Escrito por: Rogério Hilário
Em BH, ato e marcha levam às ruas pauta dos eletricitários e a luta pelo fim do parcelamento de salários e pelo pagamento no quinto dia útil
Em mobilização que fortaleceu a unidade das categorias em Minas Gerais no Dia Estadual de Luta, educadoras e educadores, servidoras e servidores da saúde e trabalhadoras e trabalhadores da Companhia Energética (Cemig) realizaram, na manhã desta terça-feira (5), Ato Público pelo fim do parcelamento dos salários, pagamento no quinto dia útil e pela negociação da pauta do Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro-MG), aprovada em assembleias. Os manifestantes contaram com apoio da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), que convocou a atividade, Sindipetro-MG, metalúrgicos, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Levante Popular da Juventude, Sindicato dos Bancários, entre outras entidades. O protesto fez parte de uma das primeiras ações das categorias, que continuam nesta semana.
Os manifestantes se concentraram em frente à sede da Cemig, no bairro Santo Agostinho, em Belo Horizonte e saíram por volta das 11 horas, em marcha até a Praça da Liberdade. Durante o trajeto, houve diálogo com a população sobre o protesto e a situação de servidoras e servidores públicos do Estado. No encerramento da atividade, um Ato Público foi realizado em frente ao Palácio da Liberdade.
Educadoras e educadores, representados e coordenados pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG), que paralisaram as atividades nesta terça-feira (5), decidiram, em seu Congresso realizado entre os dias 31 de maio e 3 de junho, entrar em greve a partir da próxima segunda-feira (11), se a primeira parcela do salário de maio não for paga nesta quinta-feira (7), quinto dia útil. Trabalhadoras e trabalhadores em saúde aprovaram estado de greve em assembleia realizada na segunda-feira (4). Eletricitárias e eletricitários também paralisaram as atividades por 24 horas e, com a pressão, a Cemig chamou a direção do Sindieletro-MG para uma reunião de negociação
“Bom dia a todas e todos e, em especial, a trabalhadoras e trabalhadores que participaram do Congresso do Sind-UTE/MG no último fim de semana e retornaram para esta mobilização, o que nos motiva ainda mais. Falamos, nesta luta, de quem recebe menos que um salário mínimo, remuneração que não dura até a terceira semana do mês. E nem sabe quando o salário vai ser pag. São pessoas que não recebem auxílio transporte, vale refeição. Estamos discutindo a sobrevivência das pessoas, quando deveríamos debater pautas que avançassem em direitos. Queremos o que é dever do governo do Estado, pagar os salários no quinto dia útil. É uma questão de dignidade. Por isso, decidimos que, se não recebermos a primeira parcela na quinta-feira, entraremos em greve na próxima segunda-feira até que ela seja quitada. Viemos para a rua pelo essencial. O meu trabalho como professora não é inferior ao trabalho dos servidores da segurança pública”, disse Beatriz Cerqueira, presidenta da CUT/MG e coordenadora do Sind-UTE/MG.
“A necessidade da unidade é fundamental, principalmente na atual conjuntura. Trabalhadoras e trabalhadores da Cemig estão aqui para mostrar a sua realidade, assim como servidoras e servidores da saúde. A conjuntura exige esta convergência de pautas e de lutas. Quem luta sozinho está fadado ao fracasso. Para enfrentar esta conjuntura que a CUT construiu o Dia Estadual de Luta”, afirmou a presidenta da CUT/MG.
O coordenador geral do Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro-MG), Jefferson Silva, críticou hoje a gestão autoritária da Cemig. O dirigente ressalta que, enquanto desrespeita a organização dos trabalhadores, dificultando a negociação de pautas importantes e reduz equipes que fazem trabalho de campo, a direção da empresa que, entre 2011 e 2017 lucrou R$ 12 bilhões, mantém privilégios para acionistas e privilegia gerentes, prejudicando o debate para a construção de um Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCCR).
“Durante a construção de nossa pauta vivemos uma perspectiva histórica, dialogando diretamente com os consumidores de energia elétrica. O último aumento da tarifa foi de 25%, em média. Para quem foram destinados os aumentos de 2011 a 2014? Na gestão do PSDB, a Cemig lucrou R$ 2 bilhões, com o esforço de trabalhadoras e trabalhadores. E repassou aos acionistas os mesmos R$ 2 bilhões. Conviveu sem lucro durante os quatro anos. E, para garantir o rentismo, repassa para os consumidores a sua dívida, que ultrapassa o valor do patrimônio da empresa. Privilegia o mercado em detrimento de trabalhadoras e trabalhadores. Em dois anos, entre demitidos e os que aderiram ao plano de demissão voluntária, saíram 2.048 funcionários da Cemig. Equipes inteiras de trabalho deixaram de existir. Para os que ficaram a remuneração vai de mal a pior e, em 2018, não terão PLR. Estancaram as projeções de carreira e valorizam apenas diretores e gerentes”, denunciou Jefferson Silva.
“A pauta econômica para nós é fundamental, ainda mais que não vai haver PLR. Com a pauta econômica vamos combater o golpe da inflação baixa, que só vale para reajuste de salários. O índice não é a aplicado nos reajustes de combustíveis, de gás de cozinha, das tarifas de energia elétrica. O nosso salário está sendo estrangulado pelo governo federal, ilegítimo e golpista. O cotidiano de nossas famílias está em jogo. Por isso exigimos uma resposta da Cemig sobre a nossa pauta. Que a diretoria da empresa tome juízo e atenda a categoria, que chame o Sindieletro para negociar”, acrescentou o dirigente do Sindieletro-MG.
“Servidoras e servidores da saúde decidiram, em assembleia, participar deste ato do Dia Estadual de Luta. Não somos piores que os trabalhadores da segurança pública, que são priorizados pelo governo do Estado. Decidimos também pelo estado de greve e não descartamos entrar em greve por tempo indeterminado também”, disse Renato Barros, do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG).
A luta é de toda a classe trabalhadora
A união em todas as lutas, sejam específicas ou pautas nacionais, foi enfatizada por Anselmo Braga, coordenador do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG). “Servidoras e servidores da educação, a CUT/MG, entidades da base CUTista, movimentos sindicais, sociais e estudantis estiveram com a gente durante a nossa greve, na semana passada. Os petroleiros sempre defenderam a valorização de servidoras e servidores públicos e dos serviços públicos, que vêm sendo atacados pelos golpistas, com retirada de direitos, sucateamento. Isto é que está em jogo.”
Para Rogério Tavares, diretor do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, além das demandas específicas, a classe trabalhadora e o povo brasileiro têm uma pauta maior. “O momento é de estarmos juntos e de não olhar para nosso próprio umbigo. Além das pautas específicas, temos uma pauta maior que é a luta pela democracia, a defesa de nossos direitos, ameaçados pelas reformas, como a trabalhista, e os ataques à classe trabalhadora. Não adianta fazer a luta sozinho, pois isso pode levar ao fracasso. Estamos num estado de exceção, sob um governo ilegítimo e só a união para derrotar os golpistas e retomar a democracia”, afirmou.
“O movimento é muito importante, pois a maioria do quadro de servidoras e servidores do Estado está na educação e na saúde e estão com os salários parcelados. Todos têm que ser valorizados. O governo do Estado não destina os 12% constitucionais do orçamento à saúde e não faz os repasses para os municípios, o que vem afetando também o pagamento dos salários de servidoras e servidores municipais. O argumento de falta de recursos não é admissível, pois o governo deveria priorizar o pagamento de salários”, afirmou Ederson Alves da Silva, da Direção Estadual da CUT/MG e vice-presidente do Conselho Estadual de Saúde.