Escrito por: Rogério Hilário
Ato convocado pela CUT/MG une várias categorias, movimentos sociais e lideranças políticas para dialogar com a população sobre a importância da redução dos juros e pedir a saída de Campos Neto do Banco Central
Trabalhadoras e trabalhadores, movimentos sociais, sindicais e toda a sociedade protestaram, na manhã desta terça-feira, 21 de março, contra as altas taxas de juros e pela democratização do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) e do Conselho Monetário Nacional em ato convocado pela Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG). A manifestação contra a taxa básica (Selic) praticada pelo Banco Central, que atualmente está em 13,75%, aconteceu na Praça Sete, Região Central de Belo Horizonte. Outra reivindicação dos manifestantes é a derrubada de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central indicado para o cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Participaram do ato Juros Baixos Já!, entre outras categorias, bancários, metroviários, petroleiros, trabalhadoras e trabalhadores da saúde, da educação, dos Correios, dirigentes dos movimentos sociais e representantes de parlamentares.
“Realizamos o ato na Praça Sete, com a população parando, tentando entender o que está acontecendo. É muito importante dialogar com o povo de Belo Horizonte e importantíssimo contar com o apoio de vários sindicatos e movimentos sociais e estudantis. Mostramos para a população que as altas taxas de juros provocam desemprego, queda dos salários. E trouxemos também a discussão do fora Campos Neto. E da importância do governo Lula caminhar na queda dos juros e fazer as políticas públicas tão necessárias para o Brasil. Foi deixada uma armadilha pelo governo Bolsonaro, pelo Paulo Guedes, que nós vamos conseguir derrubar e fazer o Brasil crescer novamente. Com juros baixos, pois os juros atuais estão entre os mais altos do mundo”, disse Jairo Nogueira Filho, presidente da CUT/MG, que coordenou o ato.
Com os juros altos, o Brasil está na contramão do mundo, segundo Jairo Nogueira. “As altas taxas de juros prejudicam não somente a economia, mas prejudicam de fato de trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. Você não consegue gerar emprego, porque o dinheiro está muito caro, as pessoas não conseguem investir na ampliação e na abertura de novos negócios. As pessoas não conseguem adquirir bens aí a economia não anda. Nem mesmo comprar uma geladeira, um fogão, porque os juros estão muito altos. Não conseguem fazer esta movimentação. Então nosso protesto contra esta postura do Banco Central. O mundo inteiro está na questão da queda de juros, entendendo que é necessário fazer isso agora. E o Brasil está com uma das maiores taxas de juros, colocada pelo presidente do Banco Central, indicado pelo governo passado, de Jair Bolsonaro.”
Ramon Peres, presidente do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, entidade que promoveu manifestação com as mesmas pautas no dia 14 de fevereiro, em frente à sede do Banco Central, também avaliou o protesto como uma oportunidade de esclarecer a população sobre os prejuízos causados ao país pela gestão de Roberto Campos Neto. “Este debate que a gente traz para a população, não é só em Belo Horizonte. É um debate nacional. A CUT chamou este ato para explicar para a população o que ela não entende muito bem. Estamos aqui para dizer que o Banco Central, cujo o presidente é o Campos Neto, continua defendendo uma taxa alta, argumentando que é preciso mantê-la assim para conter a inflação, porque temos oferta demais de consumo e de produtos. Agora eu pergunto: o povo está conseguindo comprar carro zero? Comprar eletrodomésticos? O povo está conseguindo tirar o empréstimo para o seu negócio? Olha ali, tem lojas fechadas há quatro meses. A agência do Banco Itaú está fechada. O povo tem consciência do dinheiro. Sabe o que ganha e pode gastar. E quando faz as contas para pegar um empréstimo no banco, ele desiste”, analisou Peres.
“Por causa da ganância dos banqueiros, os juros exorbitantes, juros em cheques especiais de mais de 100%, do cartão de crédito de mais de 300% ao ano. Aí ele desiste. A taxa Selic está alta e quando ela está alta, encarece o dinheiro do empréstimo e aí na hora que ele vai pagar R$ 1 mil, vai pagar R$ 10 mil em juros. Não tem condições do país crescer desta forma. E não existe inflação de oferta no país. O povo está passando fome, querendo emprego, querendo trabalhar. Quer comprar sua casa própria. Montar seu negocinho. O povo, igual o presidente Lula fala, está querendo um churrasquinho do final de semana com uma cervejinha. Todo mundo gosta de pegar um avião para poder ir a uma praia, nas suas férias. Todo mundo gosta de ter carteira assinada para tirar suas férias. Se passar mal, ficar doente ter o INSS para se tratar direitinho. O povo gosta disso. Aí vem este Campos Neto falar que tem oferta demais no mercado. Uma mentira. Este Campos Neto deveria ter vergonha na cara e sair do Banco Central. Falar assim: eu sou incompetente, tenho que sair porque não estou ajudando a população brasileira”, afirmou o presidente do Sindicato dos Bancários.
Debate urgente
Sindicalistas e os representantes dos movimentos populares entendem que a alta taxa de juros paralisa a economia e impede o país de crescer e gerar emprego decente, distribuir renda e facilitar o acesso ao crédito. Entendem ainda que o CARF precisa ser democratizado, ter participação popular para reduzir sonegação de empresas e aplicar os recursos em investimentos em áreas como saúde e educação, infraestrutura e programas sociais, como o Bolsa Família.
Para ajudar na luta pelo aquecimento da economia brasileira, com investimentos que melhorem a vida da classe trabalhadora de toda a sociedade, esta luta é prioritária para o país.