Escrito por: Letícia Fontes - Jornal O Tempo
Segundo o presidente do Sindágua/MG, Eduardo Pereira, o “desmantelamento” da Copasa tem sido calculado “friamente” pelo governador Romeu Zema (Novo) para justificar privatização
Funcionários terceirizados da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), responsáveis pela leitura dos padrões de água, protestaram na segunda-feira, 20 de novembro, em frente à sede da estatal, localizada no bairro Santo Antônio, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, por melhores condições de trabalho na empresa.
Sindicatos têm denunciado a precarização dos serviços na estatal. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Tratamento de Esgotos do Estado de Minas Gerais (Sindágua/MG), Eduardo Pereira, a companhia tem prestado “um serviço ineficiente” para justificar uma eventual privatização da estatal. Para ele, o “desmantelamento” da Copasa tem sido calculado “friamente” pelo governador Romeu Zema (Novo).
De acordo com o presidente do Sindágua/MG, “a falta de políticas sociais da estatal” estaria levando ao acréscimo de “gatos”, o que aumentaria o consumo de água.
“A Copasa não é uma empresa ineficiente, mas o que vemos é o governo usando algumas políticas para sucatear a companhia. A Copasa foi criada para corrigir desigualdades do Estado, não para dar lucro. Mas estão mais preocupados em distribuir dividendos, mascarar os investimentos, do que preocupados com a questão social. Enquanto estamos vivenciando uma crise, com falta de água, os acionistas estão recebendo milhões de dividendos, lembrando que o Estado é acionista majoritário”, criticou Eduardo Pereira.
Favorecimento de aliados
O presidente do Sindágua denuncia ainda a presença de “aliados” de Zema na estatal No último mês, após levar o presidente estadual do Novo, Christopher Laguna, para a assessoria executiva da presidência da Copasa, o governador afirmou que a escolha da corporação como modelo de privatização para a Cemig lhe blindaria do que classificou como “politicagem”.
Em maio, o ex-deputado federal Charlles Evangelista, que não conseguiu se reeleger no ano passado, também foi levado para ser assessor institucional da presidência da companhia.
“O que eu vejo são políticos sendo priorizados na gestão com salários altíssimos. Enquanto isso, cadê os investimentos anunciados? A região metropolitana precisa de mais reservatórios. Só o aumento do consumo não justifica a crise que estamos passando. O governo não quer solucionar o problema, ele quer criar o caos e vender”, afirmou o sindicalista.
A deputada estadual Ana Paula Siqueira (Rede) concorda e acrescenta que essa seria uma “estratégia perversa” do governador “para vender a privatização como solução”. A Companhia nega e diz que vem sendo gerida por uma diretoria “extremamente técnica e profissional”.
A deputada Ana Paula Siqueira (Rede) ainda acrescenta: “A Copasa é uma empresa lucrativa, com seus próprios recursos conseguiria fazer os investimentos necessários para aprimorar os serviços. Não podemos colocar a culpa da precarização dos serviços da Copasa no endividamento do Governo de Minas. A dívida é histórica e observamos a redução dos investimentos a partir do governo Zema”.