Escrito por: Rogério Hilário
Em ato unificado, CUT/MG, entidades sindicais, movimentos sociais e populares e lideranças políticas reafirmam apoio ao movimento da categoria
Trabalhadoras e trabalhadores dos Correios de Minas Gerais aprovaram, por unanimidade, a continuidade da Greve Nacional de resistência em assembleia realizada no início da tarde desta sexta-feira, 11 de setembro, em frente à Agência Central da empresa em Belo Horizonte, na Avenida Afonso Pena. A atividade antecedeu a audiência de conciliação, programada para 15 horas, no Tribunal Superior do Trabalho (TSE). A categoria paralisou as atividades no dia 18 de agosto contra retirada de direitos, que tem como objetivo corte de custos pelo governo genocida e ultraneoliberal de Jair Bolsonaro facilitar a privatização. A direção da empresa, que tem como presidente o general Floriano Peixoto Viana Neto, tenta extinguir 70 das 79 cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho, que significa redução de cerca de 60% dos salários em plena Pandemia de Covid-19.
Trinta e seis sindicatos realizaram atos e assembleia em todo o país, na data em que a greve completou 24 dias. Em Belo Horizonte, a manifestação contou com a participação de trabalhadoras e trabalhadores vindos de todas as regiões do estado, lideranças sindicais e representantes de outras categorias. Os ecetistas deram uma forte demonstração de força, que estão firmes na luta e que não irão aceitar calados os desmandos do general que quer privatizar e destruir a ECT. De acordo com dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos de Minas Gerais (Sintect-MG), o movimento ainda não é o maior em duração – houve paralisação de 43 dias em 2014 -, mas é com maior adesão.
Antes e durante a assembleia, trabalhadoras e trabalhadores dos Correios, contaram com apoio, que vem se ampliando desde o início do movimento, de categorias dos serviços públicos e de outros setores, da Central Única de Minas Gerais (CUT/MG), de lideranças políticas e do deputado federal Rogério Correia (PT). A mobilização começou na Praça da Estação, seguida de passeata pelas ruas da Região Central de Belo Horizonte. Durante o trajeto, os manifestantes receberam manifestações de solidariedade da população da capital mineira.
No encerramento da assembleia, apoiadores e categoria cantaram parabéns para o presidente do Sintect-MG, Robson Gomes Silva, que fez aniversário nesta sexta-feira (11). “Não poderia ter recebido um melhor presente do que a participação de tanta gente nesta atividade. É a mesma emoção que sinto todo 11 de setembro. Ainda mais com tantas vozes dizendo ‘não à privatização’. Por isso, sinto que a luta de trabalhadoras e trabalhadores não será em vão, defendendo nossas familiares, nossos direitos e nossa dignidade. Vamos seguir resistindo. Sempre”, disse.
“Nossa greve nacional está forte. Hoje temos atos em todo o país. São 24 dias de paralisação contra a retirada de direitos históricos da categoria. Um ataque ligado, diretamente, à privatização. Não tivemos alternativa e a sociedade precisa entender isso. A direção da empresa e o governo Bolsonaro quer acabar com quase todas as cláusulas do acordo e cortar mais de 50% dos salários. E temos a percepção que, quantitativamente, é a maior greve”, acrescentou Robson.
Durante o trajeto até a Agência Central, apoiadores se revezaram nas falas e ressaltaram a importância da unidade neste momento, já que a proposta de retirada de direitos, tendo como propósito redução de custos e precarização para favorecer a privatização de uma empresa que é patrimônio do povo brasileiro, significa a soberania e a integração nacionais, serve como o ataque ao serviço público e, consequentemente, aprofundar a privatização de todas as empresas públicas.
“Chegamos à quarta semana da greve nacional, com muita resistência. A categoria mostrou para toda a classe trabalhadora que é possível resistir e lutar. Este é momento de união e muita luta. Depois da reforma da Previdência, estão apostando na reforma administrativa. Zema já anunciou seu projeto de privatizar a Copasa. Os ataques vêm de todos os lados. Por isso, nossa união é fundamental para barrar tudo isso”, afirmou Jairo Nogueira Filho, presidente da CUT/MG.
“O ato unificado, maravilhoso, é para deixar claro para a população que temos que lutar, e muito, por nossos direitos. Trabalhadoras e trabalhadores dos Correios demonstram que este é o momento em que a classe trabalhadora precisa estar unida. Nós bancários garantimos uma bom acordo negociando com o mesmo patrão, mas tivemos que lutar muito. Estaremos juntos, sempre, até a vitória”, disse Sebastião Silva Maria, diretor do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região e secretário de Administração e Finanças, da CUT/MG.
“Estamos aqui em solidariedade com os grevistas dos Correios. Estaremos sempre ao lado deles, num movimento que é de toda a população brasileira, que acredita e confia nas trabalhadoras e nos trabalhadores dos Correios. Todas e todas devem defender os Correios contra a privatização e a retirada de direitos”, afirmou Valquíria Aparecida Assis, diretora do Sindicato dos Economistas (Sindecon) e da Direção Estadual da CUT/MG.
“Nossa parceria de luta se fortaleceu, ainda mais, no combate à proposta de reforma da Previdência de Romeu Zema. E trabalhadoras e trabalhadores dos Correios estão fazendo uma bruta luta. Um combate à destruição que Jair Bolsonaro quer impor contra a empresa. Entregar uma empresa responsável para integração nacional, que chega a todos os municípios, é fundamental para a educação, com a distribuição dos livros didáticos e para Enem, para a saúde, levando vacinas, e para os serviços sociais. Entregá-la para empresas que visam lucros. Estamos diante da maior greve, em adesão, da história. Seguiremos solidários”, disse Denise de Paula Romano, coordenadora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG).
O Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Belo Horizonte (Sindibel) também marcou presença no ato unificado. “Os Correios é um patrimônio do nosso país. Seremos sempre contra a privatização e a retirada de direitos. Sabemos que, se este governo genocida e ultraliberal, conseguir entregar a empresa para a iniciativa privada, virá para cima de todo o serviço público. Este é o projeto. Por isso nossa luta é única”, afirmou Cleise Donária de Oliveira.
“Os Correios são importantíssimos para soberania nacional, integração do território e de todo o povo brasileiro. Entendemos que, neste momento, este governo fascista e ultraneoliberal tem como objetivo facilitar a privatização, dando um passo para a entrega de todo o patrimônio dos brasileiros. O resultado da privatização dos Correios será a restrição da integração da população brasileira e dos serviços sociais. O momento é de lutar contra estas políticas e nos unir para derrubar Bolsonaro e Romeu Zema”, disse o coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro-MG).
Soniamara Maranho manifestou no ato unificado a solidariedade do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e da Frente Brasil Popular Minas à greve nacional dos Correios. “Reafirmamos todo o apoio à greve nacional, que é um processo organizativo da luta contra a retirada de direitos e a privatização. E contra a precarização e a terceirização, que antecederiam a entrega da empresa. Defendemos que os Correios continuem sendo uma empresa pública e de qualidade. Uma empresa de integração nacional. E não seja entregue a empresários que visam o lucro. Os Correios é uma emprega que prestar serviços sociais fundamentais para a população brasileira. Estaremos sempre solidários.”
Também manifestaram apoio à greve nacional José de Arimatéia Leite de Menezes, do Sindicato dos Trabalhadores Ativos, Aposentados e Pensionistas do Serviço Público Federal do Estado de Minas Gerais (Sindsep-MG) e Condsep; e Maurício Vieira Gomes da Silva, do Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino (Sindifes); Pedro Paulo; o deputado federal Rogério Correia (PT); e dirigentes de outras entidades sindicais e movimentos sociais.
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