Escrito por: Rogério Hilário

Jovens protestam contra ataque da CNI ao primeiro emprego

Manifestantes fazem ato na porta da Superintendência Regional de Trabalho e Emprego (SRTE-MG), em Belo Horizonte, contra proposta de reduzir as cotas para jovens aprendizes

Rogério Hilário

 Aos gritos de “governo ladrão, roubou minha profissão”, “fora Temer”, “aprendiz eu sou, cuidar do emprego eu vou”, “deixa eu trabalhar”, centenas de adolescentes realizaram, na manhã desta terça-feira (28), manifestação contra a proposta de redução da cota de jovens aprendizes que vai ser votada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e outras confederações. Além do impacto nocivo da reforma trabalhista, que destruiu a CLT, retirou direitos da classe trabalhadora e não reduziu o índice de desemprego, os empresários querem reduzir em até 75% as cotas para a porta de entrada no mercado de trabalho.

“Cerca de 90% dos jovens atendidos pelo Programa do Jovem Aprendiz são adolescentes de baixa renda. Com a modificação do Código Brasileiro de Ocupações, querem retirar 900 códigos, o que vai cortar 700 mil vagas. Com a reforma do ensino médio,  que aumentará a carga horária, o projeto será reduzido ainda mais e atenderá o número maior de jovens do ensino fundamental, ou seja, com 14 anos. Mas o programa é para jovens até os 24 anos”, disse Vanderli  Silva, da Rede Cidadã, uma das entidades  que coordenaram o ato desta terça-feira.

A luta dos jovens pelas ocupações no mercado de trabalho continua nesta quarta-feira (29), com reunião, às 10 horas, com o superintendente, na Superintendência Regional de Trabalho e Emprego (SRTE), para tratar do assunto. No dia 13 de setembro, vão fazer nova manifestação, desta ver em frente ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), da Avenida do Contorno. “Vamos levar ainda mais pessoas. Esta redução não pode acontecer”, acrescentou Carolina Resende, da Rede Cidadã. De acordo com Carolina Resende, “o objetivo final da CNI é modificar o Código Brasileiro de Ocupações (CBO) e reduzir o investimento do programa”.

 De acordo com o Fórum de Erradicação e Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente Trabalhador de Minas Gerais (Fectipa-MG), desde o início da reforma trabalhista, a Aprendizagem Profissional tem sofrido sucessivas tentativas de enfraquecimento e demandado constante atuação dos envolvidos, seja auditores, promotores, entidades formadoras e até mesmo jovens participantes do programa. O maior ataque, segundo o Fectipa-MG, pode acontecer nesta quarta-feira (29), quando a CNI vai se reunir para votar as alterações no CBO.

Ainda de acordo com a Fectipa-MG, considerando o atual nível de desemprego no país, muitas famílias têm encontrado no programa de aprendizagem não apenas o suporte financeiro para suas demandas básicas, mas, principalmente, a oferta de trabalho digno para adolescentes e jovens.