Escrito por: Brasil de Fato Minas Gerais

'Traidor da pátria', diz Dino sobre fala separatista de Zema contra o Nordeste

"Absurdo que a extrema-direita fomente divisões regionais; precisamos do Brasil unido e forte", defendeu o ministro

Câmara dos Deputados

O ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino classificou Romeu Zema (Novo) como “traidor da pátria” depois que o governador de Minas Gerais defendeu a união entre os estados das regiões Sul e Sudeste para barrar o avanço dos interesses do Nordeste.  

“Absurdo que a extrema-direita fomente divisões regionais. Precisamos do Brasil unido e forte. Está na Constituição que é proibido ‘criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si’. Traidor da Constituição é traidor da Pátria, disse Ulysses Guimarães”, publicou Dino, que é maranhense, em seu perfil no Twitter, nesta segunda-feira, 7 de agosto.

Um dia antes, Zema disse, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, que o  Consórcio Nordeste busca consolidar um “protagonismo” para garantir força majoritária frente às demais regiões. Em nota, o grupo declarou que o governador tem uma “leitura preocupante do Brasil”.

“Ao defender o protagonismo do Sul e do Sudeste, indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vêm sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento”, acrescenta o bloco, que reúne os governadores de todos os nove estados da região.  

O grupo diz ainda que o Consórcio Nordeste, bem como o da Amazônia Legal, busca ampliar a cooperação local, compartilhar “melhores práticas e soluções de problemas comuns” e favorecer o desenvolvimento sustentável, buscando não uma “guerra” com os outros estados do país, mas sim “compensar desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento”.  

“Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de ‘O Brasil que cresce unido’. Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica subalterno, dividido e desigual”, diz o grupo. 

Consórcio Sul-Sudeste

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, Zema falou sobre a criação do Consórcio Sul-Sudeste (Cossud) para fazer frente aos estados do Nordeste. Agora sob a liderança do governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), a organização tem a intenção de desafiar o governo federal e atuar de maneira conjunta no Congresso Nacional sempre que possível. 

“Está sendo criado um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade?... Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta?”, questionou Zema na entrevista. 

Reação

O Consórcio Nordeste e políticos do campo progressista reagiram neste final de semana após o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), defender que os estados das regiões Sul e Sudeste se unam para barrar o avanço dos interesses do Nordeste. O mandatário disse, em entrevista ao jornal Estado de São Paulo no sábado (5), que o grupo busca consolidar um “protagonismo” para garantir força majoritária frente às demais regiões. Esta não é a primeira vez que o governador mineiro ganha repercussão após falas que discriminam nordestinos.

Em nota oficial, o Consórcio Nordeste disse que Zema tem uma “uma leitura preocupante do Brasil”. “Ao defender o protagonismo do Sul e do Sudeste, indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vêm sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento”, acrescenta o bloco, que reúne os governadores de todos os nove estados da região.

O grupo diz ainda que o Consórcio Nordeste, bem como o da Amazônia Legal, busca ampliar a cooperação local, compartilhar “melhores práticas e soluções de problemas comuns” e favorecer o desenvolvimento sustentável, buscando não uma “guerra”  com os outros estados do país,  mas sim “compensar desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento”.

“Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de ‘O Brasil que cresce unido’. Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica subalterno, dividido e desigual”, acrescenta a nota, que ao final apela ainda para a “união nacional em torno da reconstituição de áreas estratégicas para o país”.  

Pelas redes sociais, parlamentares da Câmara dos Deputados e do Senado também se manifestaram. “A ignorância e o preconceito de Zema são atributos seus muito conhecidos, mas que não deixam de envergonhar toda vez que vêm a público. O alento é saber que Minas e os mineiros são muito maiores do que esse funesto sujeito, acidente político em um estado de história tão altiva”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE), que se manifestou via Twitter.

O líder da bancada do PSOL na Câmara dos Deputados, Guilherme Boulos (SP), também reagiu. “Revoltante. Depois de elogiar Bolsonaro, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, disse que o Nordeste é uma ‘vaquinha’ que ‘produz pouco’ e disse que as críticas à concentração de renda no país ‘têm de ter limite’. Preconceituoso e nojento”, disse o psolista.

Presidenta nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) também se manifestou em sua página no Twitter: “Só mesmo o bolsonarista Zema para propor união Sul-Sudeste contra os Nordeste. Preconceituoso e atrasado. Eu sou do Sul e essa fala é inadmissível. Temos orgulho no Nordeste, do povo nordestino. Queremos a união do povo brasileiro por um país justo, solidário, livre de discriminação”.