Escrito por: Rogério Hilário
Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária aprovou requerimento da deputada Beatriz Cerqueira (PT) para o adiamento da discussão da matéria
Pressão e mobilização de servidoras e servidores públicos, conjuntamente com o trabalho de obstrução de deputadas e deputados de oposição, garantiram que o PL 1.202/19, referente à adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, não fosse votado na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, na manhã desta terça-feira, 28 de novembro, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
A próxima reunião da Comissão está programada para esta quarta-feira, 29 de novembro. Também nesta quarta-feira, será realizada a reunião da Comissão de Administração Pública, onde será debatido o PLC 38/23 que visa estabelecer um teto de gastos no Estado.
Beatriz Cerqueira
À espera de um posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a extensão do prazo para a adesão, que teria que ser feita até o dia 20 de dezembro, e sob pressão de servidoras e servidores públicos, durante a reunião realizada na manhã desta terça-feira, 28 de novembro, o colegiado aprovou requerimento da deputada Beatriz Cerqueira (PT) para o adiamento da discussão da matéria.
Nova reunião da comissão foi marcada para esta quarta-feira (29), às 9 horas, para possível apreciação do parecer, que já havia sido distribuído em avulso (cópias) aos parlamentares na última semana.
O líder de Governo, deputado João Magalhães (MDB), afirmou ter sido informado pelo presidente da ALMG, deputado Tadeu Martins Leite (MDB), que a Assembleia já peticionou uma ação com o Governo do Estado para a prorrogação do prazo de adesão.
Tadeu Martins Leite solicitou ao presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que acompanha o presidente Lula em agenda na Arábia Saudita, que encaminhasse ao próprio presidente da República e ao ministro da Fazenda a demanda para que o pedido de adiamento do prazo possa ser recebido pelo STF ainda nesta terça (28).
Presidente da FFO e relator do projeto, o deputado Zé Guilherme (PP) sugere a aprovação de um novo texto (substitutivo nº 5) para aprimorar a técnica legislativa e assegurar, expressamente, a revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos mesmo durante a vigência do RRF.
De resto, a sua proposta mantém as alterações promovidas pelo substitutivo nº 4 (outros três foram enviados pelo próprio governador, para atualizar a proposição em virtude de mudanças na legislação relacionada ao RRF), apresentado anteriormente pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
De autoria do governador Romeu Zema, o projeto visa à renegociação de dívidas com a União, calculadas em aproximadamente R$ 156 bilhões. De acordo com a proposta, o RRF terá vigência de nove anos, período durante o qual o governo terá que implementar uma série de medidas para alcançar o equilíbrio fiscal e financeiro.
Essas medidas estão detalhadas, com os impactos esperados e prazos para sua adoção, no Plano de Recuperação Fiscal, que precisa ser aprovado e homologado pelo governo federal para que o RRF entre em vigor.
Para viabilizar o plano, algumas medidas constantes no projeto são a proibição de saques em contas de depósitos judiciais, enquanto não houver a recomposição do saldo mínimo do fundo de reserva; a realização de leilões de pagamento, para a quitação de obrigações inscritas em restos a pagar ou em inadimplência; e a redução de benefícios fiscais, no percentual mínimo de 20%.
A vinculação de receitas provenientes da venda de estatais ao pagamento dos passivos do Estado é uma das mudanças sugeridas durante a tramitação do projeto que foram mantidas no substitutivo nº 5. Também são estabelecidas ressalvas para viabilizar a celebração de convênios com municípios e organizações da sociedade civil, vitais para o funcionamento, por exemplo, de delegacias e unidades da Emater.
Outra exigência é a destinação dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) conforme determina a legislação. Atualmente, o governo vem sendo acusado de usar esses recursos em outras áreas diferentes da educação.
Também foi desvinculada a discussão sobre o teto de gastos, que agora tramita de forma independente, como o Projeto de Lei Complementar (PLC) 38/23. A intenção do governo é limitar o crescimento anual das despesas primárias, gastos para prover serviços públicos, manter a estrutura do governo e realizar investimentos, à variação da inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Nesse sentido, foram acrescentadas ainda a vedação da aplicação do teto de gastos nas emendas parlamentares individuais e de blocos e bancadas e no pagamento do piso nacional dos profissionais da educação. Por fim, foi incluído dispositivo para evitar que a adoção do Plano de Recuperação Fiscal signifique mudanças na Previdência e no regime jurídico dos servidores estaduais.
Obstrução
Antes da aprovação do adiamento da discussão do projeto, os deputados Sargento Rodrigues (PL), Professor Cleiton (PV) e Luizinho (PT) e a deputada Beatriz Cerqueira usaram de instrumentos regimentais para obstrução da votação do parecer e protestaram contra a possível adesão ao RRF.
Além de ratificar os questionamentos quanto aos impactos do regime de recuperação para os servidores, o serviço público e a sociedade, eles ponderaram que não faria sentido aprovar o parecer enquanto é esperada a prorrogação do prazo para adesão.
Com informações do Sind-UTE/MG e ALMG