Escrito por: Rogério Hilário, com informações do Sindimetro/MG
Sindimetro/MG distribui bilhetes grátis na Estação Central na véspera do aumento da passagem de 17,78%, três meses depois da concessão do serviço para iniciativa privada, o que totaliza 290% desde 2020
Metroviárias e metroviários se uniram com usuários e usuárias do Metrô de Belo Horizonte se uniram em protesto contra o reajuste da tarifa no final da tarde e no início da noite de sexta-feira, 30 de junho, em ato público e mobilização na Estação Central, na Praça da Estação, na Região Central. O valor da passagem aumentou neste sábado, 1º de julho, de R$ 4,50 para R$ 5,30, quase 18%, o que totaliza desde 2020, quando se viajava por R$ 1,80, em torno de 290%.
Convocada pelo Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos (Sindimetro/MG), a manifestação teve panfletagem, com distribuição gratuita de bilhetes de passagens e de pipoca. Na atividade, dirigentes sindicais e apoiadores denunciaram que a privatização do Metrô em menos de três meses resultou em reajuste, sem que a empresa que ganhou o leilão, a Comporte Participações S.A., tenha feito qualquer obra ou ação ou melhoria na prestação de serviços à população da Grande BH. Os dirigentes sindicais defenderam que o Metrô público poderia ter tarifa social ou gratuita, benefícios para a população mais carente, trabalhadoras e trabalhadores.
A Metrô BH, segundo a entidade sindical, apenas mudou o visual das composições metroferroviárias e ofereceu o Wi-fi. Destacaram, também, que o aumento do preço da passagem foi autorizado pela Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra), no Diário Oficial de Minas Gerais no dia 24 de junho. O governo de Romeu Zema se empenhou muito na privatização do Metrô de Belo Horizonte e até comemorou a vitória da Comporte no leilão do dia 22 de dezembro do ano passado, quando a empresa se apropriou de um patrimônio de R$ 750 milhões com um lance único de R$ 25 milhões.
É o primeiro aumento da tarifa desde a concessão (privatização) do Metrô de Belo Horizonte, há três meses. Em nota, a concessionária Metrô BH confirmou que aplicará o reajuste e declarou que a “atualização do valor em 17,78% está prevista no contrato de concessão e corresponde à inflação de março de 2021 a março de 2023, período em que o preço da passagem permaneceu sem aumentos”.
Ainda conforme o comunicado, com a concessão, “diversas melhorias serão realizadas na infraestrutura do Metrô, como a modernização e expansão da linha 1 e a implantação da linha 2. O investimento previsto é de R$ 3,7 bilhões ao longo de toda a concessão”. O prazo da concessão é de 30 anos e, deste valor previsto, R$ 3,2 bilhões sairão dos cofres dos governos federal e estadual. Ou seja, as melhorias, se de fato acontecerem, serão viabilizadas com dinheiro público.
Em abril, a concessionária declarou que o tamanho do reajuste repassado à tarifa paga por usuárias e usuários dependeria de o governo abrir mão de lucratividade com uma parcela do valor retido nos cofres públicos estaduais.
A população não foi ouvida sobre a privatização do Metrô de BH, nas mãos de empresários vai imperar a ganância, e vai sofrer as consequências da entrega de um serviço essencial para a iniciativa privada. Qual governo teria coragem para anular esta doação para o setor privado? Problemas nas vias e estações só aumentam, mas a passagem vai subir ainda mais.
Em 30 anos de Metrô em Belo Horizonte, pela primeira vez a tarifa da prestação de serviço de transporte coletivo está prestes a ser mais cara que as passagens de ônibus. Está previsto, caso do subsídio às concessionárias de Belo Horizonte seja aprovado, que as tarifas de ônibus sejam reduzidas de R$ 6 para os anteriores R$ 4.50.