Escrito por: Rogério Hilário
O Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem (Sindimet), juntamente com a Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/MG) e a base CUTista, se uniram nesta quarta-feira, 17 de fevereiro, em megamobilização em defesa dos direitos de trabalhadoras e trabalhadores da Woodbrook Drive Systems Acionamentos Industriais Ltda (WDS). A empresa, que tem sede na Cidade Industrial, em Contagem, Região Metropolitana (RMBH), não paga os salários para alguns há dez meses e, para outros, há mais tempo, não paga plano de saúde. Para piorar, demitiu ou fez acordo de rescisão com 80 funcionários e nenhum deles recebeu as verbas rescisórias. O protesto serviu para unir ainda mais a classe trabalhadora, que vem sendo atacada, seja no setor público quanto privado, na luta contra o projeto ultraneoliberal, genocida e fascista do governo Jair Bolsonaro.
A manifestação teve início, por volta das 14 horas, no Sindimet, no bairro Jardim Industrial. Após uma carreata até a sede da empresa, na Rua Quatorze, número 60, foram denunciados para a população o desrespeito da WDS aos direitos de trabalhadoras e trabalhadores. Em, em plena pandemia de Covid-19, a empresa não paga salários, plano de saúde. Metalúrgicas e metalúrgicos não recebem cesta básica ou têm quaisquer direitos respeitados. A WDS já foi condenada em inúmeras ações, individuais e coletivas, e, nenhum dos casos, cumpre o que a Justiça determina.
Durante o ato em frente à sede da empresa, as entidades sindicais e trabalhadores da empresa se manifestaram. A mobilização, segundo os organizadores do protesto, vai continuar. Segundo eles, os problemas começaram há mais de cinco anos.
Robson Gomes da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas dos Correios e Telégrafos e Similares de Minas Gerais (Sintect/MG) e da Direção Estadual da CUT/MG e também representando a Central, levou a solidariedade à luta de trabalhadoras e trabalhadores da WDS e enfatizou a importância da unificação das lutas.
“Venho trazer o apoio dos trabalhadores dos Correios e da CUT, que está atenta a esta luta, que não é apenas de metalúrgicas e metalúrgicos. Na prática estamos aqui para unificar a luta de todas as categorias, sejamos metalúrgicos, petroleiros, eletricitários, ecetistas. A luta na WDS é de todos os trabalhadores. É um absurdo o que está acontecendo. É uma situação inadmissível. E isso faz parte da política do governo Bolsonaro. A retirada de direitos, a desindustrialização, que já mandou embora do país empresas como a Ford. E que não reduz o desemprego, apenas gera empregos precários, com terceirização, quarteirização e uberização. Estamos juntos nesta luta.”
Para Heraldo Silva Ferreira, trabalhador da WDS, diretor do Sindimet, da FEM-CUT/MG e secretário de Comunicação da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), a situação é insustentável e há quase 20 anos os problemas são rotina na empresa. “O atraso nos salários, para alguns trabalhadores, supera dez meses. Quem recebe remunerações mais altas têm valores a receber desde 2018. A empresa demitiu, nos últimos 60 dias, em torno de 80 e, atualmente, sobraram 12 pessoas, que trabalham na portaria e no setor administrativo. Vários processos coletivos e individuais já foram julgados e a WDS não cumpre qualquer determinação da Justiça. Já são R$ 3 milhões de multas. O valor por não quitar acertos rescisórios já passam de R$ 2 milhões. As demissões aconteceram em abril, maio e dezembro de 2020. Até os que foram demitidos em 2019 têm acertos a receber. O plano de saúde foi cortado por falta de pagamento. Pedimos a reintegração do plano, ganhamos e ganhamos. Mas, a empresa não honra o compromisso”, afirmou o dirigente sindical.
“A direção da WDS está lotada em São Paulo, onde é a matriz. E estamos tendo dificuldades para dialogar com ela. Trabalhadoras e trabalhadores querem eleger uma comissão e protocolar um documento com nossas reivindicações lá, cobrando nossos direitos e um retorno da empresa. A matriz alega que não são do mesmo grupo econômico. Como? Os donos e os diretores são os mesmos. Nossa manifestação é para dialogar com a população. Dar visibilidade a este movimento e pressionar a empresa a quitar as multas rescisórias, para que trabalhadoras e trabalhadores sigam nas suas vidas. Quando era a Fender Brasil, uma empresa alemã, eram 600 trabalhadores. Um novo grupo, brasileiro, assumiu em 2001. Desde então, enfrentamos problemas e fizemos várias lutas. Em 2015, começaram os pequenos atrasos, que chegaram a situação atual”, acrescentou Heraldo Silva Ferreira.
Segundo o presidente do Sindimet, Geraldo Valgas, a entidade vem lutando junto com trabalhadoras e trabalhadores da WDS pelo respeito aos seus direitos há décadas e vai buscar, junto com eles e a união da classe trabalhadora, a vitória nesta luta. “Há 20 anos, a Fender funcionava em três turnos. Agora, são mais de dez meses de pagamento, INSS, FGTS atrasados e sem plano de saúde. Já fizemos greves na empresa. Em 2019 passamos o Natal aqui. Somos vigilantes há muitos anos, participamos de negociações. Mas, infelizmente, chegamos a este ponto. Era uma empresa boa, pagava bons salários e contratava profissionais qualificados para a produção de redutores - equipamentos para área de mineração. Mais de 70% da produção era para Vale do Rio Doce. Agora, ninguém quis ficar lá. Muitos acertaram e foram brigar na Justiça Trabalhista.”
Margareth Silva Gonçalves, secretária das Mulheres Trabalhadoras do Sindimet, também se solidarizou com metalúrgicas e metalúrgicos da WDS. “Venho aqui representar todas as companheiras metalúrgicas. É muito importante estarmos unidas. Querem destruir todas as ferramentas que a classe trabalhadora tem para lutar pelos seus direitos. Ainda mais quando se luta pelos seus direitos. Não vão nos vencer pelo cansaço. Não vamos desistir nunca. Vamos até São Paulo para botar a boca no trombone para que os patrões saibam que não estamos de brincadeira.”
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