Escrito por: Rogério Hilário, com informações do Sindimetro/MG
Sindicato e categoria vão construir e apresentar até esta quinta-feira, 2 de março, proposta como alternativa à privatização. Metroviárias e metroviários podem ocupar novamente Brasília
Metroviárias de metroviários de Belo Horizonte decidiram manter a paralisação de 100% das atividades, iniciada no dia 14 de fevereiro, em assembleia realizada na noite desta quarta-feira, 1º de março, na Estação Central. A categoria, que após ocupação e ato em Brasília foi recebida por representantes do governo federal pela primeira vez, na tarde de terça-feira (28), volta a reunir nesta sexta-feira, 3 de fevereiro, às 17 horas, e espera uma resposta à proposta que o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Metroviários e Conexos (Sindimetro/MG) vai apresentar nesta quinta-feira (2) sobre as alternativas à privatização do Metrô. Caso o governo federal não responda às demandas de trabalhadoras e trabalhadores, nova ocupação da capital federal vai acontecer na próxima semana, nos dias 7 e 8 de março.
Na caravana a Brasília, com a manifestação na terça-feira, 28 de fevereiro, em frente ao Palácio do Planalto, a presidente do Sindimetro/MG, Alda Lúcia Fernandes dos Santos, o secretário-geral Daniel Glória, o diretor Sérgio Leôncio, e o presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), Jairo Nogueira Filho, foram recebidos pelos ministros Rui Costa e Márcio Macedo, onde foram apresentados todos os problemas da privatização do Metrô de Belo Horizonte, inclusive dos vícios encontrados no edital.
Eles responderam que não teriam mais como adiar a assinatura de repasse da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU-MG) para a empresa Comporte, ligada aos empresários do transporte rodoviário de passageiros, exceto se o Sindicato apresentasse fatos novos, o que já foi providenciado junto à assessoria jurídica do Sindicato.
Em relação aos trabalhadores que serão demitidos, o Sindicato solicitou a revogação da Portaria 206, no seu inciso que não permitia a transferência de trabalhadores para outras unidades da empresa no Brasil, no que ficaram de analisar e pediram para à entidade sindical fazer uma proposta detalhada de cada trabalhador sobre o desejo de serem transferidos para outra unidade da CBTU ou para outra empresa pública federal dentro da Região Metropolitana de Belo Horizonte, com a opção também de entrarem em um Programa de Demissão Voluntária (PDV), principalmente para os aposentados, e ainda, a possibilidade de aumentar o tempo de estabilidade dentro da própria empresa que assumirá o metrô em Belo Horizonte. Tudo isso foi negociado, mas sem que fosse feito um documento formal.
O Sindicato disponibilizou um requerimento para os trabalhadores preencherem e enviarem para o e-mail: sindimetro@sindimetromg.org.br, até as 15 horas desta quinta-feira, 2 de março de 2023, para o Sindicato enviar aos ministros até às 17 horas.
Na assembleia desta quarta-feira, a diretoria do Sindimetro/MG, trabalhadoras e trabalhadores lamentaram que tenham sido obrigados a fazer esta greve que prejudica a população, e que será mais prejudicada ainda com a privatização, como única saída encontrada para a categoria ser ouvida. A responsabilidade da continuidade da greve é do governo anterior e deste também que já poderia ter ouvido a categoria sobre as propostas que solucionem o problema dos seus empregos.
Embora Sindimetro/MG e categoria continuem lutando pela suspensão da assinatura do contrato de concessão da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU-MG) por 30 anos para a empresa Comporte, que venceu o leilão de privatização no dia 22 de dezembro, a presidente da entidade, Alda Lúcia Fernandes dos Santos, disse que está sendo construída para ser apresentada ao governo federal. “A partir de pedidos de metroviárias e metroviários, uma proposta que contemple a transferência para outras unidades, a realocação em outras empresas públicas federais, o PDV e a ampliação da estabilidade de quem permanecer na Comporte”, disse a dirigente sindical.
“Nos foi prometida nova reunião na próxima semana, depois de uma resposta à proposta que estamos construindo. Pela primeira vez, pediram que façamos uma proposta de fato. No tempo todo em que negociamos em Brasília, deixamos claro que o melhor cenário para nós seria a CBTU permanecer pública. No entanto, ele passou ao segundo lugar. Mas continuamos lutando contra a privatização. Se não derem resposta até sexta-feira, vamos de novo a Brasília e ficar dois dias”, acrescentou a presidenta do Sindimetro/MG.
“A reunião de ontem (terça-feira) foi resultado de uma luta direta que nós fizemos. Não fosse a greve, ato no Pátio São Gabriel, ocupações da CBTU e de Brasília, nós teríamos apenas como garantia a estabilidade de um ano que estipula o edital de leilão. A luta pela suspensão da assinatura do contrato ainda não acabou. Se formos a Brasília outra vez, levaremos mais gente, pois a assinatura está programada para daqui a nove dias. Nunca tivemos uma conversa tão promissora. O canal possível de diálogo se abriu. Temos até amanhã para dar uma resposta. Por isso, temos que nos manter mobilizados”, afirmou Pedro Henrique Martins Vieira, diretor do Sindimetro/MG.
Alda Santos manifestou sua revolta com o tratamento que dirigentes sindicais e apoiadores receberam em Brasília, antes que houve a reunião com representantes do governo federal. “Fomos recebidos com brutalidade, não como trabalhadoras e trabalhadores. Tropa de choque, cavalaria e Força Federal tentaram nos impedir de ficar na Praça dos Três Poderes. Resistimos, ficamos lá e fizemos um belíssimo ato.”