Escrito por: Sindipetro-MG
Categoria denuncia aumento dos preços dos combustíveis
Petroleiras e petroleiros de Minas Gerais realizaram um grande ato na manhã desta terça-feira (30) contra a privatização da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, e de outras sete refinarias da Petrobrás. O anúncio da venda de quase 40% do parque de refino brasileiro foi feito pela empresa na última sexta-feira (26) e ato de hoje foi apenas um aquecimento para uma grande greve geral que deve ser construída pela categoria em todo o Brasil.
Segundo o coordenador do Sindipetro/MG, Anselmo Braga, a privatização das refinarias traz inúmeros prejuízos para o povo brasileiro, entre eles, o aumento do preço dos combustíveis. Tanto é assim que, desde a implantação da atual política de preços da Petrobrás – que a permitiu que a estatal operasse ná lógica das empresas privadas – a gasolina subiu 14,42%, o diesel 20,27% e o gás de cozinha teve um aumento de 30,19%.
“A Petrobrás, desde outubro de 2016, passou a controlar os preços no mercado interno como empresa privada e começou a vender combustíveis a preços internacionais. A partir de então, os combustíveis subiram muito além da inflação no Brasil, que nesse período ficou em torno de 9%”. Então é isso que estamos denunciando aqui hoje”, disse.
Ainda segundo Anselmo Braga, a justificativa da Petrobrás para a entrega do refino é abrir o mercado e estimular a concorrência, o que ele também desmente. “Não há nenhum especialista que vai dizer que a venda de refinarias vai gerar redução de preços porque a questão da privatização para gerar concorrência é uma desculpa da Petrobrás. Isso porque hoje, a empresa hoje já pratica preços internacionais e isso absolutamente não muda com a venda das refinarias à iniciativa privada”.
Um trabalhador da Regap também relembrou os reais motivos da venda da Regap, em específico: “não é pela produção que esta refinaria está à venda, mas por sua localização e por seu mercado. Estão vendendo o mercado consumidor de combustíveis porque ele é lucrativo e interessante”.
Também foi lembrado em diversas falas a resistência dos petroleiros em diversos momentos em que a Petrobrás esteve ameaçada, como na década de 90, quando a categoria conseguiu impedir a venda da empresa pelo governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), ou como no ano passado, quando juntamente com os caminhoneiros, os trabalhadores conseguiram derrubar o então presidente da Petrobrás, Pedro Parente.
Além dos petroleiros, o ato reuniu representantes de diversas outras categorias e também de vários movimentos sociais e representantes do Sindipetro Bahia e do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista, filiado à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). Também teve a participação das deputadas estaduais pelo PT, Beatriz Cerqueira e Marília Campos, além da ex-prefeita de Betim, Maria do Carmo – que compartilham da luta em defesa da Petrobrás pública e a serviço do povo brasileiro.
Privatização e acidentes
O diretor Alexandre Finanamori relacionou a privatização ao sucateamento das empresas públicas e citou diversos acidentes registrados na Regap nos últimos meses – resultado da redução dos investimentos em manutenção e segurança já visando a venda da unidade.
“Já desde 2016, a Petrobrás tem sofrido diversos ataques e vem sistematicamente reduzindo a mão de obra própria, a mão de obra terceirizada, os investimentos em segurança e, assim, aumentanto o número de acidentes. No ano passado, tivemos um acidente grave em que um operador sofreu queimaduras graves e quase ficou cego e agora, esse mês, tivemos outro acidente envolvendo contato com ácido cujas consequências só não foram maiores porque o produto estava diluído.
Ele também lembrou das consequências mais nefastas da privatização, ao citar o caso da Vale. Sob as mãos da iniciativa privada, a Vale cometeu dois crimes gravíssimos, sendo um o maior crime ambiental da história do Brasil e outro o maior acidente de trabalho já registrado no País. Centenas de pessoas morreram e os prejuízos para o Estado e para a população, especialmente de Minas, são imensuráveis.
“Não queremos uma nova P-36 (uma das maiores plataformas de produção de petróleo no mundo que, após duas explosões, naufragou em março de 2001 deixando 11 mortos, na Bacia de Campos) que afundou no sucateamento. Também não queremos ser uma nova Vale. Nossa segurança, a vida de cada um de nós, e o direito de voltar para casa depois do trabalho também são motivos para estarmos nessa luta contra a privatização”, concluiu.
Além da Regap, a gestão da Petrobrás confirmou na última sexta-feira (26) a venda da Refinaria Abreu e Lima (RNeSt), da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), da Refinaria Landulpho Alves (RLam), da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), da Refinaria Isaac Sabbá (Reman) e da Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor). Por isso, nesta terça-feira, foram realizados atos contra a privatização em todas as bases da Petrobrás no Brasil.
Regap
A Refinaria Gabriel Passos foi inaugurada em 1968 e completou, no ano passado, 50 anos de operação. Atualmente, tem capacidade de processamento de 24.000 m³/dia ou 150.000 barris de petróleo por dia (bbl/dia) – abastecendo grande parte do mercado mineiro e, eventualmente, o mercado do Espírito Santo.
A refinaria emprega aproximadamente 750 trabalhadores diretos e mais de 1.000 terceirizados, sem contar os indiretos. Ainda não está claro como será o processo de privatização, mas, na avaliação do coordenador do Sindipetro/MG, certamente haverá impacto para os petroleiros. “Em todo o processo de privatização quem primeiro sai perdendo são os trabalhadores e depois a sociedade. Foi assim na Vale, como temos visto mais recentemente e, não deve ser diferente com a Petrobrás. Mas estamos preparados pra resistir e mostrar pra população os prejuízos de uma Petrobrás privatizada para a Nação e para a soberania nacional”.