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25º Grito dos Excluídos: “Este Sistema não vale” leva milhares às ruas de BH

Centrais, movimentos sindical, sociais e  estudantis se unem em Belo Horizonte contra crimes da Vale, em defesa da educação, da saúde, da aposentadoria, da soberania e do patrimônio do povo brasileiro

Publicado: 02 Setembro, 2019 - 15h34 | Última modificação: 09 Setembro, 2019 - 16h53

Escrito por: Rogério Hilário

Rogério Hilário
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Milhares de pessoas foram às ruas de Belo Horizonte na manhã e no início da tarde de sábado, 7 de setembro, para protestar no 25º Grito das Excluídas e dos Excluídos. A manifestação, que também foi realizada em todo o país, como contraponto à comemoração oficial do Dia da Independência, teve como tema neste ano "Este Sistema não vale", uma denúncia dos crimes da Vale em Mariana (2015) e Brumadinho (2019).

O ato unificado da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), demais centrais, movimentos sindical, sociais, populares e estudantis e das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e religiosos incorporou também o quarto Tsunami da Educação. Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (APUBH) e muitos estudantes, levantaram bandeiras contra as medidas de cortes do  pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) nos orçamentos das universidades federais, bem como ao recente Projeto Future-se, também do governo federal, que pretende criar formas de financiamento para as universidades públicas com possibilidade de cobrança de mensalidade.

Outras pautas, como a luta contra a reforma da Previdência, os projetos de privatizações e ataques aos direitos e conquistas de trabalhadores e do povo brasileiro, pelos governos federal e do Estado, a defesa da Amazônia e da soberania nacional, também fizeram parte da manifestação.

Apesar de todo o cerco feito pela Polícia Militar, que interditou a Avenida Afonso Pena e adjacências até a Praça Sete para realização do desfile de 7 de setembro, o que limitou a circulação das pessoas, os manifestantes ocuparam, desde as 9 horas, a área debaixo do Viaduto Santa Tereza. Por volta das 11 horas, saíram em marcha pela Avenida dos Andradas, Rua Guaicurus, Rua São Paulo, Avenida Afonso Pena, Avenida Amazonas e, por fim, encerraram o ato na Praça Raul Soares.

O Grito dos Excluídos, em 2019, teve como objetivo impulsionar a pressão sobre o governo Bolsonaro e contra os querem destruir a Previdência pública, vender o patrimônio e a soberania nacional, contra as privatizações das estatais nacionais (como Petrobras e Correios) e no Estado (como a Cemig privatizar as empresas públicas. A manifestação envolveu, ainda, o enfrentamento ao governo que ataca desde a soberania, as riquezas do país e os empregos até os direitos dos negros, dos LGBTs e dos trabalhadores e as trabalhadoras. E a luta contra todo preconceito e qualquer forma de racismo, machismo ou discriminação.

"Historicamente é um protesto em favor da visibilidade dos excluídos, das minorias, moradores de rua, desempregados, trabalhadores maltratados, e agora estudantes sofrendo com cortes do governo federal, com o futuro ameaçado e ainda assistindo à Amazônia queimar", diz Lúcia Pinheiro, do movimento Pontos de Luta.

"O cenário é bem desfavorável à classe trabalhadora e à sociedade brasileira de forma geral. É um momento de retrocesso no trabalho, direitos humanos e cultura", afirmou  Jair Gomes Pereira Filho, da diretoria do Sindieletro-MG. “Este ano, o grito tem quatro eixos: reforma da Previdência, defesa das estatais e da soberania nacional, educação e mineração (por causa dos rompimentos de Mariana e Brumadinho). " As pautas são amplas e no ato veremos diversas reivindicações ", diz Jair Gomes Pereira Filho.

"Não vamos nos calar. Não queremos ditatura. queremos mais educação, mais saúde. Nós podemos muito mais se continuarmos juntos. Que independência é esta que estamos comemorando? Com cortes no orçamento da educação, com desemprego", disse Maria Stela Brandão Goulart, presidenta do Sindicato de Professores Universitários de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro branco (APUBH/UFMG).

"Estamos aqui para fortalecer a luta contra os cortes na educação. E a tantos ataques que afetam ainda mais os negros. Estamos aqui para dizer não aos cortes na educação e ao projeto Future-se, que é um ataque à educação pública gratuita e de qualidade", disse Ariene Cabral, da Educafro.

"Não há país independente que não tenha investido em educação. E que ataque a própria soberania e bata continência para os Estados Unidos, que quer explorar as nossas riquezas. E não é admissível um país com 15 milhões de desempregados. Este é o recado dos estudantes, neste quarto Tsunami da Educação. Para sair da crise é preciso investir na educação, não fazer cortes no orçamento. Se preparem que os cara pintadas estão voltando. Vamos permanecer nas ruas. Nós somos os verdadeiros construtores da história brasileira", afirmou Luana Ramalho, presidenta da União Estadual dos Estudantes (UEE).

"Em Minas Gerais enfrentamentos um 'gêmeo' do Bolsonaro, o Zema, que trata a educação como inimigo: reduz vagas na educação integral, promove a fusão de turmas, congela e parcela salários. E como projeto de recuperação fiscal propõe a privatização de empresas estatais como solução para a crise financeira do Estado. tal como Bolsonaro, não governa para o povo e sim para o poder econômico, os empresários. Não podemos admitir no governo federal um presidente que não respeita as mulheres, os LGBTs, os negros, os estudantes. Que faz uma política de morte para o povo brasileiro, que destrói as florestas, que não tem qualquer projeto para acabar com o desemprego", disse Denise Romano, coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG).