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Artigo

Belo Horizonte e suas mazelas sociais

Publicado: 01 Agosto, 2012 - 17h11

Tratar como caso de polícia as questões sociais que a população enfrenta explicita a ineficiência de gestão e uma visão de Estado autoritário. Foi a Ditadura Militar que investiu na repressão para lidar com estudantes, operários, professores e quaisquer outros que fossem às ruas manifestarcontra o governo.
 
Em Belo Horizonte, os problemas sociais estão latentes. O que fazer com os moradores que manifestaram sua indignação diante de mais uma inundação em que a água suja invadiu casas e destruiu os poucos bens existentes? Chamar um Policial para cada morador?
 
O que fazer com as educadoras infantis que, cansadas da enrolação,ausência de um processo sério de negociação e com salários rebaixados, decidem denunciar a situação pelas ruas da capital? Quantos policiais seriam necessários para cada professora?
 
Embora a Prefeitura tenha um cadastro de 180 mil famílias, ainda não houve nenhuma construção do projeto Minha Casa, Minha Vida para apopulação que recebe de um a três salários mínimos, e dezenas de famílias decidem pela ocupação de área urbana. O que fez o Prefeito? Dezenas de policiais para cada cidadão, incluindo nesta conta mulheres e crianças.

Uma das manifestações dos profissionais em educação da rede estadual durante a greve de 2011 chegou a reunir cerca de 15 mil pessoas. Pela conta do prefeito,seriam necessários 60 mil policiais. Enquanto estivessem reprimindo professoras, a cidade estaria sem policiamento. É esta a alternativa?
 
E os exemplos enxeriam várias folhas. Porque em BH as questões sociais da população mais pobre não têm tido respostas. Quando um grupo realiza uma manifestação, quer chamar a atenção de toda a sociedade para os problemas que enfrenta e que o Poder Público tem alguma responsabilidade. O respeito ao direito de manifestação, a capacidade de dialogar e tentar apresentar solução para o problema denunciado é a melhor alternativa. Não é possível que o Estado somente se apresente aos grupos sociais através da repressão. Este é o comportamento de regime totalitário, que tenta silenciar os que pensam diferente, de modo que não precise alterar sua forma de governar.
 
Na ânsia de conquistar a simpatia do eleitor que acompanha a recente greve dos caminhoneiros, o prefeito se esquece das mazelas sociais da cidade e de que a sua administração é responsável por inúmeras manifestações pelas ruas da cidade. Os direitos à moradia, educação, políticas públicas para a juventude entre outros, não foram enfrentados com eficiência pela sua gestão.
 
Num estado como Minas Gerais em que os índices de crimes violentos aumentaram assustadoramente nos últimos anos e que a sensação de insegurança da população é cada vez maior, o razoável é que os candidatos à Prefeitura apresentem como pretendem enfrentar a situação.