Escrito por: Rogério Hilário

Homenagem aos 36 anos de fundação da CUT é uma celebração do sindicalismo

Central recebe diploma de congratulações na Assemblei Legislativa pelas mais de três décadas de lutas e conquistas para a classe trabalhadora e o protagonismo no movimento sindical

Luiz Rocha/Mídia Ninja/LPS

Numa celebração na Assembleia Legislativa, com a participação de sindicalistas de várias categorias, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), na tarde desta sexta-feira, 13 de dezembro, foi homenageada pelos 36 anos de fundação, completados no dia 28 de agosto, e pela atuação em defesa da classe trabalhadora. Na audiência pública, o eletricitário Jairo Nogueira Filho, eleito, no dia 30 de novembro, presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG) no 13º Congresso Estadual (13º CECUT-MG), recebeu um diploma de congratulações das mãos da deputada Beatriz Cerqueira, autora do requerimento da cerimônia e ex-presidenta da Central

Durante a audiência, compuseram também a mesa o deputado Roberto Cupolillo, o Betão; Lourdes Aparecida de Jesus, secretária-geral da CUT Minas; José Celestino Lourenço, representando a CUT Nacional; Lourdes Aparecida de Jesus, secretária-geral da Central; Lucimar de Lourdes G. Martins, secretária da Mulher Trabalhadora; Vauvernagues Lopes, presidente da CUT Regional Sul; Maria de Fátima Lage Guerra, da Subseção do Dieese; e Emanoel Sobrinho, da Escola Sindical 7 de Outubro.

“A CUT surgiu para fazer a unidade da classe trabalhadora, no momento em que trabalhadoras e trabalhadores sofriam ataques do governo militar. Teve coragem e ousadia para fazer o Conclat e construir uma história de muita luta. Nesses 36 anos, houve mudanças no mundo do trabalho. Vivíamos um momento crítico na época da fundação. Mesmo assim, garantimos muitas conquistas na década de 1980. Sofremos ataques nos anos 1990. E, nos anos 2000, houve um período de avanços para a classe trabalhadora. Agora, estamos num momento de resistência, de ataques tanto do governo do Estado, quanto do governo federal, com retirada de direitos históricos, com reforma trabalhista, reforma da Previdência, terceirização sem limites. Estamos na resistência e preparados para lutar por um novo período de conquistas da classe trabalhadora. Esta fase tão ruim vai passar, com a unidade e a resistência”, disse Jairo Nogueira Filho, presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG).

“É uma responsabilidade muito grande substituir Beatriz Cerqueira na presidência da CUT Minas. Com ela, nestes sete anos, tivemos um saldo político e de estrutura. Fizemos hoje a primeira reunião na nova sede, uma conquista num momento tão especial. Não merecemos o que estamos passando e estamos dispostos a superar tudo isso. Vamos ocupar os territórios, mostrar ao povo que ele não precisa e não merece passar por isso. Viva a classe trabalhadora. Somos fortes, somos CUT”, concluiu Jairo Nogueira Filho.

Beatriz Cerqueira enfatizou que o voto de congratulações serve para que não consigam o que vêm tentando há muito tempo: apagar da da memória do país a história dos movimentos sindical e sociais. “Fazer a celebração dos 36 anos da CUT é uma resposta a quem nos ataca, nos criminaliza e tentam nos tornar invisíveis. Sabemos da resistência que temos feito, das muitas disputas nas ruas. Celebramos nossa história. Ninguém vai conseguir nos silenciar, apagar a história de quem faz a luta. Nossa tarefa é fazer o contraponto a quem nos criminaliza. Quando falamos é ideologia. Mas a Fiemg anunciou que vai premiar os parlamentares que votarem de acordo com os interesses dos empresários. Vejam só: como pode o poder econômico pautar, em o menor pudor, o poder legislativo. Eu e o Betão queremos nota zero da Fiemg. Nós temos lado: a classe trabalhadora. Quando eles falam em interferir no Legislativo, é empreendedorismo. Quando falamos, é ideologia”, analisou a deputada estadual.

“Desejo saúde e desejo afeto a todos vocês. O afeto é uma forma de combater este ódio, a melhor resposta à barbárie. Como me disseram, para isso é preciso muita leitura, muita música, muito vinho, muita cultura. Neste momento histórico, celebramos os 36 anos da Central Única dos Trabalhadores e das Trabalhadoras justamente em 13 de dezembro, mesma data em que foi editado, em 1969, o Ato Institucional número 5. Neste dia, a melhor forma de rememorá-lo é homenagear um instrumento de luta em defesa da vida, da democracia, da justiça social, como a CUT. E, com a Central, fizemos o contraponto à violência, ao AI-5. A ditadura é hoje os assassinatos, a violência contra a juventude, as mulheres que levam tiros no olho. E estamos juntos para fazer o enfrentamento em defesa da vida, da justiça. Viva a Central Única dos Trabalhadores e das Trabalhadoras. Viva a classe trabalhadora”, afirmou Beatriz Cerqueira.

José Celestino Lourenço, o Tino, secretário de Cultura e representante da CUT Nacional, falou das próximas ações da Central em 2020. “No dia 8 de março, nossa pauta será levada para as ruas com grande visibilidade, porque as mulheres é que organizarão. Faremos um grande Dia de Luta Nacional em Defesa dos Serviços Públicos e das Estatais. Mas também de luta pelo emprego e outras pautas de interesse da classe trabalhadora e do povo brasileiro. O 1º de Maio também terá uma grande mobilização nacional. Nosso desafio é grande. Enfrentar a MP 905, que muda 40 itens da CLT. No Congresso aprovaram a privatização da água. E precisamos compreender que o projeto econômico está associado à destruição de costumes. Os lunáticos do governo chamam a atenção do povo, enquanto nos atacam com a pauta que tem proibições, cortes de direitos, fechamento de regime e democracia autorizada. Vamos derrotar este governo, com muita luta.”

“É com prazer que faço parte da história da CUT. Eu, uma mulher quilombola. Não foi a luta pela terra que me trouxe para o movimento sindical. Eu entrei pela vida das mulheres, para que não sofressem a violência como eu. Não passassem o que passei. Pela Fetraf, eu entrei na CUT. E, em quatro anos, lutei pela formação das mulheres de várias categorias. Formamos mais de 100 companheiras, que podem ocupar os espaços que quiserem, sem precisar de homens. Temos muita disposição para seguir na luta e muita liga, pois o que afeta a qualquer categoria nos afeta também. Precisamos participar de todas as lutas, pois elas são de todos nós, não apenas de uma categoria ou de um movimento. Parabéns à Central”, disse a secretária da Mulher Trabalhadora, Lucimar Lourdes G. Martins.

“É com muito orgulho que faço parte da história da CUT e, agora, assumir a Secretaria-geral. Nossa grande tarefa é conseguir livrar o Brasil e o povo brasileiro deste impostor que se instalou na Presidência. E estamos unidos, vamos resistir e lutar para derrubar este governo de milicianos”, afirmou a secretária-geral Lourdes Aparecida de Jesus.

“É com muita emoção que sento nesta mesa. Fui pega de surpresa. E me emociono pela segunda vez hoje. Pela manhã, na reunião da Diretoria Estadual da CUT/MG, na sede nova, durante o debate sobre o plano de lutas, um dos pontos foi o fortalecimento do Dieese. Fizeram falas muito bonitas. Agora estou emocionada de novo. Informo que, na próxima semana, o Dieese faz 64 anos. Um departamento criado por sindicalistas e sindicatos. Em Minas Gerais, estamos há 40 anos. Um departamento que é um patrimônio do movimento sindical. É muito emocionante comemorar os 36 anos da CUT na condição de técnica da Subseção. O Dieese foi o meu primeiro e, até hoje, único emprego. Vivemos momentos difíceis, que afetam o Dieese. Só que a gente verga, mas não quebra. Estaremos sempre juntos”, afirmou Maria de Fátima Lage Guerra, economista e técnica do Dieese da Subseção da CUT/MG.

“Me sinto emocionado de fazer parte desta mesa. A Escola 7 de Outubro nasceu quatro anos depois da fundação da Central e foi a primeira do Brasil. A data 7 de outubro remonta o berço do sindicalismo mineiro, o Vale do Aço. E nesta data, em 1963, aconteceu a grande greve dos metalúrgicos, que enfrentaram a Usiminas e o governo do Estado. E os trabalhadores foram massacrados pela Polícia Militar. Hoje, os herdeiros do massacre estão no governo de Minas e do país. É contra eles que resistimos. A Escola é fruto da solidariedade dos trabalhadores da Fiat Turim, da Itália, deu origem à Rede Nacional de Formação da CUT e serve de referência em todo o país. Abriu a porta e hoje temos seis escolas no Brasil e atende a Minas, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Ela completou 32 anos em 28 de agosto. Precisamos cada vez mais do apoio da CUT e dos sindicatos. Vida longa à CUT, o maior instrumento da classe trabalhadoras brasileira”, falou Emanoel Sobrinho, da Escola Sindical 7 de Outubro.

O deputado estadual Roberto Cupolillo, o Betão, fez uma saudação aos dirigentes da CUT/MG e dos sindicatos CUTistas e analisou a conjuntura que levou ao nascimento da Central e das lutas do momento. “A CUT nasceu rompendo com o sindicalismo oficial e isto espantou a elite, os mesmos que apoiaram o golpe de 1964, o golpe de 2016 e as eleições de 2018. E se tornou a maior Central da América Latina em pouco tempo. Uma Central que é financiada pelos sindicatos para a luta e nasceu contrária ao imposto sindical, por causa do atrelamento ao Estado. E o movimento sindical sofreu justamente ataques em sua forma de financiamento, com o corte abrupto do imposto e a tentativa de impedir a contribuição de trabalhadoras e trabalhadores. E a destruição de direitos caminha a passos largos. Depois de tantas lutas, enfrentamentos a MP 905, que, com a carteira amarela, pode acabar com o 13° salário e um terço de férias. Enfrentamos a privatização do pré-sal, uma das maiores riquezas do país. Enfrentamos a grande mídia, fake News, whatsup e os ataques dos religiosos conversadores. Enquanto isso, a pauta econômica está entrando. Por isso saúdo companheiras e companheiras pela disposição para a luta. E estamos do mesmo lado, do lado da classe trabalhadora.”

Foto Rogério Hilário: A homenagem aos 36 anos de fundação da CUT na ALMG