Escrito por: Rogério Hilário
Categoria conta com o apoio da CUT/MG, dos movimentos sindical, sociais, populares e estudantis e de lideranças políticas na luta contra a cisão e privatização da CBTU-BH
Metroviárias e metroviários aprovaram na noite de quinta-feira, 25 de novembro, em assembleia geral, a primeira delas presencial em tempos de pandemia de Covid-19, aprovaram, por unanimidade, o estado de greve e a assembleia permanente como as próximas ações e mobilizações contra a cisão da Superintendência (STU-MG) da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) que, em 2022, vai concretizar a privatização do metrô de Belo Horizonte.
Nas lutas, a categoria conta com o apoio da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), do Sindicato dos Jornalistas Profissionais (SJPMG), dos movimentos sindical, sociais, populares e estudantis e de lideranças políticas, como o deputado estadual Betão (PT) e a vereadora, por BH, Iza Lourença (Psol), bilheteira do metrô. A atividade foi realizada na Praça da Estação, em frente à Estação Central do Metrô de Belo Horizonte.
A proposta de privatização do metrô (PLN15/2021) envolve um aporte bilionário de R$ 2,8 bilhões, sem o compromisso de se investir na construção da linha Calafate-Barreiro, ou da modernização do sistema atual. Para viabilizar tal processo, o Ministério da Economia pretende transformar as superintendências da CBTU em subsidiárias, iniciando-se pela cisão do metrô de Belo Horizonte e criando uma empresa para organizar o processo de privatização, a Veículo de Desestatização MG (VDMG). Esta é quem receberá do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) cerca de R$ 3,7 bilhões como donativos para um futuro repasse ao governo do estado, que imediatamente fará a concessão para a iniciativa privada.
Membros do governo já disseram que precisam se livrar deste abacaxi (o metrô de BH) que não dá lucro, e num primeiro movimento para torná-lo para a inciativa privada aumentou as tarifas de R$ 1,80 para R$ 4,50, que tendem a continuar subindo. Mas o metrô não foi criado para dar lucros. Ele foi criado para viabilizar o direito constitucional à mobilidade urbana.
O Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro/MG) vem pressionando de diversas formas para que o metrô não seja privatizado, exercendo muita pressão e cobrança sobre os parlamentares em Brasília, usando de diversos mecanismos jurídicos, buscando visibilidade para a discussão do assunto nos meios de comunicação etc. Apesar de todos os esforços, no último dia 19, foi derrubada uma liminar que suspendia a assembleia de acionistas da empresa que pretendia dar aval para a cisão da STU-BH e a criação da VDMG.
Em resposta a mais este ataque, e buscando defender os direitos dos empregados, o Sindicato sabe que é um momento de grande tensão para todos os trabalhadores, principalmente porque o mais provável que ocorra neste processo é a demissão de todos os concursados. O Sindimetro/MG defende tanto os direitos de trabalhadoras e trabalhadoras quanto que seja respeitado o objetivo da CBTU, que é o fornecimento do transporte social à toda população. Essa é a única forma de garantir os empregos e um transporte público de qualidade para toda BH.
“Nós vamos ter mais uma audiência no Ministério Público do Trabalho dia 15 de dezembro e até lá, provavelmente, não vai haver greve. Mas não tendo nenhuma coisa concreta dessa dessa mediação, a categoria deflagra uma greve no dia seguinte”, diz o presidente do Sindimetro/MG.
“Com o estado de greve nós podemos, a qualquer momento, fazer uma convocação emergencial da categoria para uma mobilização. Seja uma assembleia informativa, deliberativa, inclusive com chamada de paralisação total. Porque este vai ser o enfrentamento. Já tivemos duas audiências no Ministério Público com duas mediações. Na próxima se comprometeram a trazer algo mais concreto sobre o destino dos trabalhadores caso a cisão e a privatização da CBTU-BH se concretizem. Somos contra a cisão e a privatização de BH, por motivos óbvios. Já está comprovado que onde se fez deu errado. E vai dar errado aqui também. Não é benéfico para a população, para os trabalhadores, nem para o governo. Só vai ser benéfico para o capital. Quem vai sair ganhando em tudo isso são as concessionárias. E essa assembleia, com a participação da categoria, e com os apoios que recebemos, é uma demonstração do que vamos enfrentar e que nós vamos vencer esta batalha. O Estado de greve é um recado para o governo federal, para os governantes que estão querendo entregar o metrô para a iniciativa privada, afirmando que isso é a solução. Tem dinheiro para privatizar, mas não tem dinheiro para ampliar, para modernizar. O governo trabalha para o capital, para os banqueiros e multinacionais. Não trabalha para o povo”, acrescentou Romeu José Machado Neto.
“Pela primeira vez a cisão chega até nós. Porque é um processo. Primeiro vamos passar para o Estado. Em março de 2022, quando tem um edital do leilão, haverá várias empresas concorrendo e nós seremos privatizados. Para terem uma ideia foi criada uma empresa chamada VDMG. Esta empresa foi criada para ser um cabide de emprego. Ela tem uma diretoria, um conselho administrativo e vai receber todo o recurso destinado para criação e modernização da Linha 1. Serão exatamente R$ 2,8 bilhões, mais R$ 400 milhões do governo do Estado. A VDMG não vai operar os funcionários. Ela só vai operar os recursos. E com isso, o que vai acontecer conosco? Nós temos o direito de saber. Hoje estamos na mira, somos a bola da vez. Existe uma intenção de privatizar a CBTU”, disse Alda Lúcia Fernandes dos Santos, diretora do Sindimetro/MG.
“É com muita satisfação que nós vemos metroviárias e metroviárias numa assembleia geral presencial aqui, na Estação Central, local em que se pode dialogar com a população sobre como o metrô público é essencial. E, principalmente, que continue a ser público. A CUT está aqui para fortalecer esta luta e vocês podem contar a Central e toda a sua base sempre. Para desqualificar este serviço essencial, impuseram uma tarifa absurda, e instituíram um modelo privado dentro da empresa. Da mesma forma o governador Romeu Zema age na Cemig e na Copasa, visando a privatização. No dia 30 vai acontecer um ato conjunto de trabalhadoras e trabalhadores da Cemig e da Copasa contraa este projeto entreguista. Trabalhadoras e trabalhadores da Copasa estão sem acordo coletivo há quase três anos. A Cemig já recebeu a pauta dos sindicatos, mas não negocia. Por isso é importante a nossa resistência e a luta conjunta contra as propostas de vender os Correios, o Metrô e todas as empresas estatais. A população tem que entender que ela será prejudicada e vai pagar mais caro por esses serviços”, disse o presidente da CUT/MG, Jairo Nogueira Filho.
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