Escrito por: Rogério Hilário

Verdadeira Inconfidência é celebrada em Ouro Preto com o grito "Fora Zema"

Entidades da Frente Mineira em Defesa do Serviço Público realizam ato na Praça da Rodoviária e reafirmam a luta contra o projeto de desmonte do Estado do governador

Rogério Hilário

Ato construído pela Frente Mineira em Defesa do Serviço Público foi realizado na manhã deste domingo, 21 de abril, Dia de Tiradentes, em Ouro Preto. A manifestação reafirmou a união de 28 entidades sindicais, a Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), outras centrais, movimentos sociais, populares e parlamentares na luta contra o desmonte do Estado e das empresas públicas mineiras de serviços essenciais, como a Copasa e a Cemig, executado pelo governo de Romeu Zema.  A manifestação foi organizada e coordenada pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG) e teve música do Bloco "Sou Vermelho" e mística do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Foi uma celebração da verdadeira Inconfidência Mineira em um ato de resistência pelos direitos e patrimônio do povo mineiro, que reiterou que liberdade só existe com igualdade social. A manifestação aconteceu na Praça da Rodoviária. No encerramento, os manifestantes ocuparam as escadarias da Igreja de São Francisco de Paula.

Em contraponto cerimônia oficial de entrega da Medalha da Inconfidência pelo governador, a Frente, para denunciar o governo estadual, homenageou com uma medalha lideranças e entidades que realmente defendem os serviços e servidores públicos de Minas Gerais. Entre os homenageados, o presidente da CUT/MG, Jairo Nogueira Filho, a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) e dirigentes de entidades sindicais e movimentos sociais. Para receber a comenda, os agraciados atravessaram um corredor formado por militantes e dirigentes andando sobre um faixa em que estava escrito “Fora Zema”.

O ato fez parte do calendário de ações construído pelas entidades no seminário realizado pela Frente Mineira em Defesa do Serviço Público, no dia 6 de abril, com o objetivo de unir forças para enfrentar os ataques do governo estadual aos servidores públicos e outras categorias. O ponto culminante da mobilização será a paralisação geral programada para o dia 8 de maio, unindo diversas categorias de trabalhadores.

“Estamos aqui lutadoras e lutadores, com os sindicatos que compõem o funcionalismo público estadual. Numa unidade que a gente nunca conseguiu fazer antes na história de nosso Estado. Numa demonstração de unidade, identificando corretamente quem é o nosso inimigo de classe, que é o governador Romeu Zema, que faz um processo de destruição de todo o serviço público estadual, por intermédio da sua sanha de privatização e atendimento do capital econômico”, disse Denise de Paula Romano, coordenadora-geral do Sind-UTE/MG.

“Estamos aqui sabendo que a nossa unidade é fundamental para derrotar o projeto privatista de Romeu Zema. É preciso alertar a sociedade como um todo. Zema quer acabar com a Uemg, acabar com o Ipsemg, vender a Cemig, a Copasa, a Codemig, privatizar a educação. Simplesmente destruir toda a prestação de serviço público. Zema atuou de forma decisiva para a privatização do Metrô de BH, que sucateou o atendimento à população e iniciou um processo de demissão em massa de todos os que pertencem à CBTU. Ampliou a terceirização em empresas públicas. É, descaradamente, um inimigo da classe trabalhadora. Há mais de dez anos que estamos aqui todo 21 de abril e, há cinco anos, nossa presença em Ouro Preto se transformou na luta pela sobrevivência de servidoras, servidores, do serviço e do patrimônio do povo mineiro”, alertou Jairo Nogueira Filho, presidente da CUT/MG.

“Eu já perdi as contas das vezes que viemos aqui para resgatar o que é a Inconfidência Mineira. A verdadeira Inconfidência está aqui, nesta praça. Quem está recebendo a medalha não tem nada a ver com o ideal de Tiradentes. São pessoas que atacam a democracia. Quero saudar a Frente que construiu esta manifestação. Aqui é que estão os que fazem o enfrentamento a Romeu Zema. Quem faz uma grande batalha contra a privatização das escolas, quem compõe a Frente Mineira em Defesa do Serviço Público. Ninguém sozinho sairá vitorioso deste enfrentamento.  Qual movimento social vai sobreviver se o movimento sindical for derrotado. Se a Uemg for derrotada, todos nós seremos derrotados. O que o Zema quer é derrotar a classe trabalhadora no período que ainda tem de governo. O dia 21 de Abril diz muito sobre a nossa capacidade de resistir, de enfrentar o governo. O verdadeiro 21 de abril acontece aqui”, afirmou a deputada estadual Beatriz Cerqueira.

“É uma ironia que, no dia de um revolucionário, o governador Romeu Zema homenageia quem não respeita o ideal da Inconfidência Mineira. Quero saudar a todas as categorias. Mesmo a cada derrota, a cada fracasso, o espírito de luta vai continuar. Cada um de nós deveria estar recebendo a medalha da Inconfidência, pois representamos a luta contra o fascismo, a luta que inspirou Tiradentes”, disse Daniel Glória Carvalho, secretário-geral do  Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro/MG).

“Ouro Preto é a prova de o quanto é prejudicial a privatização do saneamento. E o mesmo está para acontecer em Ipatinga. O valor da tarifa aumenta e a população recebe uma água suja. É um processo fracassado. Mas nossa luta está além do projeto privatista de Zema. A Copasa está demitindo, terceirizando. Hoje é a Copasa, depois vai passar para a educação. Zema representa a luta conjunta do capital contra a classe trabalhadora. Serviço privatizado significa dinheiro no bolso do empresariado. O projeto pode ser sintetizado no regime de recuperação fiscal, que ainda nos ameaça: estrangular os serviços públicos para justificar a privatização”, analisou Lucas Gabriel Tonaco Ferreira, diretor de Comunicação do Sindicato dos Trabalhadoras nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos de Minas Gerais (Sindágua/MG).

Mobilizações até a greve geral

A mobilização da Frente Mineira em Defesa do Serviço Público, que antecedem a greve geral, contará com diversas outras ações, como manifestação em defesa do Ipsemg e do Hospital Fhemig, nesta terça-feira, 23 de abril, com ato público contra as terceirizações dos hospitais. A concentração começará às 10 horas na porta do Hospital Governador Israel Pinheiro (HGIP), na Alameda Ezequiel Dias,  225, Centro-BH.

No mesmo dia, acontece audiência, para discutir os impactos do projeto de Romeu Zema (PL 2.238/24) que aumenta a contribuição do Ipsemg/Saúde para servidores civis de Minas Gerais, às 16 horas, na Assembleia Legislativa. Na quinta-feira (25), acontece participação em audiência pública em Araxá, terra de Romeu Zema, contra o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e a privatização da Codemig, no dia 25 (quinta-feira). E, em 1º de maio, está em construção ato unificado do Dia da Trabalhadora e do Trabalhador.