Escrito por: Rogério Hilário, com informações de Sind-UTE/MG e ALMG

ASBs na rua, Zema a culpa é sua! Categoria essencial ganha apenas R$ 1.242,31

Auxiliares de serviços denunciam que recebem menos que o salário mínimo e são responsáveis por merenda, cuidado, limpeza e outras atividades, enquanto governador teve reajuste de quase 300%

Rogério Hilário

Auxiliares de Serviços da Educação Básica (ASBs) saíram em passeata pelas ruas de Belo Horizonte para denunciar salário abaixo do mínimo pago pelo governo de Romeu Zema.  A manifestação, realizada nesta quarta-feira, 10 de maio fechou o dia de paralisação de atividades dessa categoria, que é responsável pela merenda, cuidado, limpeza, entre outras atividades nas escolas.

ASBs, organizados e coordenados pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), participaram, pela manhã, de audiência pública na Assembleia Legislativa (ALMG). O Sind-UTE convocou a paralisação da categoria em todo o Estado nesta quarta-feira, para pressionar o governo a rever o tratamento dispensado aos auxiliares de serviço.

À tarde realizaram o protesto, com apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT/MG) e a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), saindo do pátio da ALMG para dialogar com a população da capital mineira sobre o disparate de receber apenas R$ 1.242,31 por mês, enquanto o governador reajustou seu salário e da cúpula do governo estadual em quase 300%. A passeata terminou na Praça Sete, região Central de BH.

“Hoje é um dia histórico para nós, pois estamos em luta por nossos direitos. Precisamos de união e firmeza para que nosso salário seja justo. Vivemos uma situação muito difícil”, diz Edna Gouveia, ASB e cozinheira na E.E. Bernardo Valadares, de Sete Lagoas. Ela está na função há mais de 15 anos e afirma que onde trabalha são, diariamente, cozidos cerca de 20 kg de arroz e quando faz feijoada são 10 kg para alimentar quase 600 estudantes.  “Pela manhã, cozinho 70 quilos de arroz, 30 quilos de feijão, lavo mais de 2 mil pratos. Quero ver a diretora fazer isso hoje”, ironizou Ana Lúcia, do Triângulo Mineiro.

“É muito importante que, neste dia histórico, que a gente consiga demonstrar para toda a população o que acontece nas escolas neste governo de Romeu Zema. Nós, que temos filhos, e levamos filhos e filhas para escolas não imaginávamos o que está acontecendo em Minas Gerais. Em Minas Gerais parece que vivemos num Estado de fantasia. Recentemente, em uma palestra no Nordeste, Romeu Zema apresentou uma Minas Gerais em que esta realidade dos ASBs não é mostrada. O que ele vende para todo o país é uma grande Zemalândia, um Estado virtual, como se o povo mineiro estivesse vivendo num paraíso. Como se a Cemig, a Copasa e a saúde de Minas Gerais estivesse uma maravilha. Isso me fez lembrar do Aécio Neves, com sua farsa do choque de gestão e déficit zero. E agora vem o Zema queremos demostrar que está tudo bem no Estado e a gente sabe que não está”, disse Jairo Nogueira Filho, presidente da CUT/MG.

Audiência pública

No período da manhã, a categoria sob a coordenação do Sindicato Único dos trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG) participou de uma audiência pública requerida pela deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), presidenta da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa e que contou com as presenças dos deputados Leleco Pimentel (PT), Macaé Evaristo (PT) e Lohanna França (PV).

Durante a audiência muitas denúncias sobre a situação precária nas escolas, vários relatos da falta de equipamentos básicos de segurança (EPIs) e em algumas foram relatadas até mesmo proibições dos profissionais de comerem da própria merenda que fazem.

 A deputada estadual Beatriz Cerqueira parabenizou o Sind-UTE/MG e a categoria pela organização da luta e destacou a importância das ASBs para o bom funcionamento das escolas. Mais uma vez reforçou o absurdo que vem acontecendo neste governo com o desvio de função imposto ao delegar para auxiliares de serviços da educação funções de porteiros, capina, entre outros serviços extremamente pesados.

Beatriz Cerqueira também denunciou que auxiliares de serviços são prejudicados pelo governo do Estado até na hora de buscar benefícios previdenciários. “Se alguém machucar o pé, se alguém precisa de uma licença médica, não está conseguindo. Como também não está conseguindo se aposentar, porque o governo não está regular com o INSS. No registro da contribuição previdenciária falta a contribuição desde outubro do ano passado, pois o Estado não está repassando o que desconta de todo o mundo, todo mês, para o INSS. Hoje, os auxiliares de serviços têm negados direitos previdenciários.”

“O governador que teve 300% de aumento não pode continuar ignorando vocês”, afirmou Lohanna. Leleco Pimentel, que foi auxiliar de serviço em Ouro Preto (Região Central), ratificou que os trabalhadores precisam ter seus direitos trabalhistas reconhecidos. “Quem não tem respeito pela escola não há de ter por nada”, disse.

Segundo Macaé Evaristo, o governo trabalha com a lógica de destruição do serviço público. Ela também lembrou o perfil da categoria, composta em grande parte por mulheres negras, que sempre receberam um tratamento desigual.

Denise Romano, coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) engrossou a voz das ASBs e falou da vergonha desse governo em pagar menos que um salário mínimo a essas profissionais. “São a maioria de mulheres, negras, arrimos de família, trabalhadoras e que estão tendo seus direitos negados. O setor de ASBs é  o mais explorado e agredido pelo governo do Estado.”

Denise destacou que hoje a educação levanta a voz para “denunciar essa vergonha e lutar para que ela acabe. Também estamos em defesa do reajuste de 14.95% do Piso Salarial de janeiro, conforme Portaria do Ministério da Educação e Cultura (MEC) e até agora não respeitado pelo governo de Minas. Cobramos do governador que teve quase 300% de aumento de seu salário que pague um salário digno às nossas ASBs senão a luta seja intensificada e radicalizada.”

 “O governador que teve 300% de aumento não pode continuar ignorando vocês”, afirmou Lohanna.

Leleco Pimentel, que foi auxiliar de serviço em Ouro Preto (Região Central), ratificou que os trabalhadores precisam ter seus direitos trabalhistas reconhecidos. “Quem não tem respeito pela escola não há de ter por nada”, disse.

Segundo Macaé Evaristo, o governo trabalha com a lógica de destruição do serviço público. Ela também lembrou o perfil da categoria, composta em grande parte por mulheres negras, que sempre receberam um tratamento desigual.