Escrito por: Lucimar de Lourdes G. Martins - Secretária da Mulher Trabalhadora da CUT/MG
O que aconteceu com Mariana Ferrer em um tribunal, em Santa Catarina, é um absurdo, uma bestialidade. Algo inaceitável para nós mulheres e toda a sociedade brasileira. Mas, infelizmente, representa uma tradição do machismo, na misoginia que assola o país há séculos e permite, estimula e exalta a violência, o estupro e o feminicídio.
A humilhação sofrida por ela, quando foi questionada sua honestidade, sua índole, num julgamento em que a vítima foi transformada em ré pelo advogado de defesa de André Aranha, Cláudio Gastão da Rosa Filho, pelo promotor Thiago Carriço de Oliveira e pelo juiz Rudson Marcos, que acatou uma tese de estupro culposo, crime que não existe no Código Penal, é uma justificativa para que se estuprem à vontade, queimem, estrangulem, esfaqueiem, metralhem as mulheres. Algo que acontece todos os dias no Brasil.
E é mais fácil exercer tal barbaridade jurídica a favor de um estuprador rico, empresário, branco, de família influente. Aranha não é o único inocentado. Sentenças judiciais a favor de estupradores, assediadores, feminicidas acontecem no país há tempos, porque a própria sociedade e a opinião pública são coniventes.
O Brasil é um país onde as mulheres são subjugadas, violentadas, agredidas e mortas todos os dias. Onde as vítimas, em vez de serem acolhidas, são humilhadas e atacadas em sua moral numa audiência com inúmeras provas contra o criminoso.
A Secretaria da Mulher Trabalhadora da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG) se solidariza com Mariana Ferrer. E com todas as mulheres que sofrem todos os tipos de violência a cada dia no Brasil, um país em que querem colocar as vítimas como culpadas, onde não veem seus sofrimentos como deles próprios. Um país onde somos estupradas, humilhadas, espancadas e, mesmo assim, parece que tudo isso não é suficiente para condenar um homem violento e estuprador.
Por Mariana e por cada uma de nós, mulheres. Mexeu com uma, mexeu com todas.