Escrito por: Gabriel Ronan, O Tempo
Estratégia é vender os ativos da empresa aos poucos para justificar a diminuição considerável de patrimônio para privatizar a Companhia Energética de vez
A gestão da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) nomeada pelo governo de Romeu Zema (Novo) deve leiloar em 10 de agosto mais 15 usinas hidrelétricas por um valor mínimo de R$ 48,2 milhões. As estruturas têm a capacidade de gerar 41,2 megawatts (MW), sendo 12 delas de propriedade da própria estatal e outras três da Horizontes Energia, uma sociedade anônima ligada à companhia mineira. O caso tem repercutido na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), onde parlamentares do bloco de oposição denunciam a “privatização indireta” da maior empresa de geração de energia elétrica do Estado.
Um dos principais críticos do certame é o deputado estadual Professor Cleiton (PV). “Já é uma estratégia que vem acontecendo há um tempo. É uma questão de diminuir os ativos da empresa, desidratá-la, vendendo os ativos aos poucos para justificar a diminuição considerável do patrimônio para privatizar de vez. São hidrelétricas pequenas, mas é o mesmo modus operandi da venda da participação da Cemig na Light”, argumenta o parlamentar.
Discussão
De acordo com o deputado, o bloco de oposição vai se reunir para discutir diferentes temas, entre eles o leilão das estruturas da Cemig. “Eu vou levar para o bloco esta questão da Cemig. Nós temos uma notificação preparada para que o Tribunal de Contas (do Estado, TCE-MG) se manifeste sobre isso”, explica Professor Cleiton. A reportagem fez contato com a assessoria de imprensa do Tribunal, mas não havia recebido resposta até o fechamento desta edição.
Em nota, a Cemig informou que o leilão está “em alinhamento com seu planejamento estratégico vigente”.
De acordo com a empresa, a venda dos ativos “tem o objetivo de melhorar a eficiência operacional e a alocação de capital da companhia, pois são ativos que possuem capacidade muito inferior à de outras hidrelétricas da empresa, como Emborcação (1.192 MW) e Três Marias (396 MW)”. A companhia também argumentou “que a venda das PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) não tem qualquer interferência na definição das tarifas do serviço”.
Maior central hidrelétrica tem capacidade de 9,28 megawatts
A maior usina na lista de leilões da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) fica em Itabirito, na região Central de Minas Gerais. A Pequena Central Hidrelétrica (PCH) de Rio de Pedras tem uma potência de 9,28 megawatts. Outra usina envolvida na licitação é a de São Bernardo, localizada em Piranguçu, na região Sul do Estado. Ela tem capacidade de gerar 6,82 MW. A outra PCH no inventário é a Salto Voltão, pertencente à Horizontes Energia e fundada em 2001 em Xanxerê (SC). A capacidade geração de energia é de 8,2 megawatts.
As outras 12 estruturas são Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), que têm menor capacidade de geração de energia. Dessas, duas são da Horizontes: Salto Paraopeba – localizada em Jeceaba, na região Norte de Minas – e Salto Passo Velho – em Xanxerê, Santa Catarina.
As outras dez usinas são da Cemig. São quatro apenas no Triângulo Mineiro: Lages, localizada na cidade de Coromandel, Pissarrão, no município de Araguari, Salto Morais, em Ituiutaba, e Santa Luzia, em Centralina – juntas, elas somam 4,57 MW de potência. No Sul do Estado estão duas Centrais Geradoras Hidrelétricas: a de Jacutinga, localizada na cidade de mesmo nome, e Xicão, no município de Campanha, que somadas podem gerar 2,53 megawatts de energia.
Na região do Rio Doce, estão outras duas centrais incluídas no leilão, ambas em Bom Jesus do Galho: Sumidouro e outra usina que carrega o nome do município. As duas somam 2,48 MW de potência. Também estão no pacote Anil, em Santana do Jacaré, no Centro-Oeste mineiro, e Santa Marta, que fica em Grão-Mogol, no Norte do Estado, que podem gerar 3,06 megawatts.
Vendidas
O governo federal já leiloou outras quatro usinas. Entre elas, a São Simão, localizada entre o município de mesmo nome, no Estado de Goiás, e Santa Vitória, no Triângulo. A segunda é Miranda, em Indianápolis, também no Triângulo.
Completam a lista as usinas Jaguara – entre Sacramento, no Alto Paranaíba, e Rifaina, São Paulo – e Volta Grande – em Conceição das Alagoas, no Triângulo Mineiro, e Miguelópolis, em São Paulo.