Escrito por: Rogério Hilário, com informações do Sindimetro/MG, Hoje em Dia e O Tempo
Categoria, em greve desde o dia 25 de agosto, aprova, em assembleia, ampliação do número de viagens no domingo, dia das eleições, e paralisação total quarta-feira e quinta-feira
Em protesto, chamado de “Bananaço”, contra o leilão de privatização do metrô de Belo Horizonte, marcado para 22 de dezembro, metroviárias e metroviários distribuíram 7 mil bananas aos usuários do transporte público, na Praça da Estação, região Central, na tarde de quinta-feira, 29 de setembro. Na manifestação, cujo objetivo era ironizar o lance mínimo estipulado pelos governos do Estado e federal, trabalhadoras e trabalhadores denunciaram à população que a Companhia Brasileira de Trens Urbanos em Minas Gerais (CBTU-MG) está sendo vendida “a preço de banana” e que a desestatização vai resultar em demissão de 1,6 mil funcionários e aumento anual do valor da passagem.
Além disso, o vencedor do leilão, terá subsídio de R$ 3,6 bilhões dos governos de Romeu Zema (Novo) e Jair Bolsonaro (PL) – financiamento com dinheiro público – para realizar, até 2027, a linha do Bairro Nova Suíça ao Barreiro. O leilão tem um lance mínimo de R$ 19 milhões, valor que não compra um único trem (a CBTU-MG tem 35 composições férreas, 19 estações, quatro subestações de energia, dois complexos de manutenção e 29 quilômetros de linha).
Durante o protesto, a categoria contou com o apoio da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), sindicatos, movimentos sociais, de mandatos e candidatos às eleições, entre eles o da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT).
Segundo o diretor de comunicação do Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro/MG), Pablo Henrique Ramos de Azevedo, a desestatização é um "assalto aos cofres públicos". "Estava previsto, lá trás, em um estudo do BNDES, o lance mínimo de R$ 24 milhões, e rebaixaram para R$ 19 milhões. Estão querendo doar a empresa pública. Estão vendendo a preço de banana. Não paga nem um trem", alertou o sindicalista.
“Estamos em uma importante manifestação de metroviárias e metroviários, denunciando a possibilidade de privatização do Metrô, prevista para 22 de dezembro pelos governos de Bolsonaro e Zema. Num valor muito menor do que vale realmente o Metrô e com risco ainda de demissão de trabalhadoras e trabalhadores concursados, especializados na questão do Metrô aqui da Região Metropolitana. A gente defende a ampliação, sem privatização por entender que não há essa necessidade. E que o serviço, sendo público, tenha uma melhor qualidade para poder oferecer à população e um preço também melhor. Estamos na luta para manter empresa enquanto pública, a ampliação do Metrô e a redução da tarifa para que mais pessoas possam usar esse serviço”, disse Jairo Nogueira Filho, presidente da CUT/MG.
A objeção ao preço da venda do metrô, segundo o sindicalista, é que o patrimônio da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU-MG), que opera o Metrô de BH, chegou a ser avaliado em R$ 750 milhões pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Escala no domingo e paralisações na semana
Em greve desde o dia 25 de agosto, metroviárias e metroviários aprovaram, em assembleia realizada na noite desta quinta-feira, 29 de setembro, na Estação Central, em Belo Horizonte, paralisar totalmente as atividades quarta-feira, 5 de outubro, e quinta (6). A decisão aconteceu em reunião da categoria, convocada e coordenada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro/MG).
A categoria também aprovou a ampliação do número de viagens no domingo, 2 de outubro, devido às eleições. De acordo com Pablo Henrique, diretor de Comunicação do Sindimetro/MG, durante a assembleia foi proposto um intervalo de 15 minutos entre os trens nas estações – o habitual são 32 minutos, aos domingos, na greve, determinado pela Justiça. A categoria vai fazer o pedido de alteração do intervalo à CBTU. “Esperamos que a empresa aceite a proposta”, disse o dirigente sindical.
Após a deflagração da greve, em 25 de agosto, metroviárias e metroviários ficaram dois dias paralisados. A partir de decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), trabalhadoras e trabalhadores implementaram uma escala mínima, diária, de 60% do número de viagens.
De acordo com o presidente do Sindimetro/MG, Daniel Glória Carvalho, o cenário permanece o mesmo desde que a greve foi deflagrada: pouco diálogo e nenhuma abertura de negociação. A categoria aponta que, com a privatização, 1,6 mil trabalhadoras e trabalhadores concursados serão demitidos, sem opção de remanejamento para outros órgãos ou serem absorvidos pela nova empresa que passará a administrar o Metrô. A única garantia, proposta pela CBTU-MG, até agora é uma estabilidade de 12 meses para quem quiser permanecer no cargo. Segundo Daniel Carvalho, é inviável.