Escrito por: Rogério Hilário, com informações da CTB e da Frente Brasil Popular
Protesto em frente ao Memorial lembra nome das vítimas e exige Justiça já
“Privatização: a ganância mata”, “Vale assassina”, “Basta de lucro assassino”, “Reestatização já”, “Minas de luto e em luta”, “Vale de lama”. Com faixas, cartazes e mística, centenas de pessoas participaram, no final da tarde e no início da noite de quinta-feira (31), em frente ao Memorial da Vale, na Praça da Liberdade, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, de um protesto contra o crime ambiental, social e humano da mineradora em Brumadinho. Entre outras palavras de ordem, elas cantaram “aos nossos mortos nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta!”. O ato também lembrou o nome dos mortos e desaparecidos no ocorrido, e que a Vale é reincidente neste tipo de crime, e exige Justiça Já.
A manifestação, que marcou o sétimo dia da tragédia em que, até quinta-feira, 110 corpos haviam sido resgatados e mais de 300 continuavam desaparecidos, contou com a participação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), CTB, CSP Conlutas, Liga Operária, MAB, MST, MAM, movimentos sociais, populares e estudantis, sindicatos e outras organizações. Também se pronunciaram os deputados estaduais eleitos Andrea de Jesus (Psol) e Betão (PT).
Todos denunciaram a impunidade, o controle e omissão da comunicação, exploração predatória que objetiva abaixar custos para aumentar lucros a qualquer custo sem se importar com as vidas, e os efeitos da privatização. Os manifestantes também defenderam a implantação imediata de uma CPI para investigar, apurar e fiscalizar a atuação das mineradoras em nosso Estado e em todo o Brasil.
“A ganância e a busca de lucro a qualquer custo levaram a este crime em Brumadinho, provocado pela mesma empresa que já é reincidente, pelo crime que cometeu em Mariana há três anos. Com a privatização, em 1997, durante o governo de Fernando Henrique, o Bradesco e outras empresas assumiram o controle da Vale e, depois disso, foram de acumulando acidentes de trabalho que culminaram com este de Brumadinho, que é o maior acidente de trabalho do mundo, em que o número de vítimas pode superar 400. Quem mora lá diz que o número de pessoas atingidas é muito maior do que vem sendo divulgado pela imprensa. Ou seja: a privatização mata. No último ano, três usinas da Cemig foram privatizadas no Triângulo e já se teme pelo que pode ocorrer com este tipo de barragem. Estamos aqui para nos unir à lutar para que não aconteçam mais crimes como este. Contem sempre com a CUT”, disse Jairo Nogueira Filho, secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG).
A presidenta da CTB, Valéria Morato, pediu a prisão dos responsáveis por mais esse crime, que ela classificou como “assassinato coletivo”. Até o momento, já são 110 mortos e 238 desaparecidos. “Nós da CTB, da CUT e de todas as centrais que estão aqui, vamos fazer de tudo para que esses criminosos sejam presos e esses trabalhadores tenham as suas vidas recompensadas. Não podemos descansar enquanto esses criminosos não forem presos pagando por mais esse assassinato coletivo”, disse ela.
Valéria Morato chamou a atenção também para os planos de privatização do atual governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Partido Novo). Ele já anunciou que pretende privatizar várias estatais, entre elas a Cemig e a Copasa.
Governador Valadares
Duzentos e cinquenta integrantes da Frente Brasil Popular ocuparam a Vale, em Governador Valadares, na manhã de hoje, 31. Trata-se de um ato de indignação diante de mais esse crime ambiental e social da empresa e de solidariedade às famílias das vítimas de Brumadinho-MG.
Após rompimento da barragem de rejeito de minério já se contabilizam 99 mortos e 276 pessoas desaparecidas até o momento. Sabemos que esse número pode ser muito maior, que a empresa vem soltando os números reais aos poucos para tentar se safar da indignação da população.
A reincidência da Vale em crimes como este expressa o total desrespeito do sistema capitalista pela vida e pelo meio ambiente. Não bastou matar o Rio Doce, agora fizeram um massacre de trabalhadores.