Escrito por: Rogério Hilário
Famílias exigem inclusão no programa habitacional e que ocupações não sejam removidas
Moradores, inclusive crianças, das ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória, no terreno da Grana Werneck, no Isidoro, Região Norte de Belo Horizonte, ocuparam nesta segunda-feira (25) a agência Séculao da Caixa Econômica Federal, na rua Carijós, Praça Sete, Centro da capital. O grupo segura cartazes dentro do local, faz apitação e cantam "daqui não saio, daqui ninguém me tira". Eles garantem que não deixarão o local enquanto não se reunirem com a superintendência do banco, cujo adendo do contrato da verba de R$ 2 bilhões para habitações do programa Minha Casa, Minha Vida impõe a retirada das 8 mil famílias que estão na área até o domingo, dia 31 de agosto.
Os manifestantes querem adiamento do prazo e os moradores sejam incluídos no programa e, ao mesmo tempo, que sejam mantidos na área ocupada. Segundo eles, não tem sentido construir moradias para pessoas de baixa renda à custa da remoção de famílias que ocupam menos de 10% do terreno.
Na última sexta-feira (22), os moradores da região do Isidoro ocuparam outra agência da Caixa, na avenida do Contorno, na Savassi, região Centro-Sul de Belo Horizonte. Os manifestantes deixaram o local com uma promessa de nova reunião nesta segunda-feira.
“Não tem sentido condicionar a liberação de verba para habitações populares à remoção de 8 mil famílias. Nós queremos que todos continuem onde estão e que o programa Minha Casa, Minha Vida seja realizado na área que está desocupada, que é mais de 90% do terreno. Queremos uma saída justa para todos, pois 80% das famílias estão cadastradas no Minha Casa, Minha Vida. Ao contrário do que o prefeito vem dizendo, não estamos furando fila. Além disso, desde 2009, a prefeitura só fez 1.400 construções, enquanto as famílias das ocupações construíram 15 mil casas”, disse Poliana de Souza, coordenadora do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).
“A Caixa tem que se posicionar e não pedir reintegração de posse. Não apresentaram nenhuma solução sobre o destino das famílias. A prefeitura disse que tem abrigo, que providenciou galpão, mas não é isso que queremos. Sabemos que em Belo Horizonte não há abrigos suficientes para 8 mil famílias. Falam que só tem vagabundo nas ocupação, o que é uma mentira. Mentem ao divulgar cadastro sem qualquer idoneidade e dizem que moradores das ocupações têm imóveis e carros importados. Quem tem carros importados são apoiadores das ocupações. Eles não moram lá, mas fazem vigília para nos ajudar. Tudo que vem acontecendo comprova que a prefeitura não tem política habitacional. As famílias que estão no Isidoro construíram mais casas que a PBH. Na área dá para adequar os moradores e o projeto Minha Casa, Minha Vida. Falta vontade política da Caixa, do governo e da prefeitura. Já apresentamos oito propostas e não obtivemos respostas satisfatórias”, afirmou Charlene Cristina, da Ocupação Rosa Leão.