Escrito por: Rogério Hilário, com informações de O Tempo e Sindimetro/MG

Metroviárias e metroviários realizam ato contra aumento da tarifa do Metrô de BH

População não foi ouvida sobre a privatização e vai sofrer as consequências da entrega de um serviço essencial, agora submetido à ganância dos empresários

Sindimetro/MG

O Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro/MG) toda a população da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) para protesto nesta sexta-feira, 30 de junho, contra o reajuste da tarifa do Metrô em quase 18%. O ato vai ser realizado na Praça da Estação, da Região Central da capital mineira, a partir das 17 horas.

A tarifa do Metrô de Belo Horizonte vai subir a partir do dia 1° de julho. O valor do bilhete será reajustado em 17,78%, o que elevará o preço dos atuais R$ 4,50 para R$ 5,30 a partir do próximo mês. A autorização para o aumento foi publicada pela Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra), no Diário Oficial de Minas Gerais no dia 24 de junho.

A privatização do metrô se deu durante o governo de Romeu Zema, através de um leilão para a empresa Comporte Participações S.A., e desde então já teve oito aumentos. O grupo venceu o leilão da concessão em 22 de dezembro de 2022. A Comporte, que será responsável pela gestão do Metrô BH pelos próximos 30 anos, apresentou a única oferta no leilão de R$ 25.755.111,00 milhões.

É o primeiro aumento da tarifa desde a concessão (privatização) do Metrô de Belo Horizonte, há três meses. Em nota, a concessionária Metrô BH confirmou que aplicará o reajuste e declarou que a “atualização do valor em 17,78% está prevista no contrato de concessão e corresponde à inflação de março de 2021 a março de 2023, período em que o preço da passagem permaneceu sem aumentos”.

Ainda conforme o comunicado, com a concessão, “diversas melhorias serão realizadas na infraestrutura do Metrô, como a modernização e expansão da linha 1 e a implantação da linha 2. O investimento previsto é de R$ 3,7 bilhões ao longo de toda a concessão”. O prazo da concessão é de 30 anos e, deste valor previsto, R$ 3,2 bilhões sairão dos cofres dos governos federal e estadual. Ou seja, as melhorias, se de fato acontecerem, serão viabilizadas com dinheiro público.

Em abril, a concessionária declarou que o tamanho do reajuste repassado à tarifa paga por usuárias e usuários dependeria de o governo abrir mão de lucratividade com uma parcela do valor retido nos cofres públicos estaduais.

A população não foi ouvida sobre a privatização do Metrô de BH, nas mãos de empresários vai imperar a ganância, e vai sofrer as consequências da entrega de um serviço essencial para a iniciativa privada. Qual governo teria coragem para anular esta doação para o setor privado? Problemas nas vias e estações só aumentam, mas a passagem vai subir ainda mais. Nos últimos quatro anos, o valor da tarifa do Metrô de Belo Horizonte já foi reajustado sete vezes (200%), subindo de R$ 1,80 para R$ 4,50. Em julho, o aumento será de 17,78%.

Mobilidade urbana

A cidade de Belo Horizonte precisa urgentemente conversar sobre mobilidade urbana. O Metrô que tem uma pequena extensão entre Beagá e Contagem ainda não conseguiu chegar até o Barreiro e outras regiões. Os trens andam lotados e as estações estão em grande parte com problemas nos elevadores e escadas rolantes, que impedem o acesso de pessoas com deficiência ou idosas.

A participação da população é urgente. Nos ônibus o subsídio apenas mascara o valor de R$ 6,00 e as linhas continuam funcionando com horários distantes da necessidade da população. O povo paga a conta enquanto os empresários lucram com o direito ao transporte público.