Escrito por: Rogério Hilário
Em entrevista coletiva, presidenta do Sindicato, Alda Santos, reitera que a categoria inicia, à zero hora desta terça-feira (14) paralisação total pela garantia de 1.600 empregos
“A paralisação de 100% do Metrô de Belo Horizonte começa à zero hora desta terça-feira, 14 de fevereiro. Não é nada contra a população. É que não sabemos o futuro de 1.600 trabalhadoras e trabalhadores. Não fazemos uma greve contra o governo. Muito menos é uma greve política. Ficaremos parados até que o governo federal nos chame para uma negociação oficial. Aconteceram várias negociações e ações, em que participaram o deputado federal Rogério Correia, a deputada estadual Beatriz Cerqueira, a CUT Minas, a CUT Nacional. Agradecemos ao apoio de todas e todos, mas queremos que o presidente Lula interceda”, afirmou a presidenta do Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro/MG), Alda Lúcia Fernandes dos Santos, na manhã desta segunda-feira, 13 de fevereiro, em entrevista à imprensa, na sede da entidade, em Belo horizonte.
Alda Santos participou da entrevista acompanhada do vice-presidente, Daniel Glória Carvalho; e dos integrantes da Diretoria Executiva Camila Cristele e Raimundo Bartolomeu Gonçalves França. Ela lembrou que o processo de privatização do Metrô de Belo Horizonte vem acontecendo desde 2019. “Foram várias reuniões, debates e quase 20 ações. Só que a entidade não foi chamada para conversar em momento algum. Ninguém chamou a entidade de classe. Quem pode defender os interesses de trabalhadoras e trabalhadores é o sindicato”, disse.
“O edital do leilão da CBTU-BH sequer resguarda o emprego dos 1.600 profissionais. O documento fala em 900. E o que vai acontecer com o restante, já que são profissionais especializados e, por isso, terão dificuldades para se recolocar no mercado de trabalho? Está em jogo o destino de concursados, pais e mães de família”, afirmou a dirigente sindical.
“Queremos que haja uma abertura oficial de negociações com o Sindimetro/MG. Lula, em seus discursos, garantiu: acabou a privatização e que daria atenção a Belo Horizonte. Vamos cobrar que ele cumpra o que disse. O presidente falou, também, na visita aos Estados Unidos, que iria fortalecer os sindicatos. Então que interceda neste processo e nos receba. Vamos mostrar a ele que o edital está cheio de erros. Não podemos concordar com isso. O processo da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) e do deputado federal Rogério Correia (PT) contra o leilão contesta que a aplicação dos R$ 428 milhões da multa da Vale deveria ser feita em políticas de mobilidade urbana. Não há pesquisa origem-destino, que é primordial, mas, ainda assim, o edital apresenta uma estimativa de 70 mil usuários por dia na nova linha”, denunciou a presidenta do Sindimetro/MG.
“A privatização da CBTU-MG ainda não foi concretizada, embora uma empresa, a Comporte Participações S.A., tenha vencido o leilão no dia 22 de dezembro. Isso só acontecerá no dia 10 de março, data marcada para a assinatura do contrato. Lula não pode aceitar um contrato que, segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e uma auditoria que contratamos, está cheio de vícios e irregularidades. A Comporte comprou a CBTU-MG por apenas R$ 25 milhões e ainda vai receber mais R$ 2,8 bilhões do governo federal”, concluiu Alda Santos.
O vice-presidente do Sindimetro/MG, Daniel Glória Carvalho, enfatizou que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) recomendou a suspensão do processo de leilão do Metrô de Belo Horizonte. ”A concretização da privatização, nos termos do edital, pode gerar prejuízo aos cofres públicos. É um pacote fechado para ser entregue à iniciativa privada. Hoje o transporte urbano já enfrenta dificuldades. E, pelo projeto apresentado, a linha prevista para o Barreiro será sem acesso direto ao Centro de Belo Horizonte. E não se sabe se vai atender à demanda da população da região. As prefeituras de Belo Horizonte e Contagem não foram ouvidas. Com os R$ 428 milhões do Estado e os R$ 2,8 bilhões do governo federal, calculo, daria para manter a CBTU pública, construir o ramal e ainda modernizar a infraestrutura e a frota.”