Escrito por: Fernando Dutra
Fundada em de agosto de 1987, o nome da escola é uma homenagem aos trabalhadores e trabalhadoras assassinados no massacre de Ipatinga, em 7 de outubro de 1963.
Ipatinga, outubro de 1963. Precisamente na manhã do dia 7, trabalhadores e trabalhadoras da Usiminas, indignados com as constantes humilhações a que eram submetidos pela empresa, iniciaram uma greve. A resposta da Polícia Militar foi, do alto de um caminhão, abrir fogo contra os operários. O número oficial de assassinatos foi de oito pessoas, mas testemunhas e familiares, que nunca mais encontraram seus parentes, afirmam que podem ter passado de 40 as vidas perdidas. A vida e a memória das vítimas nunca serão esquecidas.
Os anos foram pesados durante a ditadura militar. A organização sindical e a luta pelos direitos de trabalhadores e trabalhadoras foram desafiadoras e revolucionárias. Era preciso, cada vez mais, fortalecer a união operária, a conscientização e a luta de classes.
Passados 24 anos, em agosto de 1987, em Minas Gerais, foi criada a Escola Sindical 7 de Outubro, da Central Única dos Trabalhadores (CUT Minas), homenageando as vítimas do massacre de Ipatinga e com a proposta de fortalecer a luta em defesa de trabalhadores e trabalhadoras. Hoje, com 42 anos de atuação, a Escola Sindical segue seu propósito de melhorar as condições de trabalho, ampliando o atendimento para outros estados, como Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Para a coordenadora da Escola Sindical 7 de Outubro, Marcelle Amador, professora de História e diretora do SindUTE-MG, a capacitação sindical é essencial para melhorar a vida de trabalhadores e trabalhadoras. Nesta breve entrevista, ela conta sobre os processos formativos, a participação dos cursistas e os desafios do sindicalismo. Confira:
CUT Minas: Como a Escola de Formação Sindical 7 de Outubro contribui para a luta dos trabalhadores e trabalhadoras?
Marcelle: A Escola 7 de Outubro foi fundada a partir do financiamento dos trabalhadores do sindicato italiano e nasce sob a égide de uma escola de formação das direções sindicais, para que elas se capacitem para a luta em defesa de trabalhadores e trabalhadoras. É de suma importância a existência da Escola 7 para que essa capacitação, essa formação aconteça. No final das contas, o objetivo é a melhoria da vida dos trabalhadores e trabalhadoras.
CUT Minas: Quais as principais ações promovidas pela escola?
Marcelle: Hoje, a escola funciona de forma itinerante. Funciona dentro da sede da CUT Minas, mas atende Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Tem dois cursos em andamento: o Formação de Formadores Continuada (FFC) e o Organização e Representação Sindical de Base (ORSB).
O FFC busca formar pessoas de dentro dos sindicatos para fazerem as próprias formações dentro dos seus sindicatos. Estamos partindo para a conclusão em 2026. Já tivemos formações presenciais em Belo Horizonte e Rio de Janeiro, e a próxima é no Espírito Santo. Nesse intervalo, também temos algumas formações virtuais.
Outro curso é o ORSB, que ocorre em três ciclos: um processo presencial, um virtual e outro presencial. Por enquanto, tivemos um presencial e estamos rodando as regionais da CUT Minas. Já fomos na CUT Sul, Vale do Aço, Zona da Mata e Norte; faltam a Região Metropolitana de BH e o Triângulo Mineiro. Também fizemos presencial em Vitória (ES).
CUT Minas: Como as pessoas podem participar das formações? Como ampliar a participação?
Marcelle: Para participar dos cursos, é através dos sindicatos cutistas. A gente conversa com a regional, abre inscrição para os participantes e os sindicatos se organizam para enviar suas representações, no caso do curso ORSB. Agora a gente vai para a segunda rodada, virtual. E os sindicatos regionais de MG e do ES podem também inscrever novas pessoas, mesmo que não tenham participado do mesmo ciclo.
No FFC também foi feito da mesma maneira, provocando os sindicatos a enviarem representantes. A gente vai fechar essa turma e, talvez, em 2026, já possa vislumbrar um novo curso FFC.
CUT Minas: Qual balanço você faz do período em que está à frente da escola?
Marcelle: É desafiador assumir a coordenação, mas, ao mesmo tempo, é motivo muito grande de orgulho. Me sinto privilegiada de fazer parte dessa história tão bonita. Não estou sozinha: tem a formadora, a Marciana, que esteve conosco em todo o processo; temos as CUTs regionais, os formadores da rede nacional de formação, os secretários de formação das CUTs. Então, não é um processo feito sozinho, não é possível fazer dessa forma. Como a formação da escola é toda baseada na formação popular, quem faz o curso acontecer são os cursistas.
CUT Minas: Quais os próximos passos? Como vê o futuro da escola?
Marcelle: Desde que eu assumi a coordenação, foi um grande desafio. Fico feliz de ver toda a movimentação que conseguimos nos últimos tempos. Muita coisa aconteceu, muita coisa bonita, muita produção. E a expectativa é de continuidade desses cursos e de outros que virão. Me sinto lisonjeada, privilegiada e esperançosa.
CUT Minas