Escrito por: Rogério Hilário, com informações da Record TV

Secretária da Mulher é personagem de documentário de TV premiado internacionalmente

Lucimar de Lourdes G. Martins está na produção “Agricultoras Violentadas”, realizada pela Record TV em setembro do ano passado, que ganhou o prêmio One World Media

Divulgação Record TV

 

A secretária da Mulher Trabalhadora da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), Lucimar de Lourdes G. Martins, é uma das entrevistadas e personagens do documentário “Agricultoras Violentadas”, produção com que a Record TV se tornou a primeira emissora brasileira a conquistar o prêmio One World Media, um dos mais importantes da comunicação mundial. O anúncio foi feito na quinta-feira (17), em Londres, Inglaterra.

Segundo Lucimar, assim que receberam o prêmio, a equipe que realizou o documentário ligou para ela, na quinta-feira. “Eu agradeci muito a eles por dar visibilidade às mulheres do campo. Ainda mais porque as políticas públicas de combate à violência não chegam aqui. Nós tínhamos vergonha e medo de dizer o que estamos passando”, disse a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT/MG, que é diretora do Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores da Agricultura Familiar de Simonésia, na Zona da Mata mineira.

Em seu depoimento no documentário, Lucimar Martins enfatizou que “nenhuma mulher precisa morrer para sair de um relacionamento abusivo”. “Elas podem sair vivas e precisam de muito apoio do Estado, das políticas de municípios e federais para que consigam sobreviver. Não é fácil sair da violência, não é fácil deixar tudo para trás para sair com os seus filhos, para poder continuar vivendo. Para salvar sua vida e as vidas dos seus filhos. Não é fácil começar tudo de novo, igual estou fazendo. Estou ainda recomeçando. As mulheres não denunciam porque temos vergonha de falar que estamos apanhando. Não temos apoio de ninguém, nem da família. Os vizinhos sabem o que você está passando, mas ninguém se mete. Ainda pensam assim: briga de marido e mulher não se mete a colher. Mas são os primeiros a dizer, quando a mulher morre: por que não separou antes. Quando se separa você é julgada sem um pingo de dó. Te sangram até o fundo da alma, com todo tipo de fala, todo tipo de calúnia. Mas temos que romper estas barreiras e sair deste mundo de violência em que as mulheres se encontram hoje. Principalmente, as mulheres do campo.”

O prêmio One World Media tem entre seus parceiros o European Bank, a Cruz Vermelha britânica e grandes empresas de comunicação, como a BBC e o Google, e foi criado para incentivar reportagens de impacto em todo o hemisfério sul.

Exibido em setembro do ano passado, no Repórter Record Investigação, o documentário flagrou um fenômeno cada vez mais grave nas metrópoles brasileiras, mas ainda obscuro no campo, a violência contra a mulher. Em cidades rurais de Minas e Goiás, a reportagem mostrou a rotina de abuso contra mulheres já exaustas pelo trabalho nas lavouras. No total, o One World Media teve mais de 500 trabalhos inscritos.
 
A equipe do documentário  foi composta por Ivandra Previdi, Catarina Hong, Rogério Guimarães, Mariana Ferrari, Alessandro Cezario, Camila Babilius, Carlos Francisco, Glauco Giani, Anthony Barcellos, Lamberto Borges, Rodrigo Alves, Thiago Teixeira, Miguel Wesley, Giulia Gazetta, Laura Ferla, Gilson Fredy, Hugo Costa, Caio Laronga, Leandro Pasqualin, Rafael Ramos, Renan Laranjeira, Renata Garofano, Priscilla Grans, Mateus Munin, Marcelo Magalhães, Cristiane Massuyama, Gustavo Costa e Pablo Toledo. A apresentação foi de Adriana Araújo.