Escrito por: Rogério Hilário

Metroviárias e metroviários de BH retomam greve para garantir empregos e direitos

Categoria, representada pelo Sindimetro/MG, é surpreendida com assinatura do contrato de transferência do Metrô para a empresa Comporte antes de ser resolvida a situação de 1.600 trabalhadoras e trabalhadores

Rogério Hilário

Metroviárias e metroviários de Belo Horizonte aprovaram na noite de sexta-feira, 24 de março, em assembleia realizada na Estação Central, retomada da paralisação de 100% das atividades à 0 hora da próxima terça-feira, dia 28. A categoria, organizada e coordenada pelo Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos (Sindimetro/MG), decidiu manter pressão sobre os órgãos do governo federal, envolvidos no processo de privatização do Metrô, para que encontrem soluções para a manutenção dos empregos de 1.600 trabalhadoras e trabalhadores, ameaçados pela venda da CBTU-MG para a empresa Comporte Participações S/A e com a garantia de apenas um ano de estabilidade pelo documento assinado. Trabalhadoras e trabalhadores votaram por voltar à greve total por entender que são empregados públicos concursados e não podem ser transferidos para uma empresa privada.

Embora houvesse o comprometimento de instâncias do Judiciário e de ministérios do governo federal de que não haveria a concretização da transferência para a empresa até que se encontrassem propostas que atendessem as reivindicações de metroviárias e metroviários, o contrato com a Comporte foi referendado e assinado na quinta-feira, 24 de março. A greve encerrada na última segunda-feira, durou 34 dias. Durante o período de três anos de lutas, aconteceram outras paralisações, mobilizações, caravanas a Brasília e negociações de apoiadores e parlamentares com autoridades e ministros, que só aconteceram por causa da luta e da resistência da categoria e do Sindimetro/MG.

Metroviárias e metroviários de Belo Horizonte seguem na luta pelas suas reivindicações. Na sexta-feira, representantes da comporte procuraram a diretoria do Sindimetro/MG para dizer que a empresa continuará funcionando como antes, que precisa dos funcionários, pois são mão de obra especializada e difícil de ser encontrada ou treinada, mas nada de dar garantias para trabalhadoras e trabalhadores a longo prazo.

A diretoria do Sindimetro/MG e apoiadores do movimento, como a Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), movimentos sociais e parlamentares, ainda buscam interferência do Ministério Público do Trabalho (MPT) e têm reunião com Luiz Marinho ministro do Trabalho e Emprego, no dia 3 de abril para discutir a situação dos 1600 metroviários. Na assembleia houve críticas de todos com o descaso do governo federal com a pauta das privatizações.

“Todos nós estamos tristes. A gente acreditou no governo federal e não fomos sequer recebidos. Nos encontramos com representantes da Comporte hoje. Foi uma fala macia, cheia de promessas. Mas já cancelaram as liberações dos dirigentes do Sindimetro/MG. Nós não somos empregados da Comporte. Vamos seguir lutando pela transferência para outras unidades. E não vamos negociar com a empresa, para não referendá-la. Nossa discussão é por todos os empregados. Não vamos discutir nenhuma pauta com a Comporte. A união é o caminho para dizermos que não aceitamos a Comporte”, disse Alda Lúcia Fernandes dos Santos, presidenta do Sindimetro/MG.

“O golpe, a porrada aconteceu por volta das 13 horas de ontem (quinta-feira, dia 23). A verdade é que tudo estava sacramentado na semana passada. Vamos lutar até o fim. Não somos empregados da Comporte. Não podem mudar os nossos contratos de trabalho, pelo menos em um ano. E estamos na luta pelos nossos direitos. Eles precisam ficar com os trabalhadores, por um longo tempo, porque são mão de obra específica. Sem nós, a Comporte não faz o Metrô circular.  Vamos lutar até o fim, até os últimos recursos do Sindicato”, enfatizou Daniel Glória Carvalho, secretário-geral do Sindimetro/MG.

“A luta não acabou. Estaremos juntos sempre. O mais importante é manter a unidade neste processo. O simples fato de o governo ter assinado o contrato não dá por encerrado o processo. Temos a reunião com o ministro Luiz Marinho. A CUT Minas nunca vai abandonar este barco. Estaremos sempre juntos. Não podemos aceitar a privatização do Metrô de Belo Horizonte. Nós vamos cobrar, sempre

“Não elegemos o presidente Lula para vermos privatizações. E sim para, entre outras pautas, a revogações de reformas, como a trabalhista e da Previdência. Vamos continuar nas ruas pelas pautas da classe trabalhadora, como os petroleiros, que se mobilizam contra as privatizações e os eletricitários, que buscam a revogação da privatização da Eletrobras. A luta tem que continuar. Vocês podem contar com a gente”, afirmou Sumara Ribeiro, do mandato do deputado estadual Betão (PT).