Escrito por: Rogério Hilário

Servidoras e servidores iniciam mobilização permanente contra RRF de Zema

Dirigentes das categorias, com apoio da CUT/MG e Sintect/MG, ocupam Assembleia Legislativa para exigir posicionamento de deputadas e deputados contra o PL 1.202 que significa a destruição do serviço público

Rogério Hilário

Mesmo sob chuva, dirigentes de sindicatos e entidades que representam servidoras e servidores públicos do Estado, juntamente com a Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG) e apoiadores, deram início, na tarde desta terça-feira, 19 de outubro de 2021, na Assembleia Legislativa (ALMG), a mobilização e pressão sobre os deputados para que se posicionem contra a proposta do governo de Romeu Zema (Novo), com o projeto-de-lei 1.202/2019, de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF).

Os manifestantes se concentraram na entrada principal da ALMG. Montaram um acampamento e deixaram claro que não sairão do local enquanto os deputados não se comprometam a não aprovar o PL 1.202/2019. Nesta terça-feira, Beatriz Cerqueira, Betão e Doutor Jean Freire (PT) e Wilson Batista (PSD) deram apoio à luta de servidoras e servidores. A pedido de Beatriz Cerqueira, já está agendada para a próxima terça-feira, 26 de outubro, às 14h30, uma audiência pública para o debate sobre Regime de Recuperação Fiscal e seus efeitos para servidoras, servidores, serviços públicos e a população. Nas outras semanas, a discussão envolverá as diversas categorias que serão afetadas pela proposta de Romeu Zema.

Se aprovado, o projeto, um aprofundamento da PEC 32, da Reforma Administrativa, vai praticamente acabar com a prestação de serviços e políticas públicas para a população mineira. Entre outras consequências, o texto do PL, que tramita na ALMG, acaba com concursos, congela salários e progressões de carreiras por nove anos e facilita contratações temporárias, principalmente em setores vitais para o povo, em especial os menos favorecidos, como saúde e educação.

Os manifestantes se concentraram na entrada principal da ALMG. Montaram um acampamento e deixaram claro que não sairão do local enquanto os deputados não se comprometam a não aprovar o PL 1.202/2019.

 “Zema fala em gestão eficiente e saneamento das contas. Mas o que vemos é o maior déficit, endividamento do Estado e o crescimento do número de secretários para acomodar o partido Novo na máquina estatal. Uma política de gestão que não tem nada de novo. Com ele, cresceu o número de cargos comissionados com altos salários. Zema tem que entender: não existe serviços públicos sem servidores públicos. Mas quer salvar as finanças, sem se preocupar com a prestação de serviços públicos, com congelamento de salários e carreiras, fim dos concursos públicos. E golpeia o povo mineiro com tarifas abusivas da Cemig e da Copasa, sucateia as empresas para forçar as privatizações. Os deputados precisam entender: quem os elege é o povo. Nossa resposta vai ser nas ruas. Não podem passar a conta para servidoras e servidores. A Central Única dos Trabalhadores sempre esteve e continuará com vocês nesta luta. Quem votar contra servidoras e servidores não volta. Este projeto não pode passar nesta casa. Que deputados e deputadas entendam isso”, disse Lourdes Aparecida de Jesus, secretária-geral da CUT/MG.

“Construímos uma Frente de Luta contra o Regime de Recuperação Fiscal. Ficaremos aqui o tempo que for necessário. Zema segue a cartilha de Jair Bolsonaro e tem feito o possível para piorar ainda mais os efeitos da Reforma Administrativa para toda a população mineira. É uma pauta que praticamente extingue o serviço público. Organizamos a nossa luta aqui na porta. Tem o Sind-UTE, o Sind-Saúde, o Sindsema, o Serjusmig, a CUT/MG. E apoiadores como o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios (Sintect/MG) neste ato. Não sairemos daqui enquanto não tivermos a certeza de que os deputados estaduais não vão aprovar este PL. O Regime de Recuperação Fiscal destrói os sistemas de saúde, educação, entre outros do Estado. Não podemos admitir que este projeto passe nesta casa. Projeto que tira o acesso à educação e aos serviços públicos. Que ataca os direitos da população mais carente. A educação tem reajuste salarial desde 2017 e vai receber um abono atrasado, porque o governo peda o dinheiro da educação para fazer política em outros setores. Zema paga um dos piores salários da educação do país”, afirmou Denise de Paula Romano, coordenadora-geral do Sind-UTE/MG.

“Votem contra o RRF. Votar a favor deste regime é votar contra o povo mineiro, contra os servidores. E daremos o troco no ano que vem. Ano que vem eleições. E servidoras e servidores vão se lembrar muito bem daqueles que votaram pela destruição dos serviços públicos em Minas Gerais. Estamos aqui na porta da Assembleia Legislativa, onde deputadas e deputados demonstram, na CPI da Cemig, como a gestão de Romeu Zema trata o que é público neste Estado”, disse Robson Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios (Sintect/MG).

"O govermador Zema vem colocando com frequência a pauta de retirada de direitos dos servidores públicos e ataques aos serviços públicos. O ato na Assembleia se faz necessário e importante de alerta os deputados a votarem contra o Regime de Recuperação Fisca. Para além dos direitos de congelamento dos salarios,carreiras. E extinção de alguns direitos.
O ataque também é ao serviço público porque somos nós servidores públicos que além de servir a população somos nós que também fiscalizamos o serviço público a exemplo na CPI da Covid. Foi um servidor público concursado que teve coragem de trazer denúncias importantes. Precisamos defender um Estado maior por justiça social.
A aprovação do RRF quer um Estado menor e Zema, na mesma linha de Bolsonaro, está escolhendo quem morre e quem vive. O exemplo do serviço público necessario e forte é o SUS que salvou vidas nessa pandemia ao contrário do que aconteceu em outros países em que saúde é paga como se fosse mercadoria", declarou Yara Cristina Batista Diniz, secretária de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT/MG e diretora do Sind-Saúde/MG.

Para Marcelo Delão, diretor do Sindicato dos Servidores da Tributação, da Fiscalização e Arrecadação (Sinfazfisco-MG), a adesão ao RRF não vai resolver o problema em Minas Gerais. Segundo ele, o fracasso no Rio de Janeiro demonstra isso. “Quando começou a conversa sobre o RRF em Minas, nosso sindicato foi ao Rio de Janeiro estudar o que aconteceu lá. Tanto servidoras, servidores e parlamentares que não foi bom para o Estado. Não resolveu o problema das contas e a situação ficou ainda pior para o serviço público, que perdeu a qualidade, e, consequentemente, para a população.”

Regina Pimenta, diretora do Sindicato dos Servidores do Meio Ambiente (Sindisema), a situação, com a aprovação do PL 1.202, será de calamidade no setor. “Não teremos o plano de carreira, homologado em 2016, implantado. Ficaremos mais nove anos esperando. Até quando? Estamos sem reposição inflacionária desde 2012 e com salários congelados desde 2016. No país, recebemos o pior salário dos serviços do meio ambiente. Zema quer conter despesas onde não é mais possível. Temos apenas quatro servidores para o monitoramento da qualidade e da quantidade das águas dos rios mineiros. São 662 pontos de monitoramento no Estado. Somos apenas sete no Núcleo de Emergência Ambiental, que fazem atendimento a brigadeiros em ocorrências no Estado”, protestou.

“O governo de Romeu Zema quer literalmente acabar com o serviço público. Ele alega que o Estado está quebrado. E é a própria Secretaria da Fazenda de desmente o que ele diz, com dados oficiais sobre as contas do Estado. Se aprovado o PL 1.202, acabam as políticas públicas. Além de concursos. Acontecerá a retirada de direitos previstos na Constituição Brasileira que lutamos muitos anos para conquistar”, disse Franklin Almeida, diretor do Sindicato dos Servidores na Justiça de Primeira Instância (Serjusmig).

Clique aqui para ver mais imagens da mobilização em defesa de servidoras, servidores e dos serviços públicos e contra o PL 1.202 de Romeu Zema