Escrito por: CUT/MG

Chega de violência contra as mulheres e de impunidade no Brasil

Caso de estupro em uma delegacia no Rio de Janeiro, que teria sido praticado por um policial civil, mostra que não há limites para as violências a que as mulheres são submetidas no país

Reprodução Polícia Civil

Não bastassem os contínuos casos de assédio, abusos de todos os tipos, violência doméstica e número crescente de feminicídios no país, que vêm, infelizmente se tornando rotineiros neste país, é igualmente inadmissível que mulheres ainda sejam submetidas a sevícias sexuais cometidas por agentes da lei que deveriam protegê-las, evitar e apurar tais crimes.

Um caso revoltante aconteceu no dia 4 de fevereiro, no Rio de Janeiro. Uma vendedora, de 25 anos, relatou ter sido vítima de abuso sexual por parte de um policial civil dentro de uma delegacia de polícia. Na sua denúncia, ela disse que foi à delegacia prestar queixas contra o ex-marido após ter sido vítima de violência doméstica. De acordo com o relato, o crime teria acontecido dentro de um quarto da própria delegacia.

O acusado é o investigador da Polícia Civil Genilson Barbosa Bonfim. O estupro teria ocorrido dentro da 12ª DP, em Copacabana. A vendedora foi levada à delegacia depois de ter sido agredida pelo ex-marido. Os vizinhos chamaram policiais militares para ajudar na situação, que encaminharam os dois para a delegacia de Copacabana.

Antes que pudesse registrar queixa ou explicar a situação, a vendedora contou que viu seu ex-companheiro ser levado para uma cela. Após esse momento, ela começou a ser assediada por Genilson. “Ele começou a dizer frases como: ‘Nem parece que você é mãe’, ‘Qual a sua idade?’. Estranhei as perguntas, mas achei que podia fazer parte de alguma questionário”, disse ao portal G1.

A mulher foi levada para uma espécie de quarto, onde foi trancada. O investigador teria feito a proposta de ter relações sexuais com a moça. Após recusar, a vendedora começou a sofrer os abusos. Gerson teria feito ameaças contra o ex-marido da mulher. Ele dizia que o manteria preso e que o torturaria jogando água e dando choques. O policial também enforcou a vítima.

Ela ainda chamou atenção para o fato de o homem ter camisinhas no local, o que sinalizaria que ele faria isso costumeiramente. Genilson teria usado uma arma para ameaçá-la durante o abuso. Não satisfeito com seu ato criminoso, o policial civil teria continuado o assédio mandando mensagens de aplicativo. Como se nada tivesse acontecido, ele havia pedido à vítima o número do telefone dela.

O machismo, a misoginia, a desigualdade de gênero e a impunidade, infelizmente, incentivam a violência contra as mulheres. E, até mesmo quando buscam proteção, podem estar sujeitas a abusos e humilhações, como o que foi denunciado no Rio de Janeiro. Como pode um homem se aproveitar da posição de representante da lei, um servidor que tem fé pública por isso, para coagir uma mulher e obter favores sexuais? E ainda ameaçar com uma arma e  tentar asfixiar a vítima. E, mesmo com tantos agravantes, não é sequer preso.

O caso, ainda em apuração, deixa claro a constatação a que chegou a ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 2021: não há lugar seguro para as mulheres no Brasil. Não podemos aceitar que assim continue. Esperamos que, com um governo comprometido com as causas sociais, que tem um projeto que prioriza a igualdade de gênero e o combate às desigualdades, as mulheres possam ter a garantia de seus direitos e de segurança e não sejam tão vulneráveis às violências de todo o tipo. O que foi cerceado nos últimos quatro anos. E exigimos punição exemplar para todos os criminosos, abusadores, agressores, assediadores e assassinos. E que o caso que envolve o policial civil do Rio de Janeiro seja tratado como todo o rigor da lei.