Escrito por: CUT/MG

Nota de repúdio a ataques sofridos pelo dirigente Jorge Ferreira dos Santos

Ativista da ADERE/MG e integrante da Direção Estadual da CUT/MG sofre agressões de vereador de Carmo de Minas por temas abordados no debate “Luta Antirracista, qual a sua contribuição?”

A Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG) manifesta seu repúdio aos ataques sofridos por Jorge Ferreira dos Santos, integrante da Articulação dos Empregados e Empregadas Rurais do Estado de Minas Gerais (ADERE/MG) e da Direção Estadual da Central, antes, depois do debate “Luta Antirracista, qual a sua contribuição?”, realizado pelo Instituto Federal (IFSULMINAS) Campus Avançado de Carmo de Minas, em 20 de novembro de 2023, Dia Nacional da Consciência Negra. O vereador de Carmo de Minas, Marcelo Dias de Castro, em atitudes de ódio político e partidário, preconceituosas e antidemocráticas, publicou nas redes sociais no dia 24 de novembro informações mentirosas na tentativa de desqualificar, difamar e caluniar o ativista e sindicalista.

De forma desrespeitosa e intolerante, o político contestou a presença de um dirigente da ADERE/MG e da CUT na mesa de debate. Jorge Ferreira dos Santos foi convidado pelo IFSULMINAS. Em sua fala, ele fez um rápido resgate histórico da escravidão no Brasil, assim como apresentou os impactos da Lei Áurea de 13 de maio de 1888 na vida do povo negro, que se traduziram nas desigualdades sociais que perduram na sociedade brasileira até os dias de hoje.

Gill de Carvalho

O vereador questionou também a presença da bandeira da CUT na mesa, durante a exposição de Jorge Ferreira dos Santos, na tentativa de desviar a atenção da importância dos temas abordados pelo palestrante, que escancararam as entranhas da desigualdade entre brancos e negros como bases de sustentação do racismo estrutural que, historicamente, vitimam mulheres e homens negros.

Ao analisar essas questões 135 anos após a Lei de 13 de maio de 1888, em sua palestra, Jorge Ferreira dos Santos demonstrou que pouco mudou. E que o local destinado à maioria do povo negro ainda é o mesmo, salvo raras exceções e conquistas mínimas. O povo negro continua vivendo nas periferias, morros e encostas das cidades ou em condições precárias nas áreas rurais, sem acesso a serviços públicos, submetido a trabalho extremamente precarizado, braçal e pesado, com baixos salários, jornadas extenuantes, sem valorização e reconhecimento. E é a principal vítima do trabalho análogo à escravidão.

O vereador Marcelo Dias de Castro, em mais uma tentativa de desqualificar Jorge Ferreira, disse que o palestrante “agrediu de forma gratuita e descabida o setor produtivo que mais gera emprego e renda para a cidade”. Desta forma, reafirmou seu preconceito por discordar da presença de um sindicalista negro, em uma atividade organizada para falar sobre o povo negro, no Dia da Consciência Negra.

Entendemos que, se houve agressão de forma gratuita e descabida, tais ataques partiram do vereador de Carmo de Minas em sua rede social, no momento em que o mesmo destila seu verdadeiro ódio de classe, colocando em prática seu lugar de privilégio e demonstra total intolerância ao atacar e não aceitar que uma pessoa preta ocupe o espaço público, democrático e plural, portando símbolos de suas organizações que lutam pelos direitos de trabalhadoras e trabalhadores que são violentados a todo momento (salvo as devidas exceções) por produtores rurais retrógrados, que foram defendidos por Marcelo Dias de Castro.

Manifestamos, também, a preocupação com morosidade como foi tratada a questão por parte do diretor geral do IFSULDEMINAS Campus Avançado de Carmo de Minas em tomar as providências legais e administrativas que estavam ao seu alcance nos primeiros momentos dos ataques, inclusive à própria instituição de ensino que representa. Ele deixou de dar respostas rápidas e enérgicas no sentido de esclarecer e dar transparência aos fatos.

Ainda mais grave, preocupante e inaceitável também, é o fato de apenas no dia 4 de dezembro, portanto muitos dias depois, o IFSULDEMINAS Campus Avançado de Carmo de Minas publicar uma “nota oficial”, em que não condena os ataques proferidos contra a própria instituição, não desmente uma “nota fake de esclarecimento” que circulou em seu nome, inclusive publicada nas redes sociais do próprio vereador, e muito menos se retrata ou condena o ataque ao palestrante Jorge Ferreira dos Santos e à própria Central Única dos Trabalhadores, da qual o palestrante integra a direção estadual.

A CUT/MG exige uma contundente e pública manifestação por parte do IFSULDEMINAS Campus Avançado de Carmo de Minas, bem como uma retratação pública e oficial aos atacados em virtude da participação em sua mesa de debate.

Quanto aos atos do vereador, a ADERE/MG está tomando as providências jurídicas possíveis, para que as agressões e os ataques políticos sofridos por Jorge Ferreira dos Santos sejam punidos e não se repitam.

Vida longa à democracia e à liberdade!
Viva o povo trabalhador e negro!