Escrito por: Rogério Hilário, com informações do Sintect/MG e do Brasil 247
Ovacionado em Belo Horizonte, Lula destacou os prejuízos do atual governo para a população e lembrou que milhões de brasileiras e brasileiros vivem em situação de insegurança alimentar
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu sua agenda de viagens pelo país na noite de segunda-feira, 9 de maio, por Minas Gerais. O primeiro ato da jornada Vamos Juntos Pelo Brasil, iniciada após a oficialização da sua pré-candidatura à Presidência da República, em São Paulo foi realizado no Expominas, em Belo Horizonte. O ex-governador Geraldo Alckmin segue em recuperação da Covid.
Apresentaram o ato os cantores e compositores Aline Calixto e Flavio Renegado. Também o comediante Gustavo Mendes, famoso por imitar a ex-presidenta Dilma Rousseff. Aline destacou que não apenas “Lula Abraça Minas, mas Minas abraça Lula” nesta jornada pela eleição à Presidência da República, antes de cantar o Hino Nacional.
Em seu discurso, realizado depois de todos os presidentes dos partidos que compõem o movimento Vamos Juntos pelo Brasil (Solidariedade, PCdoB, PSB, Rede, PSOL e PV), o ex-presidente Lula destacou a importância do movimento começar por Minas Gerais. “Minha história passa por Minas Gerais. Estive aqui em 1979 para dar apoio à greve dos trabalhadores da construção civil. Nos solidarizamos com a família, companheiras e companheiras de Orocílio Martins Gonçalves, tratorista assinado pela Polícia Militar durante a Revolta dos Peões. Não é Lula que vai derrotar Bolsonaro. É o povo mineiro e o povo brasileiro", declarou.
Lula criticou Jair Bolsonaro (PL) e destacou os prejuízos do atual governo para o povo brasileiro. "A gente tem que falar: ‘Bolsonaro, seus dias estão contados’. Não adianta desconfiar de urnas. Você tem medo de perder as eleições e ser preso depois", disse Lula durante evento em Minas Gerais. Nosso adversário mente sete vezes por dia, é rei das fake news. Conta mentira todo dia contra o povo".
Em seu discurso, o ex-presidente também lembrou de milhões de brasileiras e brasileiros vivem em situação de insegurança alimentar. "Tem gente correndo atrás de carcaça, de osso, que vergonha? O povo está deixando de comer não porque falta comida, mas sim porque falta dinheiro, vergonha", disse.
"Quero não ser candidato de uma aliança, mas de um movimento, das pessoas que ficaram desempregadas, dos 19 milhões passando fome […] dos milhões que estão trabalhando nos aplicativos sem férias, sem seguridade social, sem descanso remunerado. É possível aumentar o salário mínimo, cuidar da pequena e media agricultura, colocar humildes na universidade, colocar crianças em escolas técnicas, mandar filhos dos trabalhadores estudar no exterior, como no Ciência Sem Fronteiras", disse.
"Esse país era respeitado pelo mundo inteiro e hoje virou pária porque ninguém quer contato com esse presidente, que não representa o povo brasileiro", afirmou.
“Nós estamos enfrentando um adversário que representa antidemocracia, o antiamor, antipaz, antieducação, antidesenvolvimento, a ignorância, a violência e o fascismo, que temos que jogar no esgoto da história. O Brasil nasceu para a democracia e o desenvolvimento”.
Ele destacou que é o PT precisa ganhar as eleições para defender educação, o desenvolvimento, ciência e tecnologia, emprego, qualidade de vida do povo, lutar contra a fome. Para isso, segundo o petista, será preciso ir para as ruas, bairros e para as fábricas para derrotar as mentiras de Bolsonaro, destacando a importância da militância para vencer as eleições.
"Nós, que pensamos em educação, emprego, aumento salarial, ciência, que queremos aumentar a qualidade de vida, almoçar, jantar e tomar café todo dia. Haveremos de ganhar as eleições", afirmou.
O ex-presidente também afirmou que o golpe contra Dilma Rousseff "foi para piorar tudo nesse país". "Estou de volta com a energia que eu tinha quando eu tinha 30 anos de idade. Com motivação política do mesmo jeito que eu tinha quando eu comecei, porque eu tenho uma causa: libertar o povo brasileiro desse sofrimento", destacou.
Lula também comentou sobre a perseguição que ele sofreu. “Eu sabia que a verdade iria vencer a mentira. E hoje quem está com vergonha de andar na rua é o facínora do [Sergio] Moro e o [Deltan] Dallagnol, porque passaram o tempo mentindo para a sociedade brasileira. Eu quero que a imprensa diga que vai pedir desculpa ao povo brasileiro”.
Defesa das estatais
Na manhã de segunda-feira, 9 de maio, o ex-presidente Lula recebeu dirigentes sindicais e do movimento popular para debater os problemas do país e a necessidade de alavancar uma grande campanha pela retomada dos direitos trabalhistas.
O evento foi uma oportunidade para os movimentos sociais reforçarem a necessidade de o próximo governo assumir a bandeira contra o desmonte do Estado brasileiro, a entrega das riquezas nacionais e a retirada de direitos. O Secretário Jurídico da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect) e presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Minas Gerais (Sintect/MG), Robson Silva, participou da entrega da carta compromisso das Centrais Sindicais, cujo debate gira em torno da inclusão e do protagonismo da classe trabalhadora no debate eleitoral e no pós-eleições, e aproveitou para entregar ao futuro presidente a camisa símbolo da campanha nacional contra a privatização dos Correios. Robson Silva dialogou com Lula sobre a importância da não privatização dos Correios e das demais estatais do País como Serpro, Dataprev, Petrobras, Metrô, Eletrobras, SUS etc.
Em seus discursos, Lula vem se posicionando em defesa das empresas estatais. O compromisso assumido pelo presidente Lula, junto a sua base popular, quanto a não privatização dos Correios e das demais estatais é de extrema importância. Por isso os representantes dessa base devem garantir a pressão diária para que o próximo governo barre a investida da direita contra as massas trabalhadoras. Sempre importante lembrar que, no que pese a importância das próximas eleições, elas não são um fim em si mesmo. Somente a organização dos trabalhadores poderá garantir a vitória na defesa de seus direitos e, inclusive, dar as condições para eleição, posse e governança dos setores progressistas.
Oportunidades aos jovens
Nesta terça-feira, no ato “Contagem abraça Lula”, no Só Marcas Auto Shopping, na cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte, o ex-presidente afirmou que quem pode ajudar a sociedade a conquistar os sonhos é o Estado e o governo. Em fala direta à juventude, Lula disse que estudar é a coisa mais sagrada que eles podem fazer.
“Até porque não existe na história da humanidade nenhuma nação desenvolvida, sem que antes ela tivesse investido na educação, investido em ciência e Tecnologia”, disse, aconselhando os jovens presentes no ato a se interessem pela vida política do país. “Não fale que não gosta de política. Entre você na política porque o político bom que você deseja está dentro de você. Participe da vida política desse país”, destacou.
De acordo com Lula, o sonho do trabalhador não é juntar dólar, mas ter condições de viver bem, se vestir bem, morar bem, comer bem, se divertir e viajar.
“O trabalhador não sonha juntar dólar e abrir uma conta no exterior. O trabalhador, primeiro, quer casa, casa é uma coisa sagrada, que nem um ninho de passarinho que você precisa construir por mais pequena que seja. A gente emprego, salário razoável para sustentar a família. A juventude quer ter oportunidade de estudar, fazer curso científico, ir para a universidade e quer trabalhador com salário mais qualificado por conta de sua formação. Quem pode ajudar nisso? É o Estado, é o governo”.
O ex-presidente lembrou do legado do seu governo com criação de 22 milhões de empregos com carteira assinada, universidades, escolas técnicas, Prouni e Fies para democratizar o acesso à educação e permitir que filhos das famílias mais pobres pudessem estudar e fez um apelo para que jovens invistam em seus futuros.
“A primeira escola técnica no Brasil foi feita em 1909 na cidade de Campos, no Rio de Janeiro. De 1909 a 2003, tinham sido feitas no Brasil 140. Nos governos do PT nós fizemos mais de 500 escolas técnicas nesse país para garantir que as pessoas mais pobres pudessem estudar”, disse destacando que há diferenças de oportunidades para quem tem e quem não tem uma profissão.
A agenda de Lula em Minas Gerais segue até esta quarta-feira (11), quando o ex-presidente visitará Juiz de Fora, na Zona da Mata.