Escrito por: Rogério Hilário

“Parem de nos matar”, gritam as mulheres em Belo Horizonte

8 de Março é marcado pelas lutas contra todo o tipo de violência, pela equidade de gênero, pela democracia, contra as privatizações, por fora Zema e contra o genocídio dos palestinos   

Fotos Rogério Hilário

Com o lema “parem de nos matar”, as pautas “contra todo o tipo de violência”, “pela equidade de gênero”, “pela democracia”, “contra as privatizações”, “fora Zema” e “Palestina Livre”  as mobilizações do Dia Internacional da Mulher 2024 (8 M) aconteceram em três cenários que se entrelaçaram em Belo Horizonte nesta sexta-feira, 8 de março.

A primeira concentração começou por volta das 16 horas, na Praça da Liberdade, convocada e coordenada pela Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerias (CUT/MG), sindicatos CUTistas, movimentos sociais e populares. A manifestação, organizada pela secretária-geral da Central, Lourdes Aparecida de Jesus, e coordenada por Marcelle Amador Aguiar, diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG), contou também com a participação da secretária da Mulher Trabalhadora da CUT/MG, Maria Dorvalina Ferreira Medeiros.

Entre as intervenções na Praça da Liberdade, aconteceu um protesto em frente ao Memorial da Vale, pelo crime de janeiro de 2019, com o rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, que provocou a morte de 272 pessoas.

Rogério HilárioMaria Dorvalina Ferreira Medeiros e Lourdes Aparecida de Jesusn

Depois de intervenções de líderes e militantes, ao som do bloco Sou Vermelho, manifestantes desceram a Avenida Bias Fortes para fortalecer o Ato Unificado da RMBH, que se realizava na Praça Raul Soares. Após marcha até a Praça Sete de Setembro, a manifestação foi encerrada performances de coletivos de mulheres circenses, como grupo de palhaçaria Calcinha de Palhaça. A intervenção artística fez uma homenagem a Julieta Hernández, artista venezuelada brutalmente assassinada em janeiro no Amazonas, enquanto viajava de bicicleta pelo Brasil.

Na concentração da Praça da Liberdade, foi enfatizado, principalmente, o tema “mulheres em luta pelos bens comuns e contra as privatizações”, com denúncias de que  as mulheres são as principais prejudicadas pelas medidas adotadas pela gestão de Zema, como a tentativa de privatização das empresas públicas e o desmonte de políticas sociais.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho do ano passado, em 2022, Minas Gerais possuía o segundo maior índice do país de casos de feminicídio. Apenas naquele ano, 171 mulheres foram mortas por serem mulheres.

O mesmo levantamento também indicou que o Estado era o terceiro maior em quantidade de pedidos de socorro por violência doméstica, acumulando quase 32 mil ligações para o 190.

No ano passado, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicou que, apenas no primeiro semestre de 2023, quase 74 mil mulheres foram vítimas de violência em Minas Gerais.

Em 2020, o governador disse publicamente que a opressão contra as mulheres poderia ser chamada de “instinto natural do ser humano”. No ano seguinte, ele afirmou que “para a mulher que separa, fica sendo uma obsessão da vida dela destruir o ex-cônjuge”.

Rogério HilárioLuciana Paula de Jesus Vilarino, do Sintect/MG e da Direção Estadual da CUT Minas fala na Praça da Liberdade

“O 8 de Março marca nossa luta contra todo o tipo de violência contra as mulheres. Independentemente da raça, credo, condição social ou idade somos mulheres. Porém, parem de nos matar. Para nós mulheres, trabalhadoras e sindicalistas da CUT, é um momento político importantíssimo, onde reafirmamos a nossa participação na construção de políticas públicas que garantem segurança, respeito, condições dignas de trabalho e salário para todas nós mulheres trabalhadoras”, disse a secretária da Mulher Trabalhadora da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), Maria Dorvalina Ferreira Medeiros.

“Também lutamos para que todas as mulheres tenham direito à vida, contra todo tipo de violência, misoginia e feminicídio que não para de crescer desde que o inelegível teve passagem no governo federal. Mas ele foi vencido nas urnas”, argumentou.

“Precisamos reafirmar todas as conquistas que foram desmanchadas em relação às mulheres. E estamos atentas ao que vem sendo conquistado no governo Lula e às ações do Ministério das Mulheres, que levaram à criação da lei da igualdade salarial entre os homens e as mulheres. Lei esta que nós mulheres temos que lutar firmes a cada dia para fazer valer. Senão, ela não vai acontecer”, alertou Maria Dorvalina.

Rogério HilárioMarcelle Amador Dias, na marcha entre as praças da Liberdade e Raul Soares

 

“Também somos mulheres feministas, que lutamos contra todo o tipo de violência às mulheres e crianças. Em qualquer parte do mundo. E principalmente o genocídio na Palestina, onde mulheres e crianças vêm sendo massacradas. A CUT se faz presente neste dia 8 de Março e todos os dias por um mundo de justiça, segurança e paz para todas e todos”, assegurou a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT/MG.

Maria Dorvalina ainda reiterou a importância da união das mulheres no enfrentamento ao governo de Romeu Zema. “Hoje é dia de dizermos, todas e todos, fora Zema. Este governador que quer privatizar as nossas empresas e nós sabemos, muito bem, que Cemig e Copasa privatizadas vão impactar diretamente na vida das mulheres. Principalmente das mulheres pobres das comunidades. Portanto, mulheres guerreiras: fora Zema.”

“Muitas vozes se uniram em coro para dizer: parem de nos matar: diversidade, solidariedade, vida para todas as mulheres do mundo. O dia 8 de Março é dia de luta - substantivo feminino - que convoca para nos unirmos por uma sociedade mais justa, onde não haja mais espaço para o machismo e a violência contra as mulheres. Nós, jornalistas, nos unimos a tantas lutas por direito à vida, contra o assédio moral e sexual, pela saúde, educação e outras pautas sociais”, ressaltou Lina Rocha, presidenta do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG).