, disseram os representantes das entidades.
A presidenta do Sinpro Minas, Valéria Morato, agradeceu o apoio de todos e falou sobre a pressão que os professores têm enfrentado, por parte dos donos de escolas, para que as atividades presenciais sejam retomadas.
“Os empresários do setor e o sindicato patronal têm nos atacado muito, mas continuaremos firmes. Todos queremos o retorno às aulas presenciais, porém com segurança. Sabemos da importância delas para o aprendizado e para a educação e como o modelo atual, de educação virtual, tem sido extenuante. No entanto, neste momento o retorno é inviável. Os dados mais recentes mostram de forma inequívoca o descontrole da pandemia. Por isso defendemos a vacinação ampla e em massa, a inclusão dos professores no grupo prioritário e a manutenção do auxílio emergencial e de preservação dos empregos”, defendeu Valéria Morato.
Para a professora da Faculdade de Educação da UFMG Analise da Silva, a preocupação dos donos de escolas é apenas econômica. “O setor privado diz que as crianças estão abandonadas e que precisamos colocá-las nas escolas. No entanto, eles estão preocupados apenas com os números, com a parte financeira”, criticou a docente, que também coordena o Fórum Estadual Permanente de Educação (FEPEMG).
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Manoel Gomes Araújo Filho, reiterou que está na luta para buscar apoio para o Sinpro Minas em todo o Brasil. Ele defendeu que as aulas presenciais só podem retornar “com vacina para todos, alunos e professores”.
A professora Fátima Silva, da Internacional da Educação para a América Latina (IEAL), disse que a categoria quer retomar as atividades em sala de aula, mas em um ambiente seguro. “Queríamos estar dentro da escola, mas não queremos viver dentro de um ambiente com o vírus. Insistimos que queremos a vida, e todas as orientações apontam para a necessidade de distanciamento social. O capital é universal, e em todo o mundo o setor privado está pressionando o retorno em função das finanças. Continuaremos em defesa da vida e da vacina pro povo brasileiro e para os trabalhadores da educação”, disse Fátima Silva.
Na avaliação da professora Maria Rosária Barbato, membro da executiva nacional da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) e presidenta do Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte e Montes Claros (APUBH), os donos de escolas e o sindicato patronal tentam colocar a sociedade contra os professores e o Sinpro Minas.
“Todos estamos presenciando o recrudescimento da pandemia. Mas, para os que detêm os meios de exploração do trabalho, nenhuma vida importa, desde que seja garantido o lucro. O Sinpro Minas não está tumultuando o direito à educação. Pelo contrário, ele está defendendo o direito à vida de todos. Por isso o saudamos, contem conosco”, disse a professora, para quem toda essa situação é “reflexo de um governo negacionista, antivacina e anticiência”.
Participaram do ato virtual de apoio ao Sinpro Minas José Celestino (Tino), pela CUT Nacional, dirigentes da CTB, CSP Conlutas, Sind-UTE/MG, Sind-Rede/BH, Sindieletro/MG, Sinpro/JF, Sintect/MG, Sindimetro/MG, DCE-UFMG, AMES, APUBH, FITEE, SAE, Sindicato dos Bancários de BH e Região, Sindicato dos Bancários de Patos de Minas, Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores no Comercio Atacadista e Varejista do Noroeste de Minas e Região, Sindicato dos Empregados nas Empresas de Segurança e Vigilância de Minas Gerais, Sindifes, Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, Fitmetal, mandatos da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), do deputado estadual Betão (PT), do deputado federal Rogério Correia (PT) e da vereadora Macaé Evaristo (PT).