Escrito por: Sind-UTE/MG
Declarações da secretária-adjunta e do secretário de Estado revelam intenções autoritárias e neoliberais. Essas orientam a gestão da educação com imposição de metas, instrumentos de controle e vigilância
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) manifesta repúdio às declarações dos representantes da Secretaria de Estado da Educação (SEE/MG) que, em recente entrevista à imprensa, demonstram um profundo desrespeito e desconhecimento da realidade das escolas e dos profissionais que nelas atuam.
Inicialmente, manifestamos nossa discordância com as declarações da secretária-adjunta de Educação, que desmerecem a atuação dos professores e atribuem aos mesmos a responsabilidade exclusiva pela falta de aprendizagem dos estudantes, ao afirmar que um dos grandes problemas da educação pública do Estado está na “ensinagem” e não na “aprendizagem”.
Repudiamos essa tentativa de culpabilização dos professores pela baixa aprendizagem dos estudantes, que visa escamotear as diversas dificuldades enfrentadas pelos educadores no cotidiano escolar, como a falta de valorização salarial, de infraestrutura, de materiais didáticos, de formação continuada, e de apoio pedagógico. Além disso, a fala desconsidera os diversos fatores que interferem na aprendizagem dos estudantes, como as condições socioeconômicas, culturais, emocionais e familiares.
Em conjunto, as declarações da secretária-adjunta e do secretário de Estado da Educação revelam intenções autoritárias e neoliberais. Essas orientam a gestão da educação no Estado com imposição de metas, instrumentos de controle e vigilância. Ademais, destacam-se a coação, a precarização das condições de trabalho e a redução da autonomia pedagógica em sala de aula.
De fato, o projeto da SEE/MG visa transferir recursos públicos, a produção intelectual dos professores, o currículo escolar e o próprio fazer pedagógico para empresas privadas. Dessa forma, ele se beneficia do sucateamento do serviço público.
É inaceitável que os representantes da SEE/MG culpem os professores pelos problemas estruturais da educação pública no estado, que estão se agravando com o projeto de Escola/Empresa liderado pela SEE/Balcão de Negócios.
Por fim, repudiamos também a fala do secretário que trata as escolas como meras executoras das orientações da SEE/MG, sem levar em conta as especificidades e as demandas de cada contexto escolar. Essa postura fere o princípio da gestão democrática da educação pública, que prevê a participação efetiva dos trabalhadores e trabalhadoras da educação, dos estudantes e dos pais e responsáveis nas decisões sobre o projeto político-pedagógico das escolas.
Diante disso, exigimos que a SEE/MG reavalie suas práticas e promova uma gestão que respeite a autonomia e a dignidade das escolas e dos educadores que nelas trabalham.
É fundamental que o poder público se aproxime da comunidade escolar e estabeleça um diálogo efetivo, em busca de soluções conjuntas para os desafios enfrentados pela educação.
Ainda, exigimos que os representantes da SEE/MG se retratem publicamente pelas declarações ofensivas aos profissionais da educação pública de Minas Gerais.