Escrito por: CUT/MG

Nota de pesar pelo falecimento de João Paulo Pires de Vasconcelos

Primeiro presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), ele estava internado no Hospital Biocor, em Belo Horiozonte. João Paulo foi também deputado federal constituinte

Rogério Hilário

A Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG) e toda sua base manifestam seu profundo pesar pelo falecimento de João Paulo Pires de Vasconcelos, aos 91 anos, nesta sexta-feira, 23 de agosto, e solidarizam com familiares e amigos. Primeiro presidente da Central no Estado (mandato de 1984 a 1987), ele estava internado no Hospital Biocor, em Belo Horiozonte. O sepultamento está agendado para as 16h30 deste sábado (24), no cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte.

O Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de João Monlevade (Sindmon-Metal), presidido por ele entre 1972 e 1978, emitiu nota de pesar, prestando condolências à família. A Prefeitura de João Monlevade também decreta luto oficial.

João Paulo vivia em Belo Horizonte, onde e atuava como assessor da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas de Minas Gerais (Ftiemg).

 João Paulo Pires de Vasconcelos nasceu em Belo Horizonte, em 8 de março de 1932. Seu pai, João Vasconcelos, chefiou a execução do Plano Diretor da capital durante o governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira. Após trabalhar na Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) desde os 17 anos, ele mudou-se em 1960 para João Monlevade, onde ingressou na então Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira (atualmente, ArcelorMittal). Uma década depois, ele se tornaria presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de João Monlevade, onde cumpriu dois mandatos, de 1972 a 1978, com atuação que o projetou no país e no exterior.

Ele tornou-se um dos principais representantes do chamado “Novo Sindicalismo”, marcado por combatividade e questionamento da estrutura sindical atrelada ao Estado e ao poder das grandes empresas.

Em 1978, João Paulo comandou uma das primeiras greves realizadas no Brasil durante a vigência do Ato Institucional nº 5 (AI-5), que, decretado 10 anos antes pelo General Costa e Silva, representou o momento mais duro da ditadura militar e permitia aos governantes punir de forma arbitrária quem era considerado “inimigo” do regime. A outra greve ocorrida no período foi no ABC paulista, sob o comando de Luiz Inácio da Silva, o Lula, que se tornaria presidente do país em 2003.

Em seus dois mandatos na presidência do sindicato de João Monlevade, o sindicalista esteve à frente de mobilizações que garantiram aos metalúrgicos da cidade, na época, os salários de padrões mais elevados do setor no país, entre outras conquistas.

Na década de 80, o ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos foi também um dos criadores da Articulação Nacional dos Movimentos Populares e Sindicais (Anampos), ao lado de nomes como Frei Betto.

Em fins de 1983, foi criada uma comissão responsável pela organização do 1º Concut, que, com a participação de João Paulo Pires de Vasconcelos, no ano seguinte, criou a CUT/MG e as CUTs regionais no Estado. A criação da Central em Minas Gerais, em 1984, contou com a participação fundamental dos metalúrgicos, dos trabalhadores em educação, então coordenados pela UTE (que deu origem ao Sind-UTE/MG), dos marceneiros e dos trabalhadores rurais.

Em 1986, João Paulo Pires de Vasconcelos elegeu-se deputado federal e fez parte da Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Constituição Federal do Brasil, de 1988.