Escrito por: Rogério Hilário, com informações do Sind-UTE/MG e Sindifes
Dia Nacional de Lutas em Defesa da Educação foi convocado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) em protesto contra o anúncio do governo Bolsonaro do bloqueio de R$ 2,4 bilhões de recursos do MEC
Movimentos estudantis, sociais e sindicais e parlamentares foram às ruas de Belo Horizonte, nesta terça-feira, 18 de outubro, para o Ato contra os Cortes na Educação, pela Ciência e a Tecnologia. A mobilização também aconteceu em outros 11 municípios mineiros: Poços de Caldas, Uberlândia, Viçosa, Uberaba, Governador Valadares, Timóteo, Ipatinga, São João Del-Rei, Teófilo Otoni e Juiz de Fora.
O Dia Nacional de Lutas em Defesa da Educação foi convocado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) em protesto contra o anúncio do governo Bolsonaro do bloqueio de R$ 2,4 bilhões de recursos do Ministério da Educação (MEC). A pasta já havia sofrido com outros cortes e contingenciamentos ao longo do ano. O episódio causou uma onda de indignação nas comunidades acadêmicas de universidades de todo país. A concentração aconteceu na Praça Afonso Arinos. Os manifestantes saíram em passeata pela Avenida João Pinheiro, Avenida Afonso Pena, passaram pela Praça Sete e encerram o Ato na Praça da Estação.
“Hoje, estamos nas ruas para resistir e dialogar com a população sobre a política do neofascismo, a destruição e os ataques à educação, ao genocídio da população negra. Tentam nos colocar na posição de medo todos os dias, mas a gente é amor, é diálogo e vamos retomar nosso país”, disse Marquinhos do Diretório Central dos Estudantes (DCE), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG), Denise Romano, destacou o quanto o governo Bolsonaro tem atacado a educação, os serviços públicos, a ciência e a tecnologia, e parabenizou os movimentos sociais, sindicais e estudantis pela grande manifestação. “Esse governo já acabou, se arrasta, é um governo da destruição. Quem está nas universidades e institutos federais viu de perto, nesses quatro anos, o que é um governo que está a serviço do mercado”, afirmou.
“Hoje a aula é nas ruas, mas, no dia 30 de outubro, vamos fazê-la nas urnas e eleger Lula presidente do Brasil e aí daremos a maior aula de cidadania. A nossa luta é todo dia! Educação não é mercadoria”, disse Camila Morais, vice-presidente da UNE.
Beatriz Cerqueira, deputada estadual, Rogério Correia e Patrus Ananias, deputados federais pelo PT, marcaram presença e também falaram o quanto é importante enfrentar o fascismo e o retrocesso do atual governo, que destrói a educação pública. “Estão acenando, novamente, com a PEC 32, que privatiza os serviços públicos e acaba com a educação. Por isso essa gente precisa ser derrotada”, disse o deputado Rogério Correia.
Já a deputada Beatriz Cerqueira enviou um recado para o governador Zema, dizendo que, em Minas, não tem gado, mas, sim, gente que pensa, que esteve no primeiro turno com Lula e com ele também estará neste segundo. “Essas são as eleições mais importantes das nossas vidas. Parabéns a todos vocês pela luta coletiva, popular, sindical e estudantil. Nosso lugar até o dia 30 e depois dele é ocupando as ruas. Vamos derrotar o fascismo, a milícia no poder e retomar a democracia”.
Em coro, os manifestantes cantaram a todo tempo as palavras de ordem: “A nossa luta unificou: é estudante junto com trabalhador.”.
Sobre os cortes
O governo Bolsonaro anunciou, no início deste mês, o bloqueio de R$ 2,4 bilhões de recursos do Ministério da Educação (MEC). Vale lembrar que ele já havia feito outros cortes e contingenciamentos ao longo do ano e tudo isso vem causando muita indignação nas comunidades acadêmicas de universidades de todo país.
Depois das pressões e das manifestações contrárias aos cortes na educação, o governo federal recuou. No entanto, após o recuo nos cortes bilionários na educação, o governo federal mirou o alvo para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Uma publicação do dia 6 de outubro no Diário Oficial da União (DOU) mostra que o governo federal bloqueou R$ 616 milhões do orçamento da pasta destinados a atividades de pesquisa nas universidades públicas.
Os recursos são de programas estratégicos para a soberania do país como o Fomento a Projetos de Implantação, Recuperação e Modernização da Infraestrutura de Pesquisa das Instituições Públicas (CT-Infra), o Fomento à Pesquisa e Desenvolvimento em Áreas Básicas e Estratégicas, Saúde, Inovação Tecnológica, Pesquisa no Setor Mineral, Energia Elétrica, Transportes Terrestres e Hidroviários, Recursos Hídricos e Biotecnologia, entre outros.
Por entenderem que há riscos iminentes de novos cortes, as entidades optaram por manter a convocação de um Dia Nacional de Lutas em Defesa da Educação.